domingo, 30 de dezembro de 2018

6- Vinícius "Cavalin" Cavaline




- Você não toma jeito nem dentro do exército, seu moleque!?
O tapa por cima da cabeça veio certeiro na mente do não mais adolescente Ruan. No fim das contas, a academia só fez bem ao corpo de ursinho cada vez mais sarado, a bunda mais firme e empinada, além do bronzeado aprimorado pelo efeito dos treinos e corridas diárias na pista do batalhão ao longo do dia. Sem mais jogos de computador ou estudos dentro de casa, já que a rotina mudou completamente no último ano. O fim de tarde em que o pai chegou do serviço e flagrou um árabe fugindo pela janela do quarto do filho ficou para trás, mas não sem a consequência final de todas: a vida militar.
- Não falei que você ia se esquecer de ir no barbeiro antes de voltar pro batalhão, Ruan?
- Foi mal, coroa! - ele tentou se explicar. - Tava preocupado com a farda e o coturno, não me liguei mesmo nisso.
Ele ainda continuava não suportando os esporros e puxões de orelha dados pelo pai, principalmente depois que decidiu que tomaria juízo e seguiria de acordo com as novas rotinas militares. No entanto, quando errava, Ruan sabia que tinha que escutar a falação de sempre.
- E agora? Já não vai chegar cedo no batalhão amanhã, né? Tá parecendo um urso com esses pelos na cara.
O molecote troncudo fechou o rosto e foi para o quarto. Parece que a mente estava preparada para aquele momento há algum tempo, ainda que tenha sido pega de surpresa. Ele abriu a primeira gaveta da cômoda, tateou no meio de vários papéis bagunçados e removeu de lá um pequeno cartão, estilo de boas-vindas a algum estabelecimento. Sorriu ao ler o nome impresso e lembrou sem querer da tarde na qual fora visitado por um árabe safado.
- "BARBEARIA CAVALINE".
- Já sei quem vai me salvar. - sorriu.
Nem perdeu muito tempo, saiu de porta à fora com a promessa feita ao pai de que, ao retornar, estaria de cabelo devidamente cortado e a barba feita. O short caindo pela cintura fina, mas bem sustentado e amparado pela raba farta e bastante trabalhada no quartel. A camiseta jogada por cima do ombro direito, boné pra frente e carteira no bolso. Ruan não pegou ônibus, preferiu caminhar pelas ruas internas de Subúrbia, pois sabia que, sendo fim de tarde de domingo, a condução certamente demoraria, e assim chegaria muito mais atrasado do que já estava. Mesmo a pé, ele não demorou mais do que vinte minutos até chegar no endereço indicado, localizado num dos cantos mais internos do bairrinho. Luzes de bares acesos, um clima de jogo de futebol amistoso acontecendo, homens concentrados em televisores expostos pelas ruas, garrafas de bebidas espalhadas, e uma fachada bem discreta da barbearia Cavaline quase fechada, aberta só por uma simples porta à esquerda da grade de metal.
            Do lado de fora, Ruan observou um homem sentado numa das cadeiras de corte de cabelo, a cara mais invocada impossível, o corpo negro e literalmente jogado no assento, como se não quisesse estar ali. O que mais chamou atenção, além do rosto de poucos amigos do rapaz, foi o fato de, à primeira vista, todos os pelos de seu corpo serem descoloridos, contrastando fortemente com a pele escura. Antes de ser percebido, o militar conseguiu escutar um pouco da conversa que o indivíduo estava tendo com o barbeiro, que por sua vez estava de pé atrás dele, uma tesoura numa mão e a máquina de cortar cabelos na outra.
- Tu sabe como a rapaziada se amarra em gastar, não sabe? - o barbudo, de pé, prestando bastante atenção no manuseio da máquina na cabeça do moleque. - Eles tavam fazendo piada com tu quase ter sido pai, se ligô? Depois veio esse papo de que tu tava andando com viado aí, filhote!
O invocado então bateu com os pés no chão, franziu as sobrancelhas, e toda a agitação obrigou o barbeiro a recuar as mãos, na intenção de não feri-lo acidentalmente. O suor escorrendo pela testa deixou Ruan ciente de que não chegou em boa hora, já que a tensão amistosa entre eles era visível.
- Esses merda tão pensando o que? A porra da vida é deles, ô Cavalin? Manda eles se fuderem, esse bando de arrombado! Tudo filho da puta, fazem vários bagulho por aí e ninguém fala porra nenhuma!
Uma das mãos estava em formato de arma e apontando para cima, demonstrando o quão indignado o cafuçu estava. A pele negra contrastou com o bigodinho fino que o barbeiro estava tentando ajeitar a todo custo.
- Mas tu não pode ficar puto assim, Marlon. Tu sabe bem que a galera gasta mesmo, porra!
- Eu fico pistola com essas fofoquinha, na moral! Não perco tempo falando de ninguém nesse fim de mundo, filho da puta não tira meu nome da boca um segundo. Puta que pariu!
- Nisso tu tem razão, Subúrbia é só fofoca mesmo. Por isso que não adianta tu ficar bolado, maluco.
Ruan percebeu que Cavalin era novo, aparentando poucos anos a mais, talvez 23 no máximo. O cabelo era curto, na máquina um, mas o cara era bem barbudo, estilo sheik, numa atraente mistura entre o latino e o negro. Os antebraços tinham algumas tatuagens, todos os seus pelos eram bem escuros e ele estava usando apenas um short mole, que balançava livre conforme se movia. Foi para ali que o militar não conseguiu parar de olhar, por isso se manteve estático, vendo e ouvindo toda a conversa, até ser mirado pelo par de olhos taxativos de Marlon, refletidos pelo enorme espelho diante do balcão do salão.
- E tu, vai ficar mais quanto tempo parado aí? - sentado sem blusa na cadeira de corte, ele perguntou e fez o semblante de poucos amigos. - Tá de fofoquinha também nessa porra?
Até Cavalin virou o corpo na direção oposta, dando de cara com Ruan na entrada da barbearia. Uma vez percebido, o militar soube que não havia como voltar atrás, então andou um pouco mais à frente e começou a se explicar.
- Opa, boa noite! - foi educado. - É que eu sirvo num batalhão aqui perto e esqueci de fazer a barba pra amanhã. Passei e vi a luz acesa, tive que entrar.
Marlon entendeu que aquilo não competia a si, então voltou a se olhar no espelho e alisou o bigodinho fino e descolorido, dando um risinho safado ao admirar o resultado.
- Representô, viado! Que isso!
Levantou num só pulo da cadeira, bateu no ombro do barbeiro e saiu olhando firme para a cara de Ruan. Ao passar no balcão da entrada, pegou um copo cheio de bebida, que muito provavelmente deixou ali ao entrar. Estava descalço, indicando que: ou não morava longe, ou adorava manifestar o jeito suburbano e simples de andar igual molecote, livre e largado. Ou então a mistura dos dois.
- Te vejo no fut, Cavalin viado!
- Tamo junto, filhote!
O cafuçu saiu e deixou os outros dois sozinhos pela primeira vez. Também sem blusa, só com o short molinho, o barbeiro desligou a máquina e desfez o contato visual com Ruan, balançando a cabeça negativamente.
- Pô, eu só abri mesmo pra salvar o amigo, mano. Não costumo trabalhar domingo, sabe coé?
Ele já ia indicando que não poderia ajudar o militar, porém não contou com a insistência, muito menos com a proposta feita.
- Eu pago o dobro, se você quiser! Não tenho mais a quem pedir. Se eu chego assim no quartel amanhã..
Cavalin parou por alguns segundos, olhou novamente no rosto de Ruan e pensou.
- O dobro?
- Só preciso sair daqui careca e sem barba, só isso. - insistiu.
Mais um minuto avaliando a proposta, até que o rapaz sacudiu o pano sobre a cadeira recém usada por Marlon, virou na direção de Ruan e o apontou para que sentasse.
- Tá certo! O dobro, então. - estendeu a mão e balançou os dedos. - Pagamento adiantado, filhote.
O novinho entregou o dinheiro com um sorriso no rosto, sentou o rabão torneado e definido na cadeira giratória e, ao fazê-lo, percebeu a rápida olhadela que Cavalin deu para si, através do espelho. Ficou um pouco sem graça, mas disfarçou e se acomodou no assento, sendo coberto pela manta para impedir que os pelos colassem no corpo úmido de suado.
- Tu é milico, é? Então é o corte padrão. - ligou a máquina, ajustou a cabeça do cliente com o dedo e posicionou o corpo na intenção de pegar o melhor ângulo possível. - Vai ser rápido.
- Sou sim. É o básico mesmo, pode até passar a zero se quiser. - Ruan foi explicativo.
Ele não achou que fosse rolar muita conversa, mas acabou sendo surpreendido pelo lado social do barbeiro.
- E tu serve por aqui? - fez a cara de dúvida, enquanto abaixou para passar a máquina na parte frontal da cabeça. - Nunca te vi por esses lados.
- É que eu só sirvo aqui, não costumo frequentar essas bandas.
Enquanto o corte ia sendo feito, Ruan deixou que Cavalin guiasse sua cabeça com as mãos, usando os dedos bem fincados no crânio. Esse controle deu um pouco nervoso, principalmente ao passar pelas orelhas, mas trouxe a excelente sensação de estar em contato físico com outro homem, muito atraente, por sinal. Conforme o barbeiro levantava e abaixava o braço, o militar se deliciava com a visão das axilas expostas no meio dos músculos definidos do mulato. Essa atenção redobrada aos detalhes do rapaz fizeram com que Ruan percebesse uma pequena diferença em seu sotaque, trazendo a curiosidade de querer saber mais a respeito dele. Foi então que se lembrou que o pai de Cavalin era Samir, o árabe, então talvez ele realmente não fosse carioca, tampouco brasileiro.
- Ah, entendi, então você é novo em Subúrbia.
- Nem tanto. - ele aproveitou a deixa. - Você mora aqui tem muito tempo?
Só de short, o barbeiro passou do lado esquerdo para o direito, tendo o cuidado de não enrolar o fio da máquina pelo corpo do milico. Ao fazer isso, a rola solta dentro da peça de roupa passou raspando pelo antebraço de Ruan sobre a lateral da cadeira. O toque fez com que o rabudo reagisse ligeiramente, dando uma leve tremida com o corpo, como se não tivesse esperado a possibilidade de ser sarrado, principalmente por um cara tão gostoso e com um papo tão despretensioso, além de heteronormativo.
- Sim. Já tem uns anos que eu quase não saio de Subúrbia. Mas não nasci aqui, tá ligado?
O barbeiro aparentemente nem se incomodou com a roçada dada, apenas seguiu um pouco abaixado, cara a cara com o couro cabeludo de Ruan, passando a máquina de um lado para o outro e guiando tudo com os dedos fincados na cabeça.
- Então você não é carioca?
- Eu não sou nem brasileiro, filhote.
Certo de si, o novinho riu por dentro e se fez ainda mais curioso por fora. Na mosca!
- Sério?
- Sério! Minha mãe conheceu meu pai quando ele viajou pro México. Ele viaja muito, tem uma porrada de filho, sabe coé? - rodou para a esquerda e pelou a costeleta do rosto de Ruan. - Ela é de lá, mas ele é muçulmano. Eu nasci lá também, mas tô aqui por causa de uns paradas aí.
O tom no qual encerrou a explicação fez do milico ainda mais sedento por conhecer o homem responsável por deixá-lo sexualmente animado com a roçada não planejada. Quis fazer mais perguntas, porém não poderia simplesmente perder a noção e falar qualquer coisa que quisesse.
- Então você é mexicano?
Refazer o percurso pareceu o mais inteligente, poderiam surgir informações novas e detalhes não percebidos.
- Sou. Mexicano, filho de árabe e criado no Brasil. - riu bem entretido com o assunto. - Mistura louca, né?
Realmente inacreditável, ou talvez raro.
- E sua mãe mandou você pra cá à força?
O outro parou o que estava fazendo, pensou um pouco, e só então foi respondendo.
- Lá tem muito bagulho de máfia e cartel aliciando os moleques mais novos, sabe coé? E teve uma época que minha mãe me pegou fumando uns baseados. Aí tu já pensa na merda que deu. - imitou a mãe estressada. - ¡Vinícius, vas a Brasil ahora con tu padre!
"Maconheiro!", a mente faminta do novinho quase gritou no meio da conversa.
- Entendi. Pô, mas não dá nem pra perceber, seu português é muito bom!
O mulato riu do elogio.
- Anos de prática com meu pai, ele que manja do português.
Ao passar novamente para o lado oposto ao que estava cortando naquele momento, Cavalin deslizou a penca do cacete pacotudo pelo antebraço nervoso de Ruan, que dessa vez não reagiu. O peso do pau perturbou a mente de uma tal forma que, dentro de si, o militar sentiu a genética da geração posterior à de Samir mexendo consigo, no mesmo universo sexual responsável por levar o pai árabe para dentro de casa num dia quente.
- Mas o seu português tá bem melhor que o dele!
A boca chegou a secar, só que não parou aí: a pica pendurada passou direto, retornou em seguida, e, com o barbeiro de pé do lado do rapaz, ela permaneceu em contato constante com a pele sedosa. O peso foi sentido, o saco também repousou por cima do corpo do braço, e foi muito mais além, considerando que, com as mexidas das mãos do barbeiro cortando o cabelo do novinho, o corpo também se moveu ligeiramente para os lados, aumentando as roçadas de Cavalin com a piroca encostando em Ruan. Foi quando ele parou completamente, desligou a máquina, e os dois se olharam através do espelho do balcão diante de si. Qual seria a próxima pergunta a ser feita?
- Tu é viado, né?
O militar chegou a arregalar os olhos com a questão, mas o mesmo tempo percebeu que a ponta da cabeça da pica de Cavalin não saiu de cima do antebraço, ou seja, havia algo na pergunta sendo feita. Ainda assim, não soube se era melhor mentir ou dizer a verdade. O silêncio duradouro e a cara de espanto alongaram desnecessariamente o instante, sendo visualmente ilustrado pelo contato visual de Ruan, um homossexual exposto, e Vinícius, o barbeiro latino.
- Eu tô fodido se tu for viado! HAHAHAAHA
As risadas deixaram o novinho vermelho de sem graça, o espelho não teve como não tornar isso bem evidente no ambiente. O mulato tornou a ligar a máquina, voltou a cortar o cabelo, mas não parou de arrastar a caceta no braço do cliente.
- Fica sem graça não, filhote. Tô perguntando namoral, porque tô te sarrando sem querer e tu até agora não reclamou. Se fosse um dos moleque que vem aqui, puta merda!
A vara chegou a repousar por cima do corpo do cliente, fazendo curva por dentro do short, de tão grandona e pesada. De uma pressão imponente, mesmo flácida. Imagina em ação, ereta, envergada para cima? De tão próxima, Ruan teve a sensação de que estava sentindo até o cheiro da peça, mexendo devagar por cima da pele nervosa.
- Você vai parar de roçar se eu disser que sou?
O coração disparou. No fim das contas, mesmo com a mudança na rotina, ainda era o mesmo viado virgem que conheceu Samir num dia muito quente do subúrbio. Daqueles com um fim de tarde eterno, bem propício do começo do verão, no qual os dias tendem a ser mais longos do que as noites. Antes de responder, Cavalin olhou para frente, mirou nos olhos do moleque pelo espelho e riu safado.
- Eu parei? - os dentes em forma de presas pareceram amigáveis demais, quase como se não fossem maliciosos, ou de repente até fossem, mas não era o caso. - Tenho que acabar de cortar o teu cabelo. Tu me pagou pra isso, não pagou?
O mais novo lembrou do fator dinheiro e aí achou que já tinha entendido tudo. Capitalismo selvagem e sexual.
- Paguei. Mas não sabia que a roçada vinha inclusa no pacote. E que pacote!
Riram e foram quebrando o gelo sexual da situação.
- É sério. Mexer com dinheiro é complicado!
Mas a repreensão veio tão despretensiosa quanto as roçadas se seguiram pelo antebraço, com direito até o peso do ovo por cima de ovo, por cima de pele, por cima de osso.
- Não viaja, rapá! Aí tu já tá abusando da minha boa vontade! - riu alto e descontraiu. - Eu só tenho que acabar de cortar, só isso.
- Mas rabiscando meu braço? - o milico insistiu. - Não que eu esteja reclamando.
- Ué, tu não tá gostando, filhote?
E como.
- É que é estranho, você não acha? - Ruan não conseguiu entender. - Você no mínimo se considera hétero, né?
- Claro! Minha parada é buceta, rapá! Só que sou tranquilão, tá ligado?
A tensão entre a pele da glande, o tecido e a pele do braço estavam aumentando. O cliente teve a impressão de sentir algo crescendo, porém não soube dizer. A volumosa massa pendurada por dentro do short mole do barbeiro não parou de namorá-lo, tanto pela lateral do braço, quanto pela cena sendo vista por ele através do espelho do balcão diante de si.
- Tranquilão no sentido de "posso te tocar" ou tranquilão normal?
- HAHAHAHAHA! - o mulato se soltou. - Tu é muito corajoso vindo cortar o cabelo pra sondar qual é a minha, filhote. Tô me ligando na tua, tu é viado mesmo, safado!
- Eu tinha mesmo que cortar o cabelo, moço. - riu. - Só não esperei que o barbeiro fosse esse cara tão.. tranquilão!
Os dois riram juntos, dando continuidade ao contato entre caceta e antebraço. Raspa daqui, desliza dali, Ruan eternamente nervoso com tanta intimidade em pouco tempo.
- Tu já deu a dica de que conheceu meu pai.
- Sim.
- Então, pô. Eu sou tranquilão que nem ele.
Samir deixou chupar os pés, só não foi além porque foram interrompidos pelo dono da casa, que chegou do trabalho e obrigou o árabe a pular pela janela do quarto do militar. Ele só era militar agora, inclusive, por conta desse episódio, já que o pai chegou em tempo de ver o muçulmano escapando, concluindo que Ruan não estava estudando o quanto deveria.
- Mas..
Rola pesada, grossa, com dois ovos quiludos dentro de um saco enorme, tudo fazendo pressão contra a pele do novinho. Ele tava suando de nervoso, mais um pouco e poderia sentir até os pentelhos fartos de um machinho mais velho, tão solto e tranquilo que era até difícil de compreender.
- Eu não me importo com meu pau te roçando. Você se importa?
- É óbvio que não. Como posso reclamar disso?
- Então aproveita a sensação, porque já tô terminando do teu corte, filhote.
- Mas você é hétero, é isso que não consigo entender. E se os vizinhos fizerem fofoquinha, por exemplo?
- Eu não sou que nem meu parceiro Marlon, que liga pra fofoquinha. Tu liga pra fofoquinha?
- Não, claro que não, mas..
- Olha só, rapá. Tu é militar, deve tá acostumado com esses malucos que têm que afirmar o que são o tempo todo, por isso tá achando estranho. Minha rola te roçar não me transforma em viado e nem abala meu interesse nisso aqui, ó.. - Cavalin virou a cadeira de corte para si, fez o símbolo de pepeca usando as duas mãos e ainda meteu a língua no meio, rindo debochado. - Então não tem mistério, só entender. Assim que funciona pra mim, se ligô?
Finalizado o corte, o barbeiro inclinou a cadeira e pôs Ruan na posição para melhor mexer em sua barba. Colocou o pano por baixo do pescoço do rapaz e continuou preparando a área com uma loção cheirosa.
- É muito difícil pra mim, sabe? Imagina se eu sou uma mina gostosa, do jeito que você gosta, e apareço te dando mole assim?
O outro riu.
- Tu me achou gostoso, viado? Eu sou do jeito que tu gosta?
A vermelhidão no rosto voltou e o barbeiro riu ainda mais com a confissão. Mesmo assim, tornou a utilizar o tom explicativo ao dizer.
- Mas é aí que tá, filhote. Eu não tô te dando mole. Esse é meu comportamento, nunca fiz nada com outro cara na vida, nem tenho essa vontade. Balançar a rola e te encostar não muda nada também, tá me entendendo mais ou menos?
Ele preparou a gilete e deu a primeira passada pela lateral do rosto do militar, arrancando a maior parte dos pelos numa trilha grossa.
- Acho que sim. - o mais novo falou com cuidado. - Mas me diz, e se fosse uma mina assim, toda gostosona, toda exibida e brincalhona perto de você, como você reagiria?
- Olha, eu aproveitaria. É claro que com respeito e dentro dos limites. Não sou de ferro, e se ela brinca comigo eu posso brincar com ela, só manter a linha do respeito.
- Então, eu posso..
Tomando toda a pouca coragem que tinha, o coração acelerado no peito, Ruan levantou um pouco o braço onde a pica tava repousada e isso a fez levantar junto consigo. Cavalin riu e recuou um pouco o corpo, como se quisesse se livrar do toque do novinho, ao mesmo tempo que continuar fazendo sua barba.
- Olha lá, viado! HAHAHAHA - a reação de humor deu ainda mais segurança à brincadeira. - Tem que ser com respeito, porra!
Brincalhão e safado ao mesmo tempo, Vinícius voltou a chegar para frente e nem se importou da caceta voltar a encostar no corpo do cliente. Até que, novamente, o braço safado e mal intencionado retornou ao movimento de acariciar a pica mole do barbeiro, que dessa vez não perdeu tempo recuando o corpo.
- Rapá, já te dei o papo! Tu tá brincando com a minha tesoura e eu vou te furar, ein! - a ameaça veio acompanhada da gargalhada do cafuçu. - Caô, tô te gastando!
Riram. Ruan chegou a sentir que a vara talvez estivesse começando a corresponder com as brincadeiras, aí parou o braço e foi ficando mais tranquilo, na intenção de não cruzar uma linha além da estabelecida pelo filho de Samir. A mente, porém, ainda tinha questões a fazer.
- Juro que não vou ficar perturbando mais, é minha última dúvida.
- Manda.
- E se você começasse a namorar uma mina e ela descobrisse que você é "tranquilão" assim, ao ponto de deixar que algum amigo seu pegue na rola?
- Eu não namoro ninguém, filhote. Só saio de casa pro fut e pra esse salão.
- Mas e se namorasse, como seria isso?
- Ah, eu acho que a mina com certeza saberia que sou tranquilão. Pra namorar tem que rolar uma confiança, né não?
- Entendi. - fez que sim com a cabeça. - É, acho que você tem razão.
- Eu tenho, né, filhote? - riu de canto de boca. - Tá feito, o tapa no visual do milico. Tu sabe que essa é a primeira vez que conheço um militar viado?
Voltou a gargalhar, mas agora Ruan já estava totalmente à vontade no salão, então nem fez questão de parar de manjá-lo. Os dois frente a frente, Vinícius pôs as mãos na cintura e balançou o quadril de um lado para o outro, deixando a vara comprida e grossa deslizar por dentro do tecido. Gostoso e atraente que só, ele soube bem que aquela cena permaneceria por dias e noites na cabeça de um viado suburbano, que anda na brasa quente do asfalto da cidade. A veia espessa por cima do corpo da caceta deixou o novinho com água na boca. O barbeiro ainda olhou para baixo e, em seguida, tornou a observá-lo, sorrindo de deboche.
- Viado não pode ver uma pica mesmo, ein? HAHAHA
- Ainda mais com você oferecendo ela assim!
- Não viaja, filhote. Não tô oferecendo coisa nenhuma.
O mais novo riu e se preparou para finalmente ir embora. Estava careca e com o rostinho de criança novamente, apesar dos 18 anos de idade.
- Eu aposto que você deve comer todas as minas daqui. - Ruan arriscou dizer, ignorando completamente um detalhe crucial.
- Esqueceu da onde a gente mora, rapá? - Vinícius fez questão de lembrá-lo. - Subúrbia só me permite comprar uma cervas, encher o narguilé de maconha e passar a noite jogando. No máximo pedir uma comida árabe ou mexicana, depois fumar e dormir chapado.
Riu e balançou a cabeça, como se demonstrasse o quão a distância do México era inútil para lidar com seus vícios pessoais.
- Sério?
- É papo reto. Quase nunca saio de Subúrbia. Jogo a madrugada toda e durmo durante o dia. Venho pra cá só de tarde trabalhar, senão não bebo minha cerva e nem fumo minha erva.
A próxima pergunta só veio na intenção do cliente de alongar o contato, antes de partir, mas acabou sendo certeira no alvo.
- O que você joga?
Ele já estava saindo pela mesma porta de vidro por onde entrou escondido.
- Dota. Um RPG, talvez você não-
- DOTA? MENTIRA?!
Era o jogo que quase desvirtuara o caminho de Ruan meses atrás. O inimigo número um de seu pai na luta pela boa educação do filho. Quando as notas estavam ruins no colégio, até os poucos colegas já sabiam o porquê. Era o tal do Dota.
- Caô que tu conhece? Pensei que viado só jogasse LOL!
Começaram a rir alto, e aí o milico bateu de leve no ombro nu do barbeiro, sem parar de observar o desenho da parte superior do corpo dele. As clavículas bem desenhadas no topo do peitoral afastado, os mamilos pouco mais escuros do que a pele normal, indicando que, de acordo com a tradição, os lábios do molecote também eram mais escuros, assim como a cabeça da ferramenta faminta por sarração inocente. Brotheragem.
- Aposto que meu rank é maior que o teu! - debochou rindo. - Me adiciona, pô! Quero ver se você carrega um jogo que nem corta cabelo!
Riu e fez Cavalin também rir. Os dois trocaram as credenciais, marcaram de se adicionar e jogar naquela mesma noite. Ruan sabia que teria de estar cedo no batalhão, mas ter proximidade de Vinícius pareceu uma necessidade, principalmente após tê-lo conhecido tão intimamente. Depois que o corte de cabelo acabou, o militar sentiu que só um encontro ou outro esporadicamente não seria o suficiente para lidar com a vontade recente que descobriu em si de conhecer mais daquele jeito tranquilão e bastante livre e natural do mulato. Parcialmente latino, metade árabe, com uma significativa porcentagem de brasilidade dentro de si. Quando só o físico não bastou, era filho de Samir, um muçulmano, e ainda tinha toda a ginga e disposição característica do brasileiro. A cordialidade, o jeitinho do Brasil de pessoalizar o que é impessoal, começando pelos atributos físicos. Foi o suficiente para, somado à maneira sexual e humorística com a qual lidava com a putaria e seus derivados, não saísse mais da mente de Ruan.
            O militar mal chegou em casa e já foi se enfiando no quarto, ignorando a hora e iniciando o jogo no computador. Em questão de minutos, ele estava com a tela inicial do RPG aberta, adicionando Vinícius na lista de amigos e se preparando para compartilharem das habilidades de grupo em prol do objetivo do jogo. Como o barbeiro demorou para aceitar o convite, Ruan imaginou que ele estivesse em alguma partida, por isso ainda não havia visualizado a solicitação de amizade. Ele pensou por alguns instantes, aí pesquisou pelo apelido "Cavalin", sem o E, diferente de como estava no letreiro da BARBEARIA CAVALINE, e achou uma única partida ao vivo com um jogador com aquele mesmo nome. Certeiro no pensamento, clicou em "Assistir" e foi ver como funcionava a jogabilidade do mesmo homem que havia cortado seu cabelo. Ficou impressionado ao se deparar com o nível de maestria de Vinícius dentro do jogo, se admirando com o fato do rapaz ter uma posição maior que a sua no ranking de precisão de habilidades. Logo de cara, Ruan percebeu que Cavalin preferia jogar com os heróis de força, destacados em seu perfil de jogo, combinando com a imagem que montou dele de macho tranquilão, que deixa passar a mão e não se abala fácil. Mesmo assistindo de fora, pôde ver também a maneira como Vinícius tratava os outros quatro amigos de sua equipe, sempre fazendo piadas com o fato de ser ele o "carregador" do jogo, isto é, aquele que carregaria o time à vitória.
- "Confia no pai, piranha! Levo vocês nas costas!"
Mesmo na conta do jogo, o apelido Cavalin não saiu da cabeça de Ruan tão cedo. Após a retomada da rotina do quartel, o novinho passou a dividir o tempo com a jogatina com o barbeiro, sendo que não era sempre que eles dispunham da oportunidade de estarem juntos. Um dos motivos eram os horários de Vinícius, que preferia aparecer pela madrugada, justamente quando o milico tinha que dormir para o serviço da manhã seguinte. Além disso, o barbeiro começou a perceber que, lentamente, o computador estava começando a apresentar problemas. Até o ponto onde, por alto, reclamou com Ruan do que estava acontecendo e o mesmo se prontificou a ajudá-lo.
- Parece ser pouca memória. Eu tenho dois pentes sobrando aqui, posso te emprestar.
- Tem certeza? Como que tu vai jogar sem eles?
- Eles tão sobrando, Cavalin. Tão guardados na gaveta da minha estante nesse exato momento, eu não uso.
- Ah, então já é, Ruan. Tu leva lá no salão mais tarde pra mim? Saio da pelada com os parceiros e marco contigo de lá, pode ser?
- Deixa comigo. Sete da noite?
- Muito cedo, filhote. Lá pra oito e meia, nove horas. Fica ruim pra tu?
- Nada, que isso. Apareço lá.
- Já é, então tamo junto. Té mais tarde.
- Até. Bom jogo.
- Valeu, filhote!
Pouco antes das oito e meia, lá estava o militar de pé na frente da barbearia fechada, a mochila nas costas e os pentes de memória guardados, conforme prometido. Numa das mãos, a sacola térmica com várias latas de cerveja gelada, que inventou de comprar no meio do caminho, com a pretensão de beber com o colega de jogo enquanto instalava. Ruan esperou sozinho por volta de quinze minutos, que foi quando o ruído denunciou a chegada de Vinícius, também sozinho, vindo andando pelo canto do beco onde ficava a barbearia.
- E aí, filhote? Demorei?
Levantou o braço e se preparou para cumprimentar Ruan.
- Não, eu que cheguei cedo.
Como se não bastasse toda a gostosura física, ele ainda estava com a roupa suada do jogo de futebol, uniformizado que nem um autêntico jogador, diferente de um simples peladeiro com os amigos. Os meiões da adidas estavam quase na altura do joelho, combinando com o calção mole de cor clara, que, por conta do excesso de suor do corpo, acabou ficando um tanto quanto transparente. Tava revelando a boxer pesada, que, por sua vez, comportava a vara enorme entre as pernas do cafuçu bem dotado. O contraste entre o cabelo cortado na máquina um e o excesso de barba no rosto quadrático deixou Vinícius com cara de árabe. O comportamento, porém, explicitamente brasileiro. Marrento pra quem não conhece, gente fina pra quem sabe quem é. Abusado para alguns, simpático para outros. O andar desleixado, meio que dado de ombros, além das passadas levemente arqueadas pelas pernas, deixavam impressões a todo instante.
- Trouxe uma cervas pra matar esse calor. - Ruan levantou a mão com a bolsa e sorriu.
Cavalin retribuiu com o riso cínico de sempre, passou por ele e foi abrindo o trinco da porta do salão.
- Ih, representou! Mó sede depois dessa pelada, tu acertou na mosca. Chega aí.
O militar obedeceu e seguiu o dono da barbearia até o lado de dentro. Em seguida, Vinícius subiu por uma tímida escada lateral, em forma de caracol e feita de ferro barulhento, que gemeu alto quando os dois passaram. No segundo andar, o latino foi até o que pareceu ser seu quarto, acendeu a luz e chamou o colega. Ruan se deparou com a bagunça de várias roupas jogadas, atentando imediatamente para o forte cheiro de testosterona misturado com pica no ambiente, talvez por pertencer a um macho estilo tranquilão e bem à vontade. Cavalin riu e apontou o computador para ele.
- Vou na cozinha pegar o isqueiro e uns copos. - o barbeiro disse. - Fica à vontade e não repara minha bagunça.
- Ah, para de graça. Vou mexendo aqui, enquanto isso.
Ele sabia que não precisava de disfarçar muito os olhares pecaminosos para cima do colega, mas também não quis passar por qualquer constrangimento ao fazê-lo. O difícil, porém, foi respirar o ar pesado de macharia de dentro do quarto, além de estar cercado por várias roupas íntimas usadas por um macho atraente e todo solto sexualmente, brincalhão e tranquilão quanto à própria sexualidade, pra não falar de pirocudo e com jeitão de safado, que come e gosta de comer bem, muito bem comido. O cheiro, o ambiente, o jeito. Os detalhes inerentes à masculinidade dele em si. Não à masculinidade geral, como um conceito, mas sim às maneiras com as quais Cavalin manifestava sua própria masculinidade, concebida em todo o corpo parcialmente latino, parcialmente árabe, porém essencialmente brasileiro. O uso que o homem faz de um conceito responsável por explicá-lo, quase na maior de todas as redundâncias, que, no fim das contas, é só mais uma característica do ego. Na prática, isso se traduz da seguinte forma: quantas partes daquele quarto, por exemplo, não deviam estar repletas de resto de porra seca e já batida de dias e noites seguidos? É fato que qualquer cara bate uma punheta sozinho "de vez em quando", principalmente tendo o próprio quarto para fazê-lo. Com computador, então? Pensando nisso tudo, Ruan sentou no chão e foi desmontando o gabinete da máquina na qual Vinícius jogava. Paciente, ele aguardou atento pelo retorno do barbeiro, se lembrando a todo instante de que o mesmo ainda estava completamente vestido do futebol, em roupas tricolores, como se não bastasse o cerco de meias, cuecas esporradas e shorts suados no qual estava envolto ali. Uma redoma de testosterona não intencional, a melhor modalidade delas.
- Pô, tu acha que aumentando a memória já resolve esse caô aí?
Ao escutar a voz, o milico olhou para a porta e viu o hétero delicioso vindo em sua direção, ainda de chuteiras e o calção volumoso balançando. De tão estufada e grossa a pica, o tecido do short deslizava muito safadamente a todo momento por cima do malão visivelmente despontado do corpo. Chegava a ser constrangedor o quão bem dotado o puto era, ao ponto de Ruan ter que fechar a boca para não babar, de tanta água que minou das papilas. O melhor de tudo era que não havia como esconder. Tecido fino devia ser um pesadelo para o barbeiro, já que ficava evidente e bem visível para todo o resto do mundo que ali existia um bem dotado, molecote caralhudo e constantemente armado e com munição para construir um país.
- Tenho quase certeza que sim. Depois das últimas atualizações, o Dota passou a exigir mais memória do computador. - ele tentou explicar como forma de dar algum disfarce para o fato de não conseguir parar de manjar o colega. - Eu andei passando por isso há uns anos.
O braço esticado por trás da estante, o novinho todo torto, mas sem deixar de vislumbrar o tamanho daquela estaca bem posicionada estrategicamente no meio das deliciosas coxas do jogador de futebol. Quis lambê-lo, cheirá-lo, se enterrar bem no vão entre o par de pernas torneadas e peludas. Era a sinestesia da submissão, os sentidos de ser dominado.
- E resolveu depois que tu adicionou mais memória? - Vinícius tomou liberdade, abriu a primeira latinha de cerveja gelada e serviu em dois copos de vidro. - Porque se for isso eu vou ter que comprar mais, né?
Brindou um no outro, colocou um deles perto do amigo e já foi virando vários goles, deixando evidente que estava mesmo com muita sede após a pelada.
- Arrhh! - fez o barulho de alívio com a boca cínica. - Que delícia, só uma cervejinha num calor desses!
Colocou mais da mesma lata no copo e voltou a dar atenção ao militar.
- Por enquanto não, pode usar essas duas que eu trouxe. Vai demorar bastante até as que eu uso ficarem velhas.
- Entendi, filhote. Pô, brigadão!
- Que isso, mano.
Vinícius então sentou sobre a cama de solteiro, escorada no canto da parede, e subiu o corpo para ficar encostado, com os pés para fora do colchão, ainda de chuteiras. Por estar abaixado no chão, Ruan ficou logo à frente de onde o barbeiro estava, só que observando tudo do solo, ou seja, de baixo para cima, estando consequentemente há poucos palmos de ficar exatamente cara a cara com os pés bem formados do rapaz. Foi nesse instante que, desatento de como os fetiches podem funcionar com os gays sedentos, Cavalin começou a desfazer os nós das chuteiras.
- Deve tá cara uma placa de memória hoje, ein?
Mais alguns goles necessitados da cerveja gelada, seguidos do antebraço deslizando pela testa suada, numa inútil tentativa de se desfazer do calor surreal percorrendo o corpo. Clima de subúrbio é foda. Na visão do novinho, as axilas suadas e bem marcadas na blusa do uniforme de futebol, além das coxas e pernas peludas sendo preenchidas pelos meiões, a boxer por dentro e o calção por fora. Um volume sem igual acumulado no meio disso tudo. O rosto do barbudo sofrido pela quentura do bairrinho.
- Depende muito da loja e do modelo de placa também.
Vinícius removeu as chuteiras e ficou só com os meiões até os joelhos, deixando Ruan com a ampla visão do par de pernas bem abertas, massudas e peludas na medida, além de bronzeadas. A silhueta dos pés espessos ficou quase na cara do novinho, sendo que o delicioso cheiro da cafuçaria só fez aflorar ainda mais pelo ambiente, todo acumulado nas bases do rapaz tão delicioso. Com certeza era filho de Samir, outro maluco todo gostoso. A visão foi tão poderosa que Cavalin quase parou de beber para tentar entender o rosto fixo do milico.
- Ih, qual foi? Travou?
Mas o outro não conseguiu responder. Na verdade, talvez ele nem mesmo soubesse como responder, ou o que exatamente dizer. Não por falta de intimidade, a questão era o fetiche da podolatria. Corria o risco de Vinícius não entender que existe gosto para tudo, e aí teria que vê-lo rindo de si. Só que, para o deleite de Ruan, o barbeiro inocentemente cometeu um dos maiores pecados. Sem pensar, tirou uma das meias e, todo ingênuo, levou ao próprio nariz. Arfou fundo, chegou a fechar os olhos ao fazê-lo, e aí voltou a si, tendo os pulmões enchidos do cheiro de si mesmo. O ego sexual inflamou com os próprios feromônios, a própria presunção de habitar o corpo que habitava, além de ser o que se era. Homem sendo homem, ego sendo ego. Como se não bastasse a mistura de orgulho com extrema luxúria, ainda se deu o pudor de esquecer, mesmo que por poucos segundos, que estava acompanhado, permitindo que outro homem testemunhasse seu momento pessoal de amor próprio, auto-estima elevada e segurança da própria sexualidade. Auto. A cena deixou Ruan estarrecido, ele parou tudo que tava fazendo e ficou boquiaberto.
- Tá viajando, filhote? - perguntou antes de servir mais cerveja para si. Já era o terceiro copo. - Vai me dizer que tu se amarra em pé de macho, viado?
Vinícius nem deu tempo dele vestir o colete, acertando com gosto no ponto fraco do novinho. O militar sentiu vontade de revelar o que havia feito com o pai dele, inclusive, mas optou por permanecer quieto e só se limitar ao momento.
- Mas é óbvio que sim! Eu tenho a maior tara em pé masculino, Cavalin!
- Ah, tá me gastando que tu acha essa porra bonita?
Ele esticou a perna na frente do rosto do amigo e posicionou a base do corpo bem diante do nariz dele, exibindo com vontade toda a extensão da sola do pé simétrico, brutamente bem desenhado e de base grossa, sem meia. Os dedos chegaram a se afastar, e aí o cheiro de testosterona socada nas entranhas da carne do macho tranquilão vieram à tona. Ao mesmo tempo, o barbeiro cafuçu tornou a cheirar a meia que retirou minutos atrás, tudo isso sem desviar o olhar de um Ruan ainda sentado no chão, sedento. O semblante mais faminto do que nunca estava estampado no rosto curioso e entregue à admiração de toda a cena se desenrolando lenta e deleitosamente diante de si.
- Tira esse pé da minha cara, Vinícius!
- Ih, quando chama pelo nome é que a coisa é séria! - debochou e voltou a colocar o membro no rosto do amigo, rindo cínico. - Tá doido pra cair de boca na sola do meu pé, né, viado?!
Riu.
- Viado é foda mesmo! HAHAHAHAH
Deu mais goles seguidos na cerveja e encheu pela quarta vez o próprio copo, enquanto Ruan ainda nem havia terminado o primeiro.
- Tu prefere pé ou..
Amassou a mala com gosto, aumentando o semblante de riso cínico e muito malandreado, cheio de intenções. Os dedos chegaram a cavar fundo no pacote, na intenção de alcançarem a alça do saco e puxá-lo com os ovos carregados para cima, fazendo ainda mais volume de tanto caralho e bola acumulados.
- Pica? HAHAHAHA
A pergunta deixou Ruan completamente seco. Aproveitando-se do fogo do momento, o novinho chegou o corpo só um pouco para frente e permitiu que a face tocasse as solas dos pés do peladeiro.
- Sinceramente, eu ainda não sei te responder.
No impulso do contato, o mavambo tirou o pé que ainda estava de meia, deixando que a pele melada de suor do outro pé encostasse completamente no rosto do amigo.
- A lá, num falei? Tu tá ficando muito abusado, viado!
- Agora você sabe que eu não resisto a um pé, Cavalin. - falou enquanto mexeu a cabeça para cima e para baixo, na intenção de sentir a sola da base de sustentação do corpo do mulato. - Nenhuma mina nunca pediu pra chupar seus dedos?
O barbeiro os mexeu como se eles soubessem que estavam falando deles. Estava olhando Ruan de cima, então a mala volumosa estava tanto no campo de visão entre eles, quanto os próprios pés saindo por cima do colchão.
- Nenhuma. Só um viado já me pediu, mas eu não deixei.
- Tá falando sério?
O outro riu debochado.
- Sim. Não vejo graça em pé e acho os meus feios.
- Ah, para de graça, Cavalin! De que adianta você achar feio, se os viados acham bonito?
Parou e subiu a mão devagar, para tocar no pé desnudo do cafuçu. Fez esse movimento bem lentamente, que foi para deixar a oportunidade dele perceber o que faria e evitar, caso quisesse. Mas não foi o que aconteceu. Ruan tocou a pele espessa da sola quente e melada de suor, em seguida dobrou o pé e passou os dedos nos encontros entre os dedos de Vinícius, sentindo o cheiro da masculinidade exalando de todos os poros, de toda a sustentação. Ali estava acumulada toda a experiência de um corpo feito, guiando todos os passos dados por onde o rapaz passou, desde o México até o Brasil.
- Porra, me fala o que é que tem de bonito num pé desse?
As veias passando por cima estavam bombeando oxigênio para sempre mantê-los energizados, com disposição suficiente para levar o mulato onde quisesse ir, principalmente na hora da pelada com os colegas de bairro. Correr de um lado para o outro, pisar firme no solo, chutar bolas e driblar os amigos acabou deixando as plataformas físicas bem desenvolvidas, preparadas para o impacto, prontas para a pressão. O desenho robusto e rabiscadamente simétrico da silhueta dos membros deixaram a boca do militar cheia d'água, casando certinho com o excesso do odor de testosterona exalando. Para completar, a visão de Vinícius transpirando, suando, tentando se secar, mostrando as marcas de umidade das axilas, além das coxas úmidas, torneadas e peludas saindo de dentro de um volumoso calção. Não há um viado de ferro que resista.
- Não tem nenhuma mina que você tenha olhado pro pé sem querer e achado bonito?
O barbeiro pensou por alguns instantes antes de responder.
- Eu nunca me liguei nisso. Não vejo graça nesse fetiche. - ele foi curto e grosso. - Não sou podólatra, não.
Bebeu mais cerveja, abriu outra latinha e se serviu. Reclamou pelo fato do amigo não estar bebendo muito e cobrou dele que bebesse, sendo prontamente atendido. Em seguida, Vinícius removeu a outra meia e repetiu o movimento de sentir o cheiro nas próprias narinas, inalando com o maior fervor e vontade de se sentir. Manifestação sexual de ego masculino. Excesso de testosterona causa essas coisas.
- Por que você tá sentindo o cheiro das suas meias, então? - o outro cobrou.
Não viu sentido entre as duas atitudes, então quis uma explicação convincente.
- Ah, sei lá, viado! - riu pra si. - É um cheiro gostosinho, tu não acha?
- É claro que eu acho, mas é porque sou podólatra e gosto de pé de homem. Tá entendendo a diferença?
- Não, não quis dizer isso. Perguntei se tu não tem o hábito de cheirar tuas roupas depois de tirar do corpo. Não fica um cheiro bom de sentir? O teu próprio cheiro.
Pensados alguns segundos, o militar respondeu com toda a certeza.
- Eu nunca fiz isso com as minhas roupas. Já fiz com as dos outros, mas é porque acho os caras gostosos, então cheiro a roupa deles. É fetiche de sinestesia mesmo. Na minha opinião, você cheira suas roupas porque gosta do seu cheiro.
O barbeiro pareceu não entender logo de cara.
- Você gosta do cheiro do seu pé na meia, por isso cheira o suor depois que joga bola. Eu também gosto desse cheiro, mas na sua meia, não na minha. Entendeu?
- Saquei. Ou seja, isso é bagulho de viado! HAHAHAHAHA
Ruan riu e agora foi ele quem debochou.
- Então você tá se chamando de viado?
- Eu cheirar minha meia é uma coisa, filhote. - piscou o olho. - Tu cheirar é outra.
O militar passou a mão pelos dedos do amigo, tornou a esfregar o rosto na sola quente e borrachuda dos pés espessos, rígidos e grosseiros, e inalou forte o odor de macho filho primogênito de um andarilho, com toda a genética passada pelo arquétipo de cafuçus de primeira linha.
- Que desperdício! Um pezão gostoso desses.
- Tu se amarrou, né? Viado! hahahaa
Esperou um pouco e brincou.
- Pode dar um beijinho nele se quiser, pra se despedir.
Ruan não tratou como brincadeira, aproveitou a oportunidade e lançou um beijaço bem no meio da sola da ferramenta, deixando que os lábios entrassem no máximo de contato possível com a pele espessa e rígida do mulato.
- Caralho, eu tava só gastando, viado! HAHAHAHAHHA
Rindo, o cafuçu sentiu um pouco de cócega e começou a mexer as pernas, exigindo o uso das mãos por parte do milico, que tentou mantê-lo sossegado. O mulato parou os movimentos e deixou que o colega tivesse o momento apropriado. Foi aí que, usando a boca, o novinho encostou outra vez com os lábios na sola do pé do latino, abrindo de leve para que ele pudesse sentir o começo do hálito quente entrando em contato com a parte sensível da pele.
            De nervoso, os dedos foram se mexendo e aí Ruan foi subindo só com a ponta da língua, no sentido vertical da base, do meio para cima, chegando nos espaços entre os dedos. O gosto salgado de macharia inebriou a boca, o rosto começou a suar e a melação dos fluídos do corpo de outro cara foram dominando completamente o quarto, pra não falar dos cheiros e sabores fortes, na mais masculina e erótica sinestesia entre ambos.
- Ssss, caralho, seu putinho!
O novinho teve que olhar pra cima para acreditar no que havia acabado de escutar. Não creu que fosse um gemido do amigo, porque se fosse, então significava que estava sentindo prazer. Sem parar de chupar o dedão e de linguar nos espaços lisos e suados entre os dedos, Ruan viu Vinícius, o brasileiro filho de árabe com mexicana, quase fechando os olhos e ao mesmo tempo os revirando. Os braços um pouco de lado, afastados do corpo, revelando que estava bem à vontade, deixando as axilas torneadas respirarem. O fôlego foi se transformando e, em questão de segundos, o cafuçu começou a ofegar.
- Tu curte mesmo um macho dos pés à cabeça, ein? - riu debochado. - Viadão da porra! hahhaha
Mas Ruan nem se deu ao trabalho de respondê-lo, ocupado demais com a primeira grande oportunidade de sentir o macho que tanto o atraía em tão pouco tempo. Os olhos, em conjunto com o paladar e o olfato, proporcionaram sentido à cena. No caso, a visão de um volume acima do normal, bem entre o vão das coxas peludas de Vinícius, molecote peladeiro. O tato fez uma das mãos do militar ir subindo pelo pé, atravessando o tornozelo pontudo do amigo jogador e alcançando lentamente os pelos do começo da canela grossa. Um cheiro mais jovial do que o de Samir inebriou as narinas e tonteou a mente do mais novo.
- Mas acho melhor a gente.. - Cavalin começou a dizer.
Os dedos então subiram pela coxa e pararam pouco antes de amassarem o volume descomunal de rola que estava se formando. Até a meteorologia masculina já anunciava a massa de pica de macho que poderia desabar a qualquer instante, caso houvesse precipitação.
- Olha o abuso, viado! - mudou um pouco o tom, mas manteve o riso de puto cínico, levantando uma das sobrancelhas. - Tu tá brincando com fogo, ein!
A falsa seriedade pareceu até ameaça. Ruan usou os dedos como se tivesse dando passos pela perna do colega, mesmo com a advertência feita. Sentiu o começo da alteração do volume chegando e não conseguiu parar de olhá-lo, tampouco de continuar o percurso, embora em velocidade reduzida.
- Tu tá surdo, ô viadão?
A mão mais grossa do barbeiro parou por cima da do novinho, impedindo que continuasse. Assustado, o milico percebeu que havia passado dos limites, e aí esperou pelo maior dos esporros que viria a seguir. Só que Vinícius se manteve daquele jeito, com a mão grossa por cima da do amigo, as duas posicionadas no encontro da coxa com o ventre, próximas à parte interna da virilha. O mulato riu sozinho, bebeu mais cerveja e, em seguida, chegou o corpo para frente. Nesse movimento, as duas mãos subiram juntas e pararam exatamente por cima da caceta inesperadamente robusta e avantajada.
- Tu tá doido pra descobrir porque meu apelido é Cavalin, né viado? - o tom debochado aflorou novamente, porém sempre muito bem acompanhado do lado da brincadeira excessiva. - Vô deixar tu pegar nessa dica aqui, pra ver se abaixa esse fogo no cu.
Abriu a própria mão e isso deu espaço para que o mais novo pudesse mexer livremente, mesmo que por cima do calção mole de futebol. Tendo literalmente a oportunidade ideal nas mãos, Ruan fechou os dedos ao redor da grossura da ferramenta. Bom, na verdade ele ficou com a sensação de que tentou, porque percebeu que não conseguiu.
- Gostô? Aproveita, putinho.
E virou mais um golão da cerveja, levantando o braço sempre que bebia, dando a visão nítida e explícita das axilas naturalmente desenhadas. O milico estava esticado, sem deixar de chupar os dedos do pé do amigo peladeiro, ao mesmo tempo que tentava medir quantos palmos de pica ele portava entre as pernas, por cima da roupa. Os dedos não fecharam ao redor, então ele largou um poucos das bases de sustentação do corpaço do barbeiro e usou a outra mão para começar a massageá-lo. Lentamente, deu início a um processo de ensaiar uma punheta em estilo mão amiga para Vinícius, tentando executar esse plano sem ser percebido. Inevitavelmente, o malote tremeu em sua mão e aí ele sentiu a potência latente de uma verga começando a se contrair, dar pulsões, surtos e solavancos pelo simples contato com outra mão. Há quanto tempo será que Vinícius Cavalin não comia alguém?
- Aí tu já tá abusando, viado!
Deu-lhe um tapinha de leve e tirou o cacetão do poder de Ruan, que ficou com aquela cara de sem vergonha, sem ter onde se esconder pelo excesso de abuso pra cima do mulato. Passou dos limites.
- Já curtiu, já aproveitou. Bater uma pra mim já é demais!
- Tudo bem, tudo bem.. - o militar admitiu em tom de derrota.
Aí ficou de pé na frente do cafuçu e levantou os braços.
- Eu me rendo. É melhor eu consertar logo isso aqui, se não a gente não joga Dota mais tarde.
- Ainda tem isso.
Virou de costas e, fingindo que não estava com todo o gosto dos pés do peladeiro na boca, voltou a dar atenção ao computador. Abaixou do lado da escrivaninha e tornou a meter as mãos por dentro do gabinete, para continuar o processo de antes. Vinícius aproveitou da situação e removeu a própria blusa, que largou toda suada por cima da cama de solteiro. Em seguida, pegou o próprio copo, uma toalha e caminhou até o banheiro.
- Vô só jogar uma água no corpo, filhote. Não demoro.
- Certo. Já terminei, vou só ligar aqui e..
O barbeiro fechou a porta do banheiro estilo suíte e, em questão de segundos, o milico pôde ouvir o barulho do chuveiro sendo ligado lá dentro. Aproveitou e finalizou o processo de equipagem das placas de memória, fechando o gabinete do computador e apertando o botão de ligar. Num relance de curiosidade, ele olhou para a blusa molhada sobre a cama e, sem tocá-la, chegou o nariz perto para se inebriar ainda mais com o odor forte de macho que correu de um lado para o outro atrás de bola no futebol, isso tudo acompanhado de mais amigos. Subúrbia, né?
- "Que maluco mais gostoso!" - a mente bombardeou. - "E o pior é que ele sabe!"
A tela da máquina iluminou o quarto, enquanto Ruan se empenhou em sentir o quão delicioso era o gosto do líquido proveniente de dentro do corpo de Vinícius "Cavalin" Cavaline. Minutos atrás, havia descoberto a razão dele transformar o último sobrenome em um apelido justo e digno, que cabia bem em si. Por falar em caber, assim que o sistema operacional da máquina foi iniciado, o militar já abriu o jogo para checar se o problema estava resolvido.
- "ERRO: TEMPO DE RESPOSTA ATINGIDO!" - foi a resposta dada pelo sistema, que deixou o militar puto.
- Pelo menos não tá desligando! - reclamou alto. - Vamos ver..
Abriu o navegador e, inocente, começou a digitar o nome do erro que havia encontrado.
- "T - e - m.."
E aí parou de escrever, porque, por conta das configurações do navegador, a barra de pesquisas começou a exibir sugestões de alternativas já digitadas e pesquisadas ali, na intenção de completar a sentença iniciada por ele. A palavra caber veio subentendida bem no meio dessas sugestões. O novinho olhou para a tela e ficou seco.
- "T  e  m.. cirurgia de redução de pica?"
A secura bateu na garganta e se misturou com o gosto do pé de Vinícius. A sensação de arrependimento dominou o corpo, mas ele precisava de ir adiante. Além das sugestões de escrita, o navegador começou a mostrar diversos links já acessados com aquelas mesmas buscas sugeridas, tudo a partir do histórico não apagado do computador. Sedento e curioso, Ruan clicou em um deles, muito embora fossem todos parecidos, e esperou até que o site abrisse por completo, o coração batendo acelerado e a mente focada no momento em que o barulho do chuveiro cessasse no banheiro da suíte.
- "Já tô com 23 anos, mas minha pica ainda não parou de crescer. Tenho 22cm, sou normal?"
Esse era um dos títulos atribuídos ao endereço acessado pelo novinho. Lendo devagar, ele percebeu que se tratava de um site de perguntas e respostas, sendo que aquele perfil que estava vendo pertencia a um usuário sem imagem de rosto, mas com o apelido de "Cavalin". Nada difícil.
- "O que fazer se a mina reclamar que é muito grande? E que é muito grosso?" - Ruan não conseguiu parar de rolar o mouse acelerado, querendo ler todas as perguntas feitas pelo barbeiro. - "É verdade que cu é mesmo mais apertado que buceta?"
A excitação dominou seu corpo só por testemunhar o lado mais do que explícito e safado do amigo. Ali estava toda a prova do quão sexual e erótico o cafuçu poderia ser. Não tinha apenas um jeito naturalmente livre e extrovertido, como também falava abertamente de suas propriedades físicas e sexuais na internet, até mesmo em fóruns.
- "Pergunta só pra quem se considera viciado em sexo: o que é mais gostoso, ganhar uma mamada responsa ou comer uma pepeca apertada?"
Não dava pra definir um auge, um cúmulo ou limite para o quanto Ruan ficou impactado com toda aquela descoberta. Ele até sabia que o amigo era bem dotado, até porque foi incapaz de agarrar seu pau por inteiro, mesmo que por breves segundos, só que aquilo ali era o estopim do quão bem dotado e também consciente de seu porte Vinícius era.
- "Sou dotado e nenhuma mina nunca quis liberar o cu, o que eu faço? :(" - foi esse link que chamou a atenção do milico. - "Tô carente! Vivo num lugar cercado de homens todos os dias da semana."
Ele clicou com vontade no título da pergunta e abriu numa nova aba para ler algumas das 42 respostas dadas pelos usuários do fórum. Além de roludo, Cavalin era famoso online, tudo por conta da genética bem desenvolvida, no que diz respeito à dotação. Logo de cara, um rapaz havia respondido maliciosamente.
- "Tenta um viado, com certeza vai fazer isso com um sorriso de orgulho no rosto! hahahahaha"
O barbeiro inclusive havia respondido ao comentário feito.
- "Coé, tu é muito bobo! Tô falando sério, sô doidin pra experimentar um cuzin! kkkkkk"
Outro cara o respondeu.
- "Só marcar que eu vou aí e te dou com vontade, seu pirocudo safado! Faço essa vara sumir na minha bunda!"
- "kkkkkk que isso, se empolga não, filhote! Brinca muito!"
Observando todos os registros, Ruan foi se sentindo mal por bisbilhotar, mas ao mesmo tempo estava saciado, ensandecido e, mais do que nunca, curiosíssimo para ver a massa de rola do amigo, algo que ainda não havia feito. Imaginou a quantidade de tempo que Vinícius passava em Subúrbia, cercado apenas por homens, e imaginou que por isso ele devia estar quase subindo pelas paredes, com o leite do saco já virando queijo, de tão passado. De repente explicaria o comportamento libertino e sem pudores do barbeiro, e foi por esse fogo que ele acabou deixando o militar se fazer, minutos atrás. Ainda rolando pelo site de perguntas, Ruan foi lendo o restante dos comentários chovendo na horta de Cavalin.
- "Bota logo essa tora pra jogo, moleque jumento! Posta foto dela que geral quer ver!" - disse uma moça.
- "Chama no privado que eu mostro mermo, tem caô nenhum! kkkkkk"
- "Não seja mal, vai! Mostra pra mim também! Sou casado, não costumo pegar macho, mas não é todo dia que se conhece um novinho dotado!" - um dos primeiros caras que o respondeu insistiu.
- "Pra que tu quer ver minha rola, seu puto? Tu é casado, porra! Vou contar pra tua esposa! kkkkkkk"
- "Ué, tu não sabia que ser bem dotado faz com que até homem casado queira agarrar e mamar nessa tua vara, seu moleque?" - o abusado não parou por aí. - "Faz que nem o amigo de cima falou e deixa logo um viado sentar nesse mastro, que tu não vai se arrepender! Garanto!"
Mas Vinícius só rindo nas respostas, sempre muito aberto às possibilidades do diálogo e dos acordos.
- "E esse viado por acaso seria você? kkkkk"
- "Seria o meu sonho??"
Alguns comentários abaixo, o barbeiro finalmente arregou.
- "kkkkk bobo! Chama no privado que vou te mostrar como tu não daria conta, viado abusado da porra!"
Outras pessoas, por fim, perguntaram.
- "É por isso que teu apelido é Cavalin? Porque deve ser um cavalinho!"
- "Quase isso. Meu sobrenome é Cavaline mesmo, troquei porque sou pirocudo, puxei meu pai! kkkkkkk caralho aqui é de família!"
Todo mundo riu com o mulato. Ruan, diante do computador, lembrou-se do dia em que chupou os pés de Samir e, por muito pouco, quase acabou caindo de boca no pai de Vinícius. Dois pirocudos em igualdade, será mesmo? O militar só soube que agora teria que descobrir. O último comentário que leu daquele site, quando percebeu que o amigo estava saindo do banho, foi a resposta final que Cavalin deu aos usuários do fórum.
- "Papo reto, aqui é papo de pica pra encher a mão, a bunda e a boca! Bagulho de metro, tem dias que até eu mesmo me assusto com o bicho, que não para de crescer! kkkkkkkk"
Ciente dos riscos, ainda que muito excitado e com o cuzinho latejando de vontade de ser invadido pelo imaginado e suculento bicho, o novinho fechou todos os sites e se preocupou em abrir o youtube. Focado, digitou o erro que encontrou ao abrir o jogo e, com o deslizar dos minutos entre essa pesquisa e a saída de Vinícius do banheiro da suíte, acabou se contentando com a ideia de que teria de se controlar ao máximo com a descoberta recém batida de que estava convivendo com um pirocudo digno de página online, com perguntas e respostas. Brasileiro cafuçu e latino, com o jogo de cintura proveniente da mistura entre uma mexicana e um árabe, que por sua vez era tão gostoso quanto o próprio primogênito. Surreal como o Rio de Janeiro e o subúrbio continuam perigosos!
- E aí, viado! - o dito cujo saiu do banheiro só de cueca boxer. - Deu certinho?
A toalha jogada por cima de um dos ombros esféricos, pontudos por conta das clavículas ressaltadas e desenhadas para o lado de fora da silhueta de macho jovem. A barba molhada e cheia chegou a pingar. Parado e secando o rosto com a ponta da toalha, Vinícius observou o amigo atencioso com o computador e nem desconfiou o porquê de estar tão desatento a si e mais ligado à máquina. Ruan disfarçou todas as coisas que havia descoberto há poucos minutos, pausou o vídeo que estava assistindo e começou a mexer nas configurações externas do jogo.
- Deu certo, só que apareceu um outro erro depois que instalei as memórias, então tô tentando ajeitar.
- Eita, porra! Quanto trabalho, ein!? - só de cueca, ele caminhou até à estante e pegou uma lata de cerveja na bolsa térmica. - Se dependesse de mim, essa porra ia ficar muito tempo aí parada. Não entendo nada desses bagulho!
O novinho, de fato, teve mesmo que conter a visão e o resto dos sentidos praticamente evidenciando a todo momento o volume pesado na boxer do amigo. De tão maludo, a anaconda chegava a quase fazer curva por dentro da cueca, como se não faltasse comprimento de pica para tal, muito embora faltasse espaço. A cabeça toda marcada, bem desenhada, e exposta, além da pele do couro grosso e provavelmente muito cheiroso segurando o tronco da tora. De tão bem dotado, a uretra também estava visível contra a roupa íntima, dando até a impressão de que Cavalin estava excitado. Mas não, ele só era pirocudo e dos grandes.
- Não é tão complicado assim. - ele tava terminando de alterar as configurações. - Eu resolvo tudo assistindo tutorial do youtube mesmo, mano.
- Ah, mas tu é um viado safo, pô! - riu. - Tu é esperto, sabe se virar nessas porra. Eu sô preguiçoso, não tenho muito saco.
Sentou à beira da cama outra vez, de frente pro militar, e voltou a beber, enquanto o viu abrir o jogo para certificar se algo de errado aconteceria com o computador. As coxas grossas ficaram torneadas por conta da contração dos músculos naquela posição. Os pés, plantados no chão, se abriram com as solas em total desleixo, cansadas pela corrida da pelada jogada horas atrás. Os pelos do corpo estavam úmidos pelo banho e, sentado, a dobradura da caralha só se tornou ainda mais nítida, comportada e encorpada dentro da cueca sugestiva e deliciosamente recheada, deixando a boca de Ruan cheia d'água, quase minando uma fonte.
- Acho que agora foi.
O novinho percebeu que mais nada de errado perturbou o jogo enquanto estava ali, tudo aparentemente funcionando como antes, até melhor. O barbeiro sorriu para o milico, sentou-se à escrivaninha, de frente para a máquina, e foi mexendo nos gráficos mais pesados, na intenção de garantir que poderia jogar por horas, sem ser interrompido por erros. Botou para assistir uma partida e se animou, talvez pela saudade de jogar.
- Porra, tu salvou muito, filhote! Não fosse tu, eu não ia carregar mais ninguém no dotinha!
Deu um abraço todo sorridente no militar e, no meio da confusão de braço e copo seminu, todo torto, ele quase afundou o amigo na própria axila. Riu e, em seguida, voltou a dar atenção ao jogo sendo assistido.
- Relaxa, mano. O importante é a gente jogar.
- Hoje tem, ein! Já sabe que vamo até de manhã nessa porra!
Eles se olharam de rabo de olho e riram juntos, cientes de que jogariam pela madrugada a dentro, os dois fazendo parte da equipe de cinco jogadores. Vinícius normalmente escolhia os heróis responsáveis por ficar forte o mais rápido possível, na intenção de carregar o time para a vitória, sem muitos atrasos e dificuldades. Ruan, por sua vez, dava preferência aos heróis que atuavam dando suporte, provendo energia, cura e otimizando o processo de fortificação da equipe como um todo. O militar estava, na medida do possível, sempre seguindo o barbeiro, iluminando a área ao redor e o ajudando de todas as formas possíveis, quase como um cuidador pessoal. No fundo, ele bem sabia que a vitória era sempre construída entre todos os integrantes, mas isso jamais evitou o fato de preferir estar majoritariamente perto do amigo.
            A cena crucial que o subúrbio fez desenrolar bem diante dos olhos de Ruan, o milico novinho que também já havia chupado os pés do pai de Vinícius Cavaline, aconteceu poucas semanas após o encontro para instalar as memórias no computador. Eles seguiram jogando ao longo dos dias, mas não chegaram e se encontrar pessoalmente desde então. Com o crescimento do contato através do jogo e também da intimidade nas brincadeiras e no tempo compartilhado, o militar não resistiu em convidar o amigo cafuçu para uma festa fora de Subúrbia, pela primeira vez na vida dos dois. Tratava-se de um evento no Centro do Rio de Janeiro, então poderiam ir de metrô e esperar ficar de manhã para retornar, talvez até pedir um Uber ou algo assim. Apesar de quase nunca sair do bairrinho, Vinícius topou a ideia e imaginou que seria legal ver e encontrar mulheres de vez em quando. Era uma sexta-feira chuvosa quando os dois amigos partiram, por volta das 22h, debaixo do céu mais fechado que os acessos viários de Subúrbia. Chegaram em uma hora contada na casa de show lotada e, em menos de trinta minutos, Ruan já estava emburrado, bebendo quase sozinho num canto. O amigo conhecera uma loira enquanto estavam na pista de música eletrônica e por isso agora estava na parede oposta ao militar, se pegando e atualizando as maneiras de mexer com a própria língua dentro da boca de outra mulher. Copo numa mão, corpo imprensado na parede, a mente tonteada e a ereção nítida entre as coxas, presa na calça pouco apertada, brincando de roçar contra a perna da rapariga safada. A barba do mulato no pescoço dela, que por sua vez não deixou barato e mostrou do que era feita, usando as mãos para mostrar que gostava do que estava acontecendo. O milico, enquanto isso, se pôs a pensar sozinho.
- "Eu sou um burro mesmo." - a mente autocrítica não perdoou por um minuto sequer. - "Que ideia merda a minha!"
O celular no bolso, ele cheio de vontade de voltar para casa, só que seria vacilo. Sabia bem que, apesar da intimidade e das brincadeiras, Vinícius se considerava heterossexual e que, portanto, não tinha qualquer obrigação física ou sentimental para consigo, bem por isso estava do outro lado da parede, mandando ver com a moça loira, matando as saudades do que era estar fora de Subúrbia, ser homem e ter tesão acumulado nas bolas. Só que, mesmo assim, Ruan estava sentindo um pouco da dor do ciúme, da posse que não era sua, mas que sua mente achava que era. Não conseguiu parar de beber e de olhar para a pista de dança cheia, fazendo de tudo para nunca olhar para trás e ver o amigo fazendo com outra pessoa tudo aquilo que mais desejava fazer com ele.
- "Mas que bosta!"
Foi quando um homem alto, branco, barbudo e com tatuagens pelo pescoço, veio pelo espaço atrás do militar e, quase querendo muito, roçou no lombo do rapaz para poder passar na área apertada. O ovo marcado na calça jeans pesou numa das nádegas do novinho, muito embora ambos estivessem vestidos. Desatento e nervoso, ele teve que olhar para trás para entender o que havia acontecido com a própria bunda sendo sarrada pro lado, quase que levada pelo ventre forte, volumoso e impiedoso de um macho aleatório.
- Foi mal, parceiro! - o homem passou o braço pela cintura dele, segurando-o com a mão veiuda e chegando na parte de trás do ouvido para continuar dizendo. - Sem querer!
Ruan deu de cara com um sorriso perfeito e um tanto quanto malicioso. Talvez nem tanto quanto os outros homens de Subúrbia, mas o suficiente para ajudar a desfazer a atenção refugiada no ambiente ao redor.
- Que isso!? - fez com a boca. - Disponha!
A mão grossa do cara veio deslizando da cintura do novinho para a lateral do corpo, isso à medida em que foi passando por trás dele e continuou andando para onde estava indo. Não pararam de se olhar desde então, o homem passou e aí Ruan continuou atento enquanto ele foi. Não parou muito longe de onde estava e juntou-se a um grupo de outros caras e moças. Menos de um minuto depois disso, o mesmo homem barbudo que o sarrou olhou para trás. Os olhos se encontraram novamente e aí os sorrisos disseram momentaneamente o que estavam querendo um do outro. O mais velho disfarçou, olhou para o lado, esperou um pouco e outra vez mirou o militar. Num movimento rápido de cabeça, indicou a saída lateral e piscou. Ruan entendeu e aguardou, até que saiu na direção indicada, pouco depois do próprio homem tê-lo feito. Do lado de fora, mais frio e vazio do que dentro da festa, viu o cara de pé, com as mãos nos bolsos da calça e o convidando a dar um passeio.
- E aí?
- Qual foi? - o rapaz falou sério. - Tá procurando o que?
Foram andando à parte posterior do terreno, acompanhando um muro cercado por plantas e flores molhadas do sereno e do tempo nublado.
- Não perdi nada. E você?
Desinibido, o macho colocou os braços por trás da cabeça, riu safado e depois mascou a mão por cima da rola na calça, como se quisesse apenas coçar o saco, porém sugerindo possibilidades a mais do que isso.
- Pô, eu também não perdi, não..
Amassou com vontade os dedos na enorme pata de rola bem acumulada na mala. Teve gosto em fazer aquilo, faltou só lamber os beiços e as presas em seguida.
- Mas sabe quando tu tá afinzão de uma mamada bem feita?
Certeiro na mosca. O novinho só riu e fez que sim com a cabeça. A mão grossa do macho passou por seu antebraço e o puxou ainda mais para a  parte posterior do lugar onde estava acontecendo a festa. Ele os guiou até uma espécie de quintal cheio de plantas, entrou pelo meio de algumas delas, onde poderiam se camuflar, e achou o espaço ideal para a putaria rolar. Sem hesitar, abaixou Ruan pelos ombros e deixou que o próprio assumisse a partir dali. Ciente de que aquela era a oportunidade ideal para liberar seus desejos, principalmente após os últimos contatos com Vinícius, o militar apertou a bola marcada na calça e olhou para cima, observando a cara de piranho do cara. Abaixou o zíper, contemplou o volume bem marcado na cueca boxer e sentiu o cheiro dos pentelhos do macho bem de perto.
- Cai de boca, vai?
Quando Ruan se preparou para obedecer, o celular começou a vibrar forte no bolso da calça, tomando sua atenção e o impedindo de ir adiante, ainda que momentaneamente.
- Que foi?
- Meu celular.
O cara cruzou os braços e riu.
- É o teu namorado?
O militar tirou o aparelho do bolso e viu o contato de Vinícius chamando. Não quis atender, até porque estava ajoelhado diante do colo quase nu de outro homem, prestes a dar início ao serviço oral pelo qual estava necessitado de fazer. Pela grande hesitação, a chamada acabou terminando antes mesmo de ser atendida, e aí o aparelho voltou a tremer, agora pelo recebimento sucessivo de mensagens por whatsapp.
- Preciso atender.
- Tudo bem, tudo bem.. - o cara foi fechando o zíper e se preparando para sair. - A gente se esbarra por aí!
Ruan bufou e respirou fundo, ciente de que a oportunidade tinha acabado de correr por água a baixo. Destravou a tela do celular bem irritado e foi ver o que estava acontecendo.
- "Cadê tu, filhote? Vamo ralar!"
Era Cavalin.
- "Mas já?" - respondeu.
- "Já! Essa mina aqui tá com mó dois papo. Bora, tô daqui da frente!"
O novinho se lembrou das perguntas feitas pelo amigo no site, pensou na dificuldade dele de arranjar pessoas corajosas e que topassem entrar naquela tora de quase dois palmos, e aí imaginou que a mina deve ter sentido o tamanho e se arrependido de ter se envolvido. Algo próximo disso, no máximo.
- "Indo."
Em menos de três minutos, eles tornaram a se encontrar outra vez, agora na parte da frente da festa, o barbeiro visivelmente alterado e com mais uma garrafa de bebida na mão, bem torto.
- Bora, viado! Chega de festa pra mim.
- Tá ruim?
- Porra, tô destruído!
Foram andando devagar para um lado, guiados pelo cafuçu, mas aí Ruan se lembrou de que o metrô ainda não estava aberto. Atento, avisou daquele detalhe e foram andando na direção do ponto de ônibus, no extremo oposto de onde estavam indo anteriormente. Vinícius então jogou o braço pelo ombro do colega e foi apoiando o corpo com a ajuda dele, que ficou sem reação e o abraçou pelas costas. Foram caminhando nesse jeito torto e quase cambaleante.
            O militar não quis falar muita coisa, estava puto por ter sido interrompido justo no momento em que mataria algumas boas vontades sexuais. Vinícius, por outro lado, pareceu também irritado com alguma coisa, que o novinho julgou ser culpa da moça com quem ele estava aos beijos dentro da festa. Um não quis falar muito com o outro de volta no transporte público, mas o sono acabou fazendo com que Cavalin apoiasse a cabeça dormente no ombro do colega. O bico de irritação até sumiu do rosto do milico, muito embora ele tenha se mantido de cara amarrada. Quando imaginou que o amigo bêbado fosse começar a roncar de sono, Ruan acabou sendo surpreendido pela mão apertando sua coxa.
- Aquela mina tava muito louca, moleque. - o tom alcoólico mais do que nítido. - Queria me levar pra cidade dela, porra! Mó viagem!
Ruan pensou um pouco e não soube o que responder.
- Por que você não foi?
- Tu tá maluco, viado? Comeu merda? Eu ir pra outra cidade?
Dessa vez a pausa veio acompanhada de risos por parte do barbeiro.
- Chamei ela pra cair prum motel, só deu desculpa, filhote. Não tava mais aguentando ficar lá.
Quando estavam próximos do ponto final, perto do salão de Vinícius, o milico levantou e puxou o sinal do ônibus, ajudando o amigo a se levantar para sair. Os dois foram andando, um se apoiando no outro, bêbados pela calçada, menos estressados e talvez mais leves do que antes. Até que chegaram na entrada do beco para a barbearia, Cavalin abriu a fechadura e fez o sinal de quem ia se despedir e ao mesmo tempo agradecer pela ajuda. Parou o corpo, fitou Ruan e não conseguiu mais parar de fazê-lo, rindo sozinho.
- Quer ficar daqui? - a pergunta quase que não saiu da boca. - Filhote?
O militar nem respondeu, deu dois passos para frente e, sorrindo, passou para o lado de dentro do salão. Em menos de dez minutos, ambos já estavam deitados, cada um num lugar diferente, mas um do lado do outro. Vinícius na própria cama e Ruan num colchão no chão, do lado. Ainda estavam rindo à toa por conta do efeito do álcool percorrendo a corrente sanguínea, sendo que o barbeiro surpreendeu e foi o primeiro a pegar no sono, começando a roncar em questão de minutos. Sozinho e iluminado pelo brilho da lua entrando na janela, o militar sentiu o calor por estar deitado do lado do macho seminu que tanto admirava, sobrevivendo no mesmo chão do subúrbio em que aquele puto pisava. Devagar, não resistiu em levantar do colchão e observar o físico descoberto de Cavalin, dando atenção redobrada aos contornos dos calcanhares másculos, seguindo pelos tornozelos pontudos de jogador peladeiro, passando pelas pernas grossas e peludas e culminando bem no centro da virilha, no púbis, onde ocorria a reunião de todos os pelos de um corpo delicioso de se ver. Ruan estava indócil, queria a todo custo tocar e sentir o quão experiente era o amigo, mas teve a certeza de que aquela seria uma péssima ideia, principalmente se ele acordasse.
- "Não posso cruzar essa linha!" - a mente taxativa cobrou alto. - "É errado!"
Só que, ao longo do tempo, a observação foi muito tentada pelas várias vezes em que o volume entre as pernas de Vinícius cresceu além da conta, pressionando muito o tecido de dentro para fora. Escutava o ronco pesado e via o físico dormido, inerte, a não ser pela respiração e pelos vários solavancos dados no tronco de pica abaixo dos fartos pentelhos escuros. O comprimento enorme de rola subindo e descendo a todo momento, com direito a um pedacinho da cabeça tingida de fora, um verdadeiro tronco de árvore querendo sair, pulsando e tremendo sob o tecido, pedindo para ser libertado de uma maneira tão suculenta que seria um insulto não meter a mão com tudo e deixá-lo respirar logo, corpulento e solto que só, em seu ápice de beleza.
- "Eu preciso sair daqui, senão vou fazer uma loucura!" - Ruan teve a certeza e assim o fez.
Caminhou a esmo até o banheiro da suíte e, em silêncio, decidiu se trancar lá dentro por alguns minutos, na intenção de pelo menos sossegar o facho, lavar o rosto e aquietar os ânimos, até que pudesse retornar em paz. Só que, para seu desprazer, deu de cara com o uniforme usado e suado que Cavalin usava para jogar bola. A roupa estava tão usada que até a posição da boxer por dentro do calção ainda era igual, indicando que foram apenas removidas e colocadas ali, do mesmo jeito que estavam no corpo, uma roupa por dentro da outra. Só de pegar, o cheiro de suor e pica subiram no ar.
- "Caralho, que delícia! Sssss!"
As peças estavam pesadas, principalmente o short. Ruan pegou a cueca e sentiu com os dedos o quão afofada estava a região onde imaginou que ficava o saco lotado de Vinícius. Sem perder muito tempo, passou a língua de um lado para o outro e foi sorvendo deleitosamente o saboroso gosto de macho feito, testosterona pura e crua, extraída em sua essência cotidiana. Néctar salgado de macho, por assim dizer, principalmente pela mistura do suor azedo, o extrato do esforço físico a que um homem se submete quando joga futebol. Os sentidos estavam totalmente tomados pela existência física de Cavalin, exceto pela visão. Foi quando o militar, ainda escutando o ronco do barbeiro, destrancou a porta do banheiro e foi andando devagar para o colchão onde estava minutos atrás, levando consigo somente a cueca e as meias usadas por ele na pelada. Voltou a cheirar as roupas e a lambê-las, agora admirando a descomunal beleza do parceiro, trabalhando a mente para entender qual tipo de sonho erótico ele possivelmente estava tendo, considerando o volume de pica ereta e quase saindo pela estampa da cueca que testemunhou.
- "Ssssss!"
Começou a se masturbar, tentando massagear os mamilos e cheirar as roupas ao mesmo tempo. Sentou no colchão e ainda tentou brincar nas próprias bolas, vira e mexe apertando o períneo para forçar a próstata dentro de si. O coração acelerou junto com o ronco do cafuçu, a respiração ficou ofegante e, dominado pela visão da ereção de Vinícius, Ruan encheu a própria mão de porra quente, que teve que limpar na cueca branca que estava usando. Cansado e tendo passado o orgasmo, deitou por alguns minutos no colchão e voltou a pensar, sentindo pelo corpo os efeitos do que havia acabado de fazer. Ele se controlou ao máximo para não tocar no físico dormente e desacordado do parceiro, porém terminou a noite pegando no sono, com as roupas do mesmo jogadas por cima de si.
            Já era manhã quando o primeiro raio de sol veio certeiro no rosto do militar, obrigando o olho ardente a se abrir. Na mente, como primeiro pensamento diário, um xingamento aflorou pesado em direção ao sol intruso, junto com o calor crescendo, mas Ruan não disse nada. Esticou os braços, as pernas, e aí despreguiçou o corpo por inteiro, tomando consciência de que não era tão tarde. Ainda estava cansado, tanto por ter bebido quanto por não ter dormido muito na noite passada. Os olhos ainda estavam pesados, essa era a maior das provas da exaustão. A cabeça foi voltando a si bem devagar e, num estalo, ele sentiu a mão encostando num volume diferente abaixo de si. Mexeu na parte incômoda e puxou um tecido estranho, que olhou no alto e identificou como a meia de alguém. Na outra mão, achou uma cueca usada, suada, boxer que não era sua.
- Eita!
Lembrou-se então do que havia feito e percebeu que pegou no sono antes de ajeitar a cena do crime. Aí levantou o corpo lentamente, na intenção de ficar sentado no colchão, só que deu de cara com um Vinícius Cavaline olhando atentamente para si. Os olhos negros de quem acordou há pouco tempo sequer piscaram. A sobrancelha tão franzida que Ruan chegou a sentir um arrepio percorrer as costas.
- Alguém andou se divertindo às minhas custas?
- Vinícius, eu posso explicar. - o tom de súplica veio forte na voz recém-acordada. - Eu juro que posso explicar!
- Claro que tu vai me explicar, viado!
O barbeiro então meteu a mão por dentro da própria boxer e foi aí que Ruan viu o volume ereto e muito babado, com a cabeça despontando volumosa contra o tecido e essa região muito molhada de pré-porra. Pau babão, o nome. O militar ficou com água na boca só de olhar, isso para não falar dos dois bolões desenhados por baixo do peso de tanta caralha bem envergada pra cima. A uretra pareceu até um vergalhão grosso. Se dissessem que possuía função de sustentação, faria até sentido no caso daquela pica tamanho gigante.
- Se tu acha que eu vou fazer alguma coisa contigo, Ruan, pode ficar sabendo que não.
A mão então saiu de dentro da roupa e se posicionou por cima da tora, fora da cueca.
- Só que eu to no meu quarto, então tu tá fodido na minha mão. - riu cínico e, num só movimento, colocou a caceta preta inteira para fora, pela saída da perna. - Posso bater um punhetão aqui, se quiser. E tu só vai ficar olhando!
O novinho tomou noção daquela frase e não soube o que fazer primeiro, responder ou admirar. Diante dos próprios olhos, viu um mastro de muitos palmos para cima e para o lado, se equilibrando com dificuldade há poucos centímetros de si. Um plano inteiro de grossura, outro de comprimento, além do ângulo para justificar o quão deliciosamente torta e ligeiramente inclinada era aquela vara de pescar, tamanho família. Logo abaixo da uretra espessa, o sacão com dois ovos em dimensões injustas com outros caras. Se Subúrbia tivesse muitas mulheres, as chances de Vinícius já ser pai seriam grandes, principalmente quando pensadas mais de uma vez. Como se não bastasse ser um cavalo, tinha consciência disso.
- Isso não vale, porra! - a cara de puto foi tão real quanto a língua passando pelos beiços. - Você tá judiando de mim, Vinícius "Cavalin" Cavaline!
- Ah, tô? - ironizou, segurando no talo da verdura e balançando de um lado para o outro. - E o que tu fez comigo enquanto eu tava dormindo, seu viado?
Ruan cruzou os braços e franziu a testa em sinceridade.
- Nada, cara! Eu não fiz absolutamente nada. Confesso pra você que vontade não faltou, mas você é sempre gente boa comigo, então não tenho porque vacilar assim contigo.
Falou tanto que pensou até ter sido clichê demais. O amigo não parou de brincar com a própria caceta, ensaiando o começo de uma lenta punheta que se estendia com a vinda do couro grosso até o talo, e depois subia até à ponta da cabeça bojuda e grossa da tora, levemente manchada numa cor mais escura, fazendo mais pré-porra sair no movimento. Os balanços consecutivos ainda derrubaram pouco da baba de cima, que desceu escorrendo e colando pelos dedos ao redor da pica veiuda.
- Tu tem certeza, Ruan?
- Absoluta, Vinícius! Eu jamais te desrespeitaria. Admito que não resisti em pegar sua cueca e cheirar, mas nunca te tocaria com você dormindo, ou sei lá o que!
Os dois esperaram um pouco e aí o barbeiro finalmente pareceu convencido.
- Tá, eu acredito. - riu. - Só não tava ligado que tu curtia cheiro de pica tanto assim, filhote!
- O que!? Já te falei isso, mano! É a mesma coisa que perguntar se você gosta de cheiro de boceta, ora bolas! Eu AMO cheirão de pica! Seria capaz até de chupar essa sua mão agora mesmo!
O tom sugestivo tomou conta do ar. Eles se olharam como se fosse haver um tipo de duelo.
- Ah, é?
Levantou uma das sobrancelhas e esfregou insistentemente a cabeça da rola contra a palma da mão, como se quisesse deixar o máximo do cheiro do próprio caralho nela. Em seguida, esticou até o amigo e fechou os dedos, fazendo o odor exalar pesado dali.
- Não quero que lamba. - foi claro. - Mas pode cheirar, se quiser.
Sem perder tempo, Ruan colocou a mão de Vinícius perto do nariz e aspirou confiante o forte cheiro de piroca melada, que se espalhou pelos pulmões e tomou conta de si. Quase explodiu de tanto tesão, o cuzinho piscando nervoso.
- Ssssss!
- Caralho, se amarra, né?
O amigo barbeiro retornou a mão dentro do short, por cima da vara envergada e com a cabeça impavidamente fora do prepúcio. Esfregou a palma na superfície da glande exibida, babada e espessa.
- Então tu curte pica mermo, ein filhote?
- Em algum momento você duvidou?
O ar de deboche fez o cafuçu rir. A boca do milico se encheu de água com a jogatina exacerbada da parte do macho, o obrigando a abri-la para quase chegar ao ponto de babar. Aguado, sedento que nem um bicho e mexendo a cabeça para que os dedos grossos tocassem sua pele e o inebriassem do odor de macharia pesada, direto da fonte.
- Pensei que tu fosse daqueles quietinho, mas quietinho porra nenhuma! Viado gosta é de pau mermo, ein! Parece uma cadela, dá até vontade de cuspir nessa língua!
Ruan quis pedi-lo para fazê-lo, mas Cavalin continuou falando.
- Tá ligado que já namorei com uma mina que era submissa? Lá no México. - o semblante de safado aflorou forte. - Sou fanfarrão na cama, se ligô? Me amarro em foder até deitar quem tá metendo comigo. Deixar cansadão mermo, tá ligado? Ela se amarrava nessas porra!
Tocou o ombro do amigo, ao mesmo tempo em que deu continuidade à punheta ensaiada entre os dedos grossos e sedentos pela satisfação.
- De tu não aguentar sair da cama depois! Aquela mina se amarrava no meu cheiro, na minha porra. Engolia que era uma beleza, nem precisava eu pedir.
O tom autoritário, dominador e machista encheu o militar de tesão, de tão entregue que ele se sentiu ao compartilhar do lado íntimo e sexual do barbeiro. A visão da verga sendo lentamente masturbada mexeu consigo, constantemente nutrida pela mão grossa do cafuçu ao redor do próprio instrumento, insistindo em subir e descer o couro grosso da peça, se dando prazer e ao mesmo tempo alimentando toda a fome de um viado faminto e sedento por testosterona. Ruan fez cara de puto, apesar da animação, principalmente por não poder se soltar a cair logo de boca na caceta tão grande e diante dos olhos. Que injusto!!
- Tá de bom tamanho, não tá não? - o barbeiro disse em um nítido semblante de ironia cômica. - Acho que já deu pra tu aproveitar bastante, filhote. E olha que não tá merecendo, ein!
A dimensão do caralho alimentaria nações, talvez até terminaria a fome no mundo instantaneamente. Uma maça, massa, peso, um quilo e meio de pá, peito e pica. Até o escroto tinha a aparência de rigidez, de tão massuda e encorpada era a ferramenta de prazer e ao mesmo tempo abate. Uma arma de fogo com grosso calibre, carregada e pronta para o disparo de tiro de leitada.
- Isso é tortura, Vinícius! - a cara de puto transpareceu. - O que eu fiz pra merecer isso?
- Nada demais, mermão. Só acordei galudão no meu quarto e tô afim de mandar mãozada nessa pica, só isso. - deu de ombros e puxou o caralho ainda mais pela perna do short, bem safado de natureza. - Se eu curtisse comer viado, juro que tu era o primeiro da lista, Ruan.
O comportamento sincero e desinibido mexeu mesmo com o militar, ao ponto dele não se contentar com o auge da veracidade do barbeiro ao dizer aquilo.
- Como você tem a coragem de me contar isso, sabendo que eu sou doido pra cair de boca nessa vara, Vinícius?
Punhetando o mastro, o puto fechou as pernas e jogou uma por cima da outra, na intenção de prender o próprio saco entre elas e ter uma outra mão livre para alisar o entorno do púbis. Segurando o escroto enorme com as próprias coxas, ficou mais disponível para continuar se masturbando com bastante má intenção, chegando a parar vez ou outra para deixar um gemido quente e baixinho escapar pela boca.
- Sssss! - os dedos todos melados de pré-porra. - Tu prefere que eu não conte, é?
A pergunta foi tão sincera que o novinho até demorou um pouco mais para responder, hipnotizado no delicioso vai e vem da caceta babona sendo despretensiosamente masturbada.
- Pode contar. - fez que sim, gesticulando sem deixar de manjar a caralha preta e grossa por um segundo sequer. - Mas pra mim é difícil de escutar, não vou negar.
Pensando por alguns segundos, o cafuçu tentou cobriu a cabeça com o couro da rola e sacudiu o prepúcio em ritmo de brincadeira, sendo incapaz de fechá-la por completo após toda descascada. Vívida e pulsante, a chapoca do instrumento chegou a refletir a luz do quarto, de tão lisa e reluzente, aparentando ter vida própria e se mexendo quase que sozinha, em intensos disparos e solavancos.
- Porra, meu pau é tão grande que às vezes é foda até de socar uma punheta, Ruan. - preparou o terreno antes de prosseguir. - Dá uma cuspida aí, pra ver se tu me ajuda nessa missão!
O novinho não fez por menos. Juntou toda a vontade de pagar um suculento boquete para Vinícius no cuspe da boca, adicionou a mesma baba que, caso o chupasse, espalharia e lubrificaria toda a comprida e grossa caceta de palmo, bojuda e veiuda por inteira, e cuspiu certeiro bem na cabeça, distante apenas alguns centímetros. Conseguiu sentir até o cheiro de macharia exalando da peça de Cavalin. O líquido pegou na vara trincada, cheia de veias para mantê-la pulsante e latejando, e foi escorrendo pelos dedos grossos e experientes do barbeiro, que chegou a fazer a cara de tesão quando sentiu a baba quente trazendo a deliciosa e erótica sensação do deslizar, do escorregar da pele.
            Escorregadio, o filho de Samir finalmente foi deixando o corpo mais solto e se revelando do tipo que bate punheta segurando o saco estufado, porque gosta de sentir as bolas tão bem mexidas quanto a boa mãozada sendo investida. O leite tem que sair bem batido, no fim de tudo. Amassar os ovos nas mãos, pressioná-los e sentir o quão bombados estavam dentro de si, preparados para não somente produzir grande quantidade de leite, como também eliminá-la. Ele ensaiou punhetadas de mão toda, agarrando todo o palmo de pica e descascando com gosto o enorme comprimento da verga, de cima a baixo, com classe e vontade.
- Sssssss! Orhhh
Ruan lambeu os beiços e se conteve para não avançar no colega tão charmoso e atraente de mamar. Sabe aquela atração por alguns homens que, alguma coisa no cara deixa uma vontade absurda de mamar, passar a cabeça da piroca na bochecha por dentro, como se tivesse escovando a gengiva com a pica dele, engolir a porra e engasgar com vontade, até fazer aquele barulho de sucção que faz qualquer um virar os olhos e se perder no tesão? Não é necessariamente dar ou não o cu para esse macho, mas é o pau meio gordo, talvez o jeito abusado e safado do marmanjo, ou então a quantidade de leite que ele já pode produzir, e que é o que o faz se ver como um verdadeiro adulto, pisando pelas brasas do chão do subúrbio, andando com jeitão de macho e se sentindo crescido em si mesmo, acima da média. Muito acima da média, por sinal. Só porque já leita, pode isso?
- Esse é o teu preço, viado! - começou a investir seriamente na punheta, fazendo até o barulho do estalo da mão contra o púbis. - Me ver jogando leite fora! SSSSS
No auge de sua exploração física, nem a lambida dada por Vinícius na própria mão foi em toda a palma. Experiente no quesito prazer, o molecote lambeu só a parte de cima do palmo, exatamente por onde a ponta da cabeça grossa deslizava quando ele descascava a banana, na intenção de dar a sensação de tesão que, no meio da roçação, fez até sua perna mexer involuntariamente. Pareceu um cachorrão no cio, só que se saciando, matando a própria vontade de descarregar o galão de leite que somente o filho de uma mexicana com um árabe criado no Brasil poderia guardar no saco.
- Ssssssss, caralho!
As mãos deslizaram até os mamilos escuros e os olhos tornaram a encarar um Ruan completamente desarmado e viciado. Vinícius era apenas um homenzarrão da porra, na flor da idade, galalauzão brincando de botar leite pra fora por esporte, só pelo prazer. As bolas exercendo a pressão fisiológica proveniente do tesão, só porque ele não conseguiu parar de pensar em putaria um só instante. Mas também, qual é a culpa que um cavalão pode ter de sê-lo? Naturalmente pirocudo, será mesmo que teria de se submeter à uma cirurgia de redução de pica? Novinho e bem dotado, o sonho de muitos! E ele só queria comer um cuzinho vez ou outra, nada de mais nisso.
- Todo dia de manhã eu bato um punhetão. - estava ofegante, as coxas esticadas na cama e os pés abertos, com os dedos afastados e se contorcendo. - Porque só acordo assim, todo babado e cheio de tesão.
Recostou-se devagar no colchão, para poder inclinar o corpo e se ver mais, admirando o próprio físico no meio da masturbação.
- Morar em Subúrbia é foda, viado! - completou.
O novinho nem esperou para responder, ainda seduzido e completamente hipnotizado pela potência da pica melada com seu próprio cuspe, bem diante dos olhos, lentamente arregaçada e esbugalhada pelo couro grosso do prepúcio do barbeiro.
- Se quiser, eu posso ajudar nisso.
Cínico, o cafuçu riu e mostrou os dentes, abrindo ainda mais as coxas e deixando os ovos pesados caírem sobre o lençol. Os pentelhos negros, apesar de fartos pela grande quantidade, estavam devidamente aparados numa determinada altura, combinando com o fato de Vinícius trabalhar como barbeiro.
- Para de caô, viado. Sssss! Já te falei que meu negócio é pepeca bem apertadinha, seu putinho.
Mas o militar não se deixou abater tão facilmente.
- Poxa, mas e cuzinho? - levantou uma das sobrancelhas ao continuar. - Já comeu?
Foi só falar, que a bengala ficou ainda mais grossa entre os dedos de Cavalin, como se a palavra "cu" ou "cuzinho" fosse mágica e carregasse o poder de controlar sua excitação. Ou então a tora sabia que estava sendo citada, saída pela boca de um viado faminto por sugá-la, senti-la, ordenhá-la. A uretra marcada na parte de baixo pareceu uma imensa tubulação atravessando o mastro do talo à ponta, entregando o quão viciado em cu o macho poderia ser.
- Claro que já, pô! - o jeito cômico fez parecer que mentiu. - Lá no México, com a mina que te contei.
- E depois nunca mais?
Existiu um ar de deboche na pergunta, como se fosse um desafio de safadeza.
- Nunca mais. Já é difícil conhecer mina que queira sentar nisso aqui.
Nesse momento, parou de bater e pôs as duas mãos dos lados do caralho em riste, como se quisesse apresentá-lo, exibi-lo, mostrá-lo. Lustrado de cuspe de Ruan e da pré-porra do próprio Vinícius, o membro deu uma estocada no ar, como se estivesse dentro de um rabo, e fez mais uma enxurrada de baba minar da ponta, parecendo um rio sendo descoberto no topo de uma montanha grossa e rústica. Bonita de olhar, chupar e sentar, tremendo como se pudesse entrar em erupção a qualquer momento. Um vulcão chamado Cavalin.
- Morando em Subúrbia então.. - reclamou.
- Já falei que posso te salvar, Vinícius! - o militar riu novamente. - Só que vai ser com surra de cuceta, já ouviu falar?
O barbeiro riu alto e seguiu se masturbando, mexendo devagar os dedos dos pés conforme o fazia, como se estivesse em enorme sincronia física e sexual consigo mesmo. Reflexos do instinto erótico e da grande carga de excitação promovida pela ausência de mulheres naquele subúrbio. Hétero ou não, o macho sempre viu a vida sexual mexida pelo fato de morar em Subúrbia, cercado de homens. Tanto na hora de ter mais liberdade para andar sem cueca pela rua ou nu entre os colegas, e talvez por isso ele fosse tão brincalhão e tranquilão como era, quanto pelo fato de ser galudão e acordar todos os dias de pau duraço, não dispondo de uma mina com quem pudesse trepar até cansar, de tanto suar, flexionar e morder.
- Respeito muito um cuzinho, filhote!
Usou os dedos para vir espremendo a caceta do talo à ponta da cabeça, obrigando o excesso de baba a sair e escorrer pelo lado de fora. Os filetes grossos e transparentes desceram e foram caindo por cima dos dedos experientes do barbeiro, num verdadeiro fluxo de masculinidade e testosterona exalando da pele bruta.
- Mas nessa parada de cuceta eu não sou chegado, não. Com todo respeito.
            Riu e começou a brincar com a pré-porra do pau babão presa nos dedos. Várias pontes e filetes colados, melecando tudo de tesão e fazendo uma deliciosa mistura com o cuspe morno de Ruan. O pré-nectar que resulta do tesão acumulado no saco, somado à grande vontade de foder, gozar e esvaziar o tanque, sentir a leveza. Vinícius transformou a punheta num movimento vertical, com a mão aberta sobre a cabeça da tora, os dedos tocando o prepúcio e descendo só até onde o comprimento permitia, ou seja, menos da metade. Quando isso acontecia, a palma da mão dobrada acabava aconchegando todo o entorno da pele sensível da cabeça, bem de cima, que por sua vez estava escorregadia e cheia das teias e pontes de pré-porra lubrificando. O escorrego era delicioso, ao ponto do barbeiro mexer instintivamente a coxa ao fazê-lo, de tão nervoso.
- Ssssss, orhhh!
Denunciando o nível de entrega, os dedos dos pés outra vez se contorceram. As coxas e panturrilhas torneando hora ou outra, além dos olhos virando e se fechando, a cabeça mirando para cima e o quadril começando a querer participar da brincadeira, completamente incapaz de ter o caralho punhetado sem ao menos se mexer e simular uma meteção. Consequência do excesso de tempo em Subúrbia? Muito tempo sem trepar com uma mina? Ou era apenas o jeito devasso e faminto sexual do filho de Samir?
- Porra, muito tesão! Ssssss!
O par de grossas sobrancelhas franziu no maior semblante de coitadismo erótico que um macho pôde transmitir a Ruan. É aquela cara de quando o puto está prestes a gozar, esporrar muito leite, e aí perde a noção da linguagem corporal e faz com o corpo tudo que sente que tem que fazer naquele momento de êxtase. A contorção dos dedos, o arrepio da pele, o rosto sincero e demonstrando tudo, principalmente com a boca aberta e os gemidos saindo do meio do peito ofegante, os olhos como se fizessem uma expressão de dor, pena, sofreguidão, quando na verdade era só prazer. A mão de volta no saco, fazendo ovo mexido para o café da manhã, mas só na intenção de sentir o leite quente que sairia lá de dentro. O controle de qualidade da nata do cafuçu deveria acompanhar todo o processo de produção em massa de gala nos bagos grandalhões de inchados. Peludas, as bolas chegavam a rebater dentro da bolsa escrotal tão suculenta, enrugada, grande e com a pele boa de passar na língua.
- Caralho, sssss! Vô gozar! Hmmmmm!
O quadril rebolativo não conseguiu mais parar. Numa certa altura, Ruan não soube mais dizer se o amigo estava masturbando o próprio caralho ou se estava comendo, trepando, transando, fodendo com a própria mão. Quando a vara atravessava pelos dedos babados, a ponta da cabeça aparecia toda melecada, roxa e inchada, liberando cada vez mais baba. Para subir a cintura e empurrar no aperto da mão, Cavalin chegou a suspender o corpo do colchão, tomando impulso e contraindo as coxas e panturrilhas para fazê-lo. O suor então começou a escorrer por entre os poros e glândulas do corpo, os pés deslizando insistentemente pela cama e tentando buscar sustentação suficiente para o físico acelerado, afobado e querendo se saciar de tesão.
- Ssssss, quer ver meu leite, quer? - os olhos famintos buscaram imediatamente a cara de incrédulo do amigo militar. - Quer ver o quanto de leite um jumento desse esporra, viado?
- Eu quero! Vai me dar na boca, seu safado?
O outro riu e insistiu com as mãozadas, juntando o barulho de choque físico com o da lubrificação friccionando e escorregando na mão, melecando por entre os dedos.
- Tu ainda não tomou teu café não, piranho? Ssssss! - em comunhão com os outros ruídos, eis que surgiu então o barulho da cama rangendo, tudo isso exclusivamente porque Vinícius, de tão puto, pareceu não saber a diferença entre se masturbar e transar consigo mesmo. - Tá com fome, tá? Pra tá pedindo leite quente assim de graça, logo cedo! Fffff!
Prestes a explodir por dentro, o filho de Samir começou a se soltar e explodir por fora, liberando e compartilhando com Ruan parte daquilo que só as minas com quem já havia transado conheciam: o íntimo. Se pau é delicioso, mais delicioso ainda é o jeito com que ele pode ser usado pelo dono.
- Eu tô seco por esse leite desde não sei quando, Cavalin!
A safadeza, as reações sinceras, o ego exposto e pesado, doido para ser descarregado. O comportamento é o auge do erotismo, talvez não o órgão sexual em si. Quando o cara tá em cima de outro e ejacula, por exemplo, ele finalmente sossega, deixa o corpo cair e respira ofegante pra poder se recuperar. Esses segundos são preciosos.
- E por que tu não veio me pedir antes? SSSSSS! Aqui tá sempre sobrando leite, porra!
A resposta foi sussurrada.
- É que você só se amarra em pepeca, né?
- E daí? Não vou te comer, mas se tu tá querendo tomar leite e eu tenho de sobra, qual é o problema? Oorhh, ssss!
Sentindo o fogo se espalhar pelo corpo, Ruan não se conteve e começou a esfregar as mãos como quem se preparava para um banquete. Vinícius observou tudo isso enquanto seguiu para o fim da punheta, usando olhos diabólicos para ver o amigo sedento em si, em seu esperma guardado dentro dos galões de leite.
- Fica de joelho nessa porra, viado!
- O que?
- Anda, porra! SSSSS Tu num queria gozada? Vô te dá, abre a boca!
Obediente, o novinho se pôs ajoelhado e o cafuçu deixou de ficar recostado na cama, sentando com as pernas para fora. Na maior intimidade, o militar ficou entre as coxas peludas, abaixou a cabeça na altura da cintura dele e olhou para cima.
- Bota essa língua pra fora que eu vô te mostra que sô tanto barbeiro quanto leiteiro, seu viado!
Ruan o fez e ainda com o sorriso de satisfação na face. Cavalin não aguentou a cena de outro macho querendo seu fluído capaz de gerar filhos sendo jatado diretamente na boca, no rosto, no corpo. Ele sabia que, se deixasse, o amigo viado faria muito mais consigo, então teve que se precaver para não acabar indo além. Só que, justamente por saber de tudo isso, ele também concluiu que poderia cruzar uma linha ou outra, já que não seria qualquer atitude que desconfiguraria sua sexualidade hétero. Como separar "dar leite" de "dar leite pro viado"? Como saber se portar e ao mesmo tempo não deixar muito de si mesmo acabar se misturando à situação? Talvez a resposta fosse..
- Caralho, tu é um viadinho obediente mermo, né?
- Sempre fui. - riu.
A mão enorme e com cheiro de pica veio certeira na lateral do rosto do milico. Os dedos, apressados, passaram pela narina e entraram pela boca, deixando o sabor salgado de macho suado e pré-esporrado na língua do amigo. A mesma mão que ficou por horas brincando na caralha preta, manchada e grossa, agora atravessando a língua.
- É só eu mandar que tu faz, é? SSSSSS!
- É. - até rebolou o quadril, mesmo ajoelhado. - Manda!
Outro tapinha de leve, só pela atitude de bater na cara, mesmo muito fraco. Cavalin sentiu na mão o fogo da possibilidade. A descoberta que fez o homem desenvolver a si mesmo e também o mundo ao redor. Na ponta de seus dedos, não era meramente a língua e a face de um colega, era toda a submissão sexual que o parceiro estava prestando a si. Se ele quisesse, poderia. E poder, principalmente nas mãos, queima.
- SSSS!
Poucos centímetros do rosto, a tora inchada ficou ainda maior, no ápice de toda a concentração de sangue que poderia receber para ficar bem nutrida.
- Se eu comesse viado, Ruan! Tu tava muito fodido na minha mão, eu ia acabar contigo TODO DIA! SSSSSS
Abriu as pernas e nem deu tempo de resposta.
- Vô gozar, hmmmm! Abre a boquinha, abre, viado? Teu café tá chegando, porra! Sssss
Levantou da cama e ficou na pontinha do dedo do pé, inclinado ao máximo para o lado, virado para dar porra diretamente no sentido da boca aberta do militar. Ruan foi paciente, não fechou os olhos para não perder um só segundo do caralho grosso, inchado, latejante e roxo vindo em sua direção. Tudo melecado de cuspe, baba, pentelho, num banquete atraente aos olhos. De tão melado, havia gotas descendo por cima das bolas estufadas, pingando no chão, perto dos pés do macho.
- SSSS, abre a boca! - deu a última ordem. - Fffff, hmmmmm!
O primeiro tiro de esperma foi certinho na língua, bem branca, cremosa e pegajosa, em formato de rajada ao longo do músculo úmido. Os outros vieram tão intensos e rápidos quanto o primeiro, ao ponto de se atropelarem no caminho da uretra grossa e tubulosa, que não deu vazão, e aí engarrafou o processo de geração de filho na via oral de outro homem.
- Orhhh! Sssss, hmmm! Caralho, que tesão filho de uma puta, viado!
Não deixou de bater um só instante, fazendo questão de roçar com o peito do dedo na parte sensível da cabeça, próximo ao freio. Escorregando e elevando o prazer ao máximo, com a gigantesca quantidade de leite acumulado sendo expulso pelos bagos imponentes.
- Hmmmmm! - os gemidos pareceram miados sinceros de macho transando e chegando ao êxtase, quase como o despreguiçar depois da foda, que, no caso, não foi dada. - Fffff!
O quadril não parou de mexer, fazendo com que a pica ereta e comprida fosse estocada para frente, acompanhando as consecutivas jatadas de leite pela boca de Ruan. Depois do terceiro tiro de porra, Vinícius perdeu um pouco do controle orgástico do corpo e não conseguiu evitar que caísse gala no rosto do amigo. Sorridente, o novinho só fez colocar a face ainda mais perto da pica dura, na intenção de fazer aquilo mesmo e se sujar ainda mais com a essência de outro macho.
- Putinho do caralho, ssss! Gosta muito, ein!?
Para não perder a oportunidade, o barbeiro finalizou a sessão de esporrada por toda a cara do milico mantendo um malicioso sorriso no rosto ao fazê-lo, como se ainda não pudesse acreditar na visão de outro maluco ajoelhado diante de si, pedindo por seu leite diretamente do saco. E, para não deixar barato, Ruan fez questão de fechar a boca e engolir a chuva de porra cremosinha deixada ali pelo cafuçu, olhando nos olhos dele e manifestando o mais luxuoso orgulho.
- Se gosto! - respondeu debochado, serpenteando que nem sereio.
Salgada, quente, em grande quantidade e pegajosa, estilo porra argamassa, que bate e cola, além de incendiar a garganta de Ruan.
- Eu amo!
Em seguida, lambeu os dedos e, por conta da ousadia, levou outro tapa de leve na lateral do rosto, sendo acompanhado do dedo intruso de Vinícius entrando pela boca. Gosto salgado, proveniente da mistura de tato e cacete, só que Cavalin foi ainda mais abusado e relaxado.
- Então abre a boca, piranho!
O novinho tornou a pôr a língua de fora, e aí recebeu o peso pesado de pica direto sobre o comprimento das papilas gustativas. O forte sabor de porra salgada se fez presente outra vez, como se muito daquele leite masculino ainda estivesse agarrado pela garganta. O mavambo segurou o crânio do amigo com o dedo pelo nariz e o mexeu como se quisesse limpar o próprio pau, mas sem transformar aquilo numa mamada, com Vinícius ditando o ritmo e controle, o militar nem conseguindo fechar a boca para poder desfrutar e sugar.
- Isso, piranho! - instigou. - Lambe meu saco, caralho. Ssss!
Ruan obedeceu e desceu, sentindo na língua a pele enrugada, porém não menos enorme e estufada, grossa do peso das bolas ainda inchadas. Então eram naturalmente grandes, não se tratava do tempo excessivo que Cavalin passava em Subúrbia. Ali dentro, a pressão de todos os filhos querendo sair.
- Viado obediente! - segurou-lhe pelos cabelos e foi usando até a orelha como alça para conduzir a situação com todo o falso cuidado masculino. - Limpa tudinho, limpa?
Certificou-se da lambida nas bolas, limpando os pelos babados por onde as gotas de saliva misturadas com pré-porra desceram. Espremeu o caralho desde o talo até à cabeça e tirou da uretra espessa o resto de leite de macho que reteu, sacudindo os dedos no final do processo e dando para que Ruan os lambesse e também limpasse.
- Pronto, tá que nem pinto no lixo! - começou a rir. - Viado sortudo!
- Acho que não preciso nem de café na manhã.
- Tá cheio de leite da minha pica, né filhote?
Eles riram, enquanto Cavalin terminou de esfregar a bater com a vara já amolecida no resto do rosto do militar. Sem hesitações ou muitas conversas, Vinícius, ainda nu, pegou um short limpo dentro do armário e foi para dentro do banheiro da suíte.
- Vou só jogar uma água no corpo.
- Sem problemas.
            Durante esse tempo, Ruan ficou preso nas frescas e quentes recordações que já possuía daquele momento, saciado e ao mesmo tempo insatisfeito por não ter ido além. Pensou que estava de bom tamanho, no entanto, e só se perguntou quando teria outra oportunidade daquelas. Depois que o barbeiro saiu do banheiro, o novinho apenas se importou com lavar o rosto e logo se despediram, com Ruan seguindo de volta para a própria casa. Quando chegou, ainda fez questão de, antes de tomar banho, se masturbar duas vezes seguidas, parcialmente tomado pelo forte gosto salgado da gala quente do amigo cafuçu, ainda atravessada na garganta. Jato de hormônio de macho, direto da fonte. Como se aquele fosse um pacto de fidelidade e putaria compartilhada, os amigos não voltaram a comentar diretamente sobre o episódio. Não diretamente, porque, logo no próximo encontro que tiveram, Vinícius fumou maconha e não hesitou em fazer piadas sobre o ocorrido.
- Caralho, se eu deixasse tu ia chupar tudão mermo?
- É óbvio. Já te falei que tava doido pra engasgar nessa pica.
Eles riram, um tentando deixar o outro mais sem graça.
- Por que tava? Não tá mais, viado? Desgamou do meu cacete?
O puto fez a pergunta já apertando o volume e o comprimento de caralho bem deitado no short molinho, ao ponto de suspender o saco só no puxão dado pela mão. Mascou firme e mostrou os dentes enquanto sorria.
- Bota pra fora, pra você ver se eu desgamei! - desafiou.
Cavalin reagiu rindo e gargalhando do amigo, muito embora não tenha usado dessa abertura para possibilidades adicionais no quesito sexo. Ruan queria muito perguntar quando fariam aquilo de novo, mas sentiu que verbalizar tal questão seria muito perto de planejar ou marcar algo que simplesmente não seria planejado ou marcado pelo filho de Samir. Sendo assim, se segurou e manteve a zoação, não sendo a pessoa a ceder pela putaria. Resguardou-se.
- Ó o abuso, viado! Tu sabe que não consegue me engolir todo.
Ele levantou e foi na geladeira buscar mais cerveja, bagunçando o cabelo do amigo de um jeito desgrenhado, na intenção de perturbá-lo. Tirando esse episódio, não voltaram mais a falar sobre aquilo. Pode ser que, de alguma forma, esse detalhe tenha contribuído bastante para o espaço aberto entre Ruan e Vinícius "Cavalin" Cavaline depois de um tempo. Os momentos compartilhados foram se tornando mais ligeiros, às vezes até inexistentes, tanto pela rotina dos dois se intensificando, quanto pelos horários cada vez mais aleatórios do barbeiro. Poucos meses após o contato sexual, o militar ficou sabendo que parte da mudança do tempo do latino estava associada ao fato de ele ter começado a sair um pouco de Subúrbia, mantendo contato com a moça loira que havia conhecido na festa que foram juntos, então por isso estava mais sumido do que o normal. Ruan até se sentiu mal no começo do afastamento, mas acabou entendendo e concordando que, pelas provas do quartel e do curso militar, acabou sendo bom para não desviar muito da atenção que tinha que dar às responsabilidades. O novinho já não via o amigo há mais de três meses quando passou em frente ao salão fechado do barbeiro e leu a plaquinha escrita de forma simples no quadro branco.
- "VIAJANDO! Volto em junho!"
Quase sete meses corridos dali até àquela data marcada na mensagem. Mesmo com o sorriso no rosto, o militar não mentiria para si mesmo. O coração apertou de leve, mas foi bem melhor assim. No fim das contas, o amigo era alguém querido tanto quanto sexualizado e atraente. Mesmo sendo brincalhão e tranquilão, Vinícius se definia como heterossexual e um relacionamento desses só traria problemas, se é que seria possível.
- "Eu gosto é de pepeca apertadinha, ó!" - até ouviu a voz dele no canto da mente.
Não teve como deixar de sorrir. Adiantou o passo, virou para fora do beco do salão e, consciente de si, escolheu tentar não pensar muito em nada, apenas seguir. Desde o começo, estava esperando pelo surgimento do barbeiro? Não. Então assim seria.
            É que nem o fogo do subúrbio após a chuva do começo de verão. Água quente à noite, que não serve e nem ajuda para refrescar do fogo dos dias. Mais do que isso: quando o sol nasce no dia seguinte, já está tudo seco, nem parece que por ali passou um temporal. Você vê o chão e não acredita que dali nasceu muita coisa, de tão seco e inerte. O subúrbio é assim, nele se começam e se terminam coisas que parecem infelizes ou injustas no final, só que sempre há um começo otimista fazendo parte do ciclo aparentemente duro. Então, quando um sentimento intenso se desfaz nessas ruas que a gente já conhece, outro ainda mais forte se constrói, é quase uma lei do subúrbio.
            Enquanto isso, numa quarta-feira de madrugada, o segurança estava saindo do serviço, coçando a barba cheia no rosto e recordando do pagode em Subúrbia na noite anterior...

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            Rebelde, um tanto quanto violento e até agressivo demais para com a implicância e a fofoquinha alheia, Marlon começou a ficar cada vez mais introspectivo, como se estivesse planejando algo arriscado e perigoso, na medida ideal para posicionar os inconvenientes vizinhos se metendo a todo instante em sua vida recém começada em Subúrbia. Ao mesmo tempo, começou também a reparar nos detalhes que cercavam as vidas de todos ali, a exemplo do próprio Fonseca, o mais velho dos habitantes. Aos poucos, o rebelde Marlon foi reparando em pequenas e curiosas hipocrisias ao redor.


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1. André Martins está vivo e ele mostra a cara lá no instagram @cafucaria às vezes!

2. O wattpad removeu todas as minhas obras e por isso eu não posto mais nada lá. A partir de hoje, uso somente este blog.

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