sexta-feira, 17 de setembro de 2021

bonitinho, mas ordinário [capítulo 1]

 



        Não direi meu nome. Saber minha identidade será o de menos, considerando a quantidade de coisas íntimas que tenho a contar. Sou um cara branco e peludo do Rio de Janeiro, quarentão do corpo mais ou menos pançudo e as entradas avançando na frente da cabeça. Casado há 20 anos com a mesma mulher, com quem tenho duas filhas, uma de 17 e outra de 18 anos. Sempre andei na linha enquanto maridão exemplar, nunca pisei na bola com as minhas responsabilidades para com a família, tampouco no trabalho ou na vida pessoal. Acho que a única coisa que quem me conhece pode reclamar com razão ao meu respeito é que sou vascaíno doente e não faço a menor questão de esconder. Perco a linha e caio na pilha muito facilmente quando algum parente faz piadinha com meu time do coração, principalmente se for flamenguista urubuzento. Pra dar uma ideia, uma vez eu perdi uma aposta com um amigo e paguei a ele 350 reais, tudo por conta do resultado de uma final entre Flamengo e Vasco. Coleciono copos, bandeiras, camisas autografadas, tenho chuteiras oficiais, vou aos jogos, assino pacotes de transmissão na TV... Faço de tudo pelo meu time, não tem jeito, e disso todo mundo sabe, porque, como eu disse, faço questão de mostrar meu amor. Além desse vício pelo Vasco da Gama, eu possuo uma outra atração muito, muito forte, porém dessa ninguém sabe, nem mesmo minhas filhas ou a mãe delas. Acho que nem meus pais nunca se deram conta das vezes que eu fugia de casa de madrugada, na época de adolescente, e ia pra rua procurar satisfazer esse segundo vício. Era uma vontade muito forte que eu não sei bem quando nasceu em mim, mas que durou só até eu começar a namorar, ter filhas e me casar, depois nunca mais aconteceu. Ou pelo menos era o que eu achava...

            Na quarta-feira passada, quando eu tava voltando de Itaguaí para a Zona Sul pela Avenida Brasil, parei pra abastecer o carro num posto de combustível e acabei me deparando com um engarrafamento monstro na altura de Bonsucesso. Era por volta das 17h, o céu ainda estava claro, porém o efeito da hora do rush já havia começado, por isso o excesso de carros, ônibus, motos e caminhões indo e voltando. Não pensei duas vezes em tomar um atalho, liguei o GPS e fui seguindo por dentro do bairro, evitando assim a Avenida Brasil totalmente congestionada e intransitável. As ruas de dentro de Bonsucesso têm muitos quebra-molas, então nem adiantou correr com o carro, até porque é um lugar bastante residencial e típico do subúrbio carioca, com pessoas transitando, vizinhos nos portões, gente saindo dos colégios, moleques pipeiros nas ruas e um comércio local bem ativo. O fato de ter que andar devagar me deixou um pouco irritado, confesso, e foi isso que me deu mais tempo de olhar pras casinhas de muro baixo e varandinhas ao meu redor. Mais ou menos no final da rua, perto da linha do trem, vi a avenida livre e quase que vazia, dando mais espaço para eu finalmente meter o pé e acelerar. Quando fiz a curva e me preparei pra sair do quarteirão, os olhos bateram rapidamente na imagem de um pivete que simplesmente pulou por cima do caput do carro, subiu pelo para-brisa e me deu o maior susto da vida, me fazendo afundar o pé no freio.

- FILHO DA PUTA! – ainda berrei dentro do carro. – FICOU MALUCO!?

Os pneus cantaram e marcaram no asfalto, o veículo parou bruscamente e, por conta dessa inércia imediata, a figura foi literalmente arremessada de cima do automóvel direto no asfalto quente à minha frente. Só escutei o grito de dor e o barulho do impacto do corpo no chão, aí abri a porta do carro e saí aflito.

- Porra, tio! Qual foi, tá me vendo não!?

- Como é que você pula na frente do carro assim, menino?!

- Afff, tu sabe que aqui não pode correr, não sabe? Que merda!

- Eu tava prestando atenção na avenida, seu moleque, você que não viu o carro vindo! Cadê a tua mãe, ein!? – olhei ao redor, porém não havia o menor sinal de qualquer pessoa na esquina da rua com a avenida, só alguns outros carros passando.

- Que mané mãe o quê, coroa! Tô de boa já, vaso ruim não quebra fácil assim, não. Tá pensando o quê!? Sou enjoado, sou cria, pô! Hehehehehehe!

Eis que o pivete se colocou de pé e só então minha consciência caiu em si para as circunstâncias drásticas do momento. O sujeito que chamei de menino tinha a mesma estatura que eu, o cabelo cortado bem curto e disfarçado, com as costeletas descendo nas laterais do rosto e se juntando com o bigodinho fino sobre o beiço escuro e com a barbicha, tudo igualmente descolorido em amarelo gema de ovo. A pele parda e ensopada de suor, o corpo grosso e dos ossos largos, dando a impressão de taludo ao tórax. O peitoral abrindo no meio, com alguns poucos pelos crescendo e os ombros bem separados, grandes, com as clavículas marcadas e pontudas. Poucas espinhas na testa, a voz em timbre grosso e o pomo de Adão despontado. O short fininho da Nike caindo na cintura pentelhuda e exibindo a estampa da boxer úmida e pesada. Os chinelos Kenner mal cabiam nos pés enormes, mas mesmo assim ele os calçava, nem que fosse pra não tocar o asfalto quente do subúrbio. Tatuagens no pescoço, numa das panturrilhas e no antebraço, além do relojão no pulso e um pesado cordão de prata completando o visual latino suburbano. Cara de novinho, vinte anos no máximo.

- T-Tem certeza que tu tá bem, moleque? – até gaguejei pra falar, de tão desnorteado pelo acontecimento. – Pode ter deslocado alguma coisa, não é melhor ir num médico?

- Ih, que médico o quê, paizão! Tô bonzinho, tá doidão? – com uma pipa enorme e colorida na mão, o pivetão deu dois pulos e riu, mostrando que não quebrou nada. – Aí, tô inteiraço, pô. Só vê se não anda voado na minha rua de novo, tá ligadão?

Fiz que sim com a cabeça e vi o puto limpando a poeira dos arranhões e dos ralados que ficaram nos antebraços e joelhos. Mesmo ele dizendo que estava tudo certo, senti que havia algo fora do lugar e não me convenci tão facilmente a sair dali. Ele percebeu minha hesitação, ajeitou o carretel de linha na mão e riu de mim.

- Qual foi, coroa? Já falei que tô de boa, abraça o papo, porra. Vai ficar aí plantado que nem corno, é? Hehehehehehe. Se adianta, pô.

- Escuta só, garoto. Por acaso a sua mãe sabe que você quase morree na rua correndo atrás de pipa?

Assim que fiz a pergunta, ele parou o que fazia, franziu a testa e me olhou com o semblante típico de marrento. A carcaça de pivete fez os ombros se abrirem ainda mais, ele estufou o peitoral e me respondeu à altura.

- Cismou com essa porra de mãe, ein, paizão?! Eu me garanto, porra! Sou adulto, preciso ficar chamando mamãe pra resolver minhas treta não, tá vendo? Tenho 18 anos na cara, sou barbado. Tenho idade pra ser pai, tu tá maluco?! Se adianta, pô!

- Tá, tudo bem. Foi mal, foi mal. – pensei rápido e não quis deixa-lo mais puto. – Tem certeza que você não tá sentindo dor? Sei lá, não quero que depois apareça filmagem minha na TV dizendo que atropelei um cara e não prestei socorro.

- Ih, relaxa, maluco! Se eu tô dando o papo que tô de boa é porque tô de boa, porra! Tu é um cegueta do caralho que não me viu no meio da rua? É, não vou mentir. Mas tô bem, relaxa. Se adianta, vai lá. – abriu a mão enorme, deu um tapa de leve no caput do meu carro e se despediu, voltando a dar atenção ao carretel e à linha da pipa no céu.

Olhei seu corpo suado e ralado pela última vez antes de entrar no veículo, respirei fundo e senti o cheiro salgado e amargo de longe. A preocupação por tê-lo machucado foi passando, fui voltando à realidade e isso me deu tranquilidade pra continuar minha volta pra casa. Retornei ao volante, coloquei o cinto, me despedi e pedi desculpa mais uma vez, depois fechei a janela e saí dali, tendo apenas a visão do pivetão corpulento e marrento no meu retrovisor: ele mexendo os brações escuros, suados e massudos pra dibicar a pipa no céu, nem aí pro que tinha acabado de acontecer. Conforme o automóvel se afastou do molecote, uma sensação enorme de abstinência começou a crescer forte dentro do meu peito, como se alguma coisa me dissesse que ainda havia pendências no meu assunto com o cafucinho pipeiro, mesmo eu não fazendo a menor ideia do que tinha pra falar pra ele. Mãos no volante, pés na embreagem e no acelerador, meu carro se afastando do local do quase acidente e a cabeça a mil, com a aliança queimando no dedo e cobrando minha mente das responsabilidades que tinha que seguir como pai de família. Mas a boca secou, não podia negar isso. Secou de um jeito tão drástico e potente que eu esvaziei minha garrafa d’água antes mesmo de sair da avenida paralela à linha do trem, porém a fome e a sede só cresceram.

- “Que merda de ausência escrota que eu tô sentindo...” – pensei comigo mesmo, enquanto sentia cada pedaço do meu corpo de marido e paizão quarentão implorando por um retorno com o carro, nem que fosse pra passar e rever o molecão pela última vez na vida. – “Não, não, não, eu não posso fazer isso! Tanto tempo sem sentir nada assim, não posso ceder desse jeito...”

O peito apertou, comecei a suar, a cabeça mergulhou nos tempos de adolescência e eu só tentei pensar nas minhas filhas e também na mãe delas, com quem eu compartilhava a vida íntima há muitos anos. Foi o pior gatilho possível, porque o pivetão rueiro devia ter a idade da minha mais velha, mas mesmo assim eu não consegui tirar seu físico e nem o jeito de cafuçu marrento da mente. Queria olhá-lo direito, observá-lo por mais tempo e descobrir o que havia em seu corpo que tanto tonteou minha cabeça, ao ponto de eu não me esquecer dos pezões sobressaindo nos chinelos e nem dos pentelhos aparecendo abaixo do umbigo e entrando pela estampa da cueca boxer. No auge da minha loucura e também da coragem, apaguei a família da mente por breves segundos, pisei no freio e preparei o carro pra fazer o retorno no final do quarteirão da avenida da linha do trem. Fiz a curva, demorei mais ou menos três minutos contornando Bonsucesso, o coração disparou no peito e eu quase tremi com as mãos no volante, mesmo querendo muito que o encontro acontecesse novamente. Quando passei na mesma esquina de minutos atrás, lá estava o garotão soltando pipa, exatamente do mesmo jeito que eu o deixei quando saí de carro após a colisão, com a pipa no alto e o short caindo na cintura truculenta. Assim que me viu de relance, o molecote olhou de novo pra ter certeza que era eu, riu, mas não parou de dar atenção à pipa no céu.

- De novo na minha rua, paizão? Qual foi, perdeu alguma coisa aqui, é? Hehehehehe!

Muito sem graça, tentei pensar em algo pra dizer, porém não consegui disfarçar o fato de que parei ali exclusivamente para olhar e analisar o físico ensopado, salgado, desenvolvido e pardo do pivete marrento, seus pelos úmidos e cheirosos de suor, pra não falar da carcaça inchada e exalando a mais pura testosterona.

- Vai falar nada não? Dá o papo, coroa. Dá o papo que eu sou cria, sou morador, tu tá ligado? Tá procurando o quê na minha rua?

Mas eu estático, imóvel, incapaz de responder e conseguindo apenas fitá-lo dos pés à cabeça. Nesse momento, pra minha sorte ou azar, uma moça de shortinho curto e com as polpas da bunda de fora, top preto cobrindo os seios enormes e piercing no umbigo, passou do outro lado da esquina e chamou a atenção do molecão pipeiro com um grito chamativo.

- QUE, QUE NOVINHO GOSTOSO! QUE, QUE NOVINHO GOSTOSO!

Assim que percebeu que era com ele, o abusado perdeu a atenção na pipa, olhou pra mulher na outra calçada e abriu o sorrisão largo de uma orelha à outra. Aí, quebrando de vez minhas pernas que já estavam bambas, o pivete botou a mão por cima do volume da pica no short fino, amassou o volume de uma caceta nada modesta entre os dedos e gritou em resposta.

- DUDINHA DO RABÃO, AINDA VOU BOTAR NESSA TUA XERECA, SAFADA!

O jeito ousado e mal educado de falar, o palavreado baixo, fácil e chulo, a ousadia, a extroversão sexual ao lidar com uma mulher, todas essas características me deixaram paralisado de tensão. Só sei dizer que senti uma coisa muito boa por dentro, como se estivesse perto de descobrir que ausência tão forte era aquela, e tudo isso vindo simplesmente do comportamento natural e rotineiro do garotão soltador de pipa de Bonsucesso.

- DUVIDO, NOVINHO! TU NÃO TEM PAU PRA MIM, NÃO! HAHAHAHA! – a moça respondeu, antes de virar a esquina.

- VEM CÁ VER SE NÃO TENHO, ENTÃO! O QUE NÃO FALTA AQUI É PIRU PRA TU E PRA TUAS AMIGAS, DUDINHA DO RABÃO! EHEHEHEHEEH! – ele continuou empolgado e apertando o malote na mão, enquanto dibicava a pipa com a outra e caía na risada pela situação. – Agora tu vê!? Essas mina aqui da Bulhões tão pensando que eu não taco-lhe é pica na buceta delas. Vai vendo! Abraça o papo, neguinha, que eu ainda vou acabar contigo. Hehehehehe! Vão ser só quinze minutinho de porrada seca na tua xereca, sem perder a amizade.

A colega já havia ido embora, porém, de tanto falar putaria e ficar afofando o caralho no short, eis que o pipeiro tirou a mão de cima da rola e voltou a soltar pipa normalmente, mas o tronco entre suas pernas já estava mais do que desenhado no contorno massivo, cilíndrico e volumoso do tecido fino. Ele realmente não mentiu quando disse que não faltava piru ali pra tal da Dudinha e também pras amigas dela, e olha que eu só tava manjando por cima da roupa. Minha boca seca, eu suando dentro do ar condicionado do carro e os olhos presos na carcaça suada e reluzente do machinho viciado em pipa e também em buceta.

- E tu, paizão? Vai ficar daí sem falar nada? Dá teu papo, porra, tá batendo neurose comigo? Nunca nem te vi por aqui. Já me jogou pro alto aquela hora, agora vem e brota minha rua de novo. Quê que se passa na tua mente? Fala tu.

- Sendo bem sincero, você não acreditaria se eu te dissesse.

- Desembucha, pô! Tem terror nenhum não, aqui é geral cria. Só tu não vacilar comigo que eu não vou encrencar contigo, tem caô não. Qual foi do bagulho?

Um calafrio subiu das solas dos meus pés, por trás do corpo, até o topo da cabeça. As coxas vibraram, um calor interno me consumiu e a mente não parou de sacudir diante da corpulência seminua e exposta do pivetão, principalmente com o malote despontando notável no short fino. Num rápido vislumbre com os olhos longe da pipa no céu, o puto me olhou e me pegou manjando seu corpo exposto, porém ainda não entendeu minhas intenções.

- Caralho, que relojão daora, ein, paizão? É Rolex?

- O quê? – olhei pro meu pulso apoiado no volante e só então me dei conta do que ele tava falando. – Ah, você gostou disso?

- Brabo! Já tive um igual, mas era réplica. Esse daí é original, né? Só pelo brilho dá pra ver.

- Você é bom com os olhos, garoto. Acertou na mosca.

- Podes crer. É moleza dizer.

Pra minha surpresa e também nervosismo, o molecote simplesmente ignorou a pipa no céu por alguns segundos, veio pro meu lado e se apoiou na janela do carro, chegando perto pra ver bem o relógio. Na curta distância que ficamos, senti o cheiro forte e quente do suor exalando diretamente do seu corpo construído em testosterona e quase me entorpeci de prazer, totalmente tomado pelos sentidos diante daquele monumento de homem. Mesmo sendo jovem e bem mais novo do que eu, o rueiro já tinha o jeito de quem era experiente na putaria e sabia desmontar uma cama só com a malícia da cintura suada e ignorante. Uma cara de quem era o mais piranho dos safados na hora de comer buceta, semblante de bom comedor e porte de molecão que batia punheta por qualquer coisa e não dispensava uma oportunidade de ganhar mamada.

- Tu até agora não deu o papo, coroa. Tá procurando quem?

- Não tô procurando ninguém. – fui sincero. – Na verdade, não tava procurando ninguém. Mas aí voltei...

- Voltou. E...?

Não consegui responder. Sempre que eu tentava, as palavras travavam e o anel no meu dedo anelar queimava na pele, junto com a mente fazendo peso e me impedindo de atravessar as fronteiras. Meus olhos permaneceram travados no volume grotesco da rola grossa do novinho, eu lambi os lábios de nervoso e simplesmente não falei nada. O puto deu um riso de canto de boca, olhou pra pipa no alto, dibicou com uma mão e pôs a outra novamente por cima do pacote deitado de pica volumosa. Apertou, olhou pra mim e em seguida manjou a própria penca da banana, como se quisesse ver o que eu estava vendo.

- Qual foi? Tá reparando na minha vara, paizão? – falou baixo. – Tu é bicha, é? Dá ré na banana, coroa? Hehehehehehe!

- Eu nem sei mais dizer, falando sério.

- Não sabe?!

- Não sei. Olha só, garoto, eu sou casado há 20 anos com a mesma mulher e nunca, te juro por Deus, nunca na vida traí ela com ninguém. Não sei nem porque tô te dando essa satisfação toda, é só que... Sei lá! Eu tava passando aqui na boa e do nada você apareceu em cima do meu carro, caiu na minha frente. E... Porra! Parece que tem uma coisa dentro de mim que quer sair, sabe?

- Não, não sei, não. Me explica melhor.

- Eu não sei bem como explicar, porque tá tudo acontecendo agora... Te conhecer me deixou com vontade de fazer uma coisa que eu só fiz quando era mais novo, bem, bem antes de casar. Uma coisa de muitos anos atrás e que eu nunca mais fiz, tá entendendo?

Nesse instante, pra minha surpresa, o pivetão só balançou a cabeça afirmativamente, depois afastou o corpo da janela do carro e respondeu com a maior tranquilidade do mundo.

- Ah, já tô ligado no que tá acontecendo contigo. Tu tá é com formiga, tá não?

- Formiga? – não entendi de primeira.

- É, pô. Formiga. Tá coçando, não tá? Tu tá querendo é esquentar o anel.

- Como assim? – me fiz de desentendido só para vê-lo sendo ainda mais explícito.

- É, ué! Tu passou de carro na minha rua, me avistou e bateu vontade de torrar o brioco. Quer queimar a rosca no meu kibe, não quer, paizão? Dá o papo, heheehhee! – o canalha disse isso, apertou de leve a massa de caralho entre as pernas, ajeitou o short e riu debochado. – Como é que pode? Tu é casado, tem mais de quarenta ano na cara e vem pra pista procurar macho pra encher teu rabo de leite, enquanto tua mulher deve tá em casa dando a pepeca pra outro, já pensou? Puta que pariu, tu é o maior corno! Hahahahahah!

Mesmo com o sacana me zoando e rindo às minhas custas, entendi que essa foi sua forma de reação diante das revelações que fiz. Afinal de contas, eu era um homem nunca antes visto naquele lugar, dentro de um carro todo preto, que apareceu do nada, jogou o cara pro alto e depois voltou pra dar em cima dele. Detalhe: de aliança no dedo. Quem reagiria de maneira natural a tudo isso? Com as mãos no volante e o motor ligado, olhei pro molecote e o admirei enquanto ele ria de mim e do que imaginava ao meu respeito.

- Tu tentando desenrolar comigo e tua mulher sendo lanchada pelos vizinhos, pode pá, paizão! Hehehehehehe!

- Será? – perguntei.

- Tá pensando que só tu que é esperto, irmão? Só tu quer se dar bem? Tua mina não é boba, não, pô. Enquanto tu tá aqui pedindo pica, ela deve tá lá ganhando do teus amigo, isso sim.

O jeito cuspido, marrento e relaxado de falar mexeu muito comigo, tanto quanto nosso assunto e sua linguagem corporal explanada, bem à vontade. Dibicando a pipa no alto, vira e mexe desafogando o saco do meio da boxer suada e ao mesmo tempo jogando conversa fora comigo, eu ainda dentro do carro.

- E você, não pensa em se dar bem também? – dei a ideia.

- Geral pensa em se dar bem, coroa. A parada é que nem todo mundo tá disposto a pagar por isso, sabe qual é? – deu essa resposta e esfregou o dedo polegar no indicador, fazendo um gesto de preço. – Tá geral querendo rir, mas ninguém quer fazer a graça, esse que é o foda.

- Tô entendendo e concordo contigo. Mas... – ajeitei o relógio no meu pulso antes de prosseguir. – E se eu disser que te achei bonitinho e tô disposto a pagar o preço?

Ele não deu a resposta logo assim que me ouviu, como estava fazendo até então. Esperou um pouco, ignorou a pipa no céu por alguns instantes e tornou a me olhar, não fazendo qualquer questão de disfarçar o semblante de desconfiado, com a testa franzida e as sobrancelhas quase se encontrando. Até que, antes da resposta para a minha pergunta sair, a mesma moça que passou minutos atrás retornou na esquina, dessa vez acompanhada por uma colega da mesma faixa etária e igualmente vestida de bermudinha jeans e top. Assim que elas viram o pipeiro roludo no meio da rua, as duas começaram a zoá-lo em voz alta.

- Quê isso, ein, novinho!? Tá cada vez mais gostoso! Hahahahaha! Bem que a Dudinha falou.

- Porra, tu tem que ver é o tamanho da minha piroca, sem neurose! Eheeheheh! – o danado respondeu todo sorridente, e, como sempre, manifestando a mania incorrigível de segurar no tronco enquanto falava safadezas. – Quando é que tu vai pagar pra ver, safada? Pode vim tu e a Dudinha, tem pau aqui pras duas.

- Tá podendo, né, cachorro? Hahahahaha! Vale nada. – do meio das risadas, eis que uma delas começou a cantar um funk. – Ele é novinho e já tem um pirocão!

- Sempre! Só marcar. – ainda jogou um beijo e deu uma piscadela de olho pras moças. – Se acabar a água lá na tua casa eu te dou um banho de leite, garota! Hehehehehehe!

Quanto mais o putão interagia com as vizinhas na rua, mais eu me desconcentrava e me perdia em analisar o formato da cobra aparentemente cabeçuda escondida sob o tecido fino do short da Nike. E de tanto afofar e amassar o instrumento entre os dedos, algumas manchas de umidade se formaram na região onde parecia estar a cabeçota da pica. Essa cena não só me deixou com tesão, como também acelerou meu coração ao máximo e queimou meu dedo anelar. Senti um pouco de culpa, porém já havia tomado a decisão só de estar ali trocando ideia fiada com um molecote vadio de 18 anos, a idade da minha filha mais velha. Assim que as moças sumiram novamente no fim da rua, o garotão voltou a me dar atenção e foi direto ao assunto.

- Vou te mandar a real, coroa? Eu achava que esses papo de padrinho pagão fossem só lenda burbana, sabe coé?

- Padrinho pagão? – dessa vez fui eu que achei graça. – Como assim?

- É, pô. De vez em quando brota um cria aqui da área de tênis caro, bonezinho de grife, Rolex original no pulso, trajando como? Só bagulho importado, tá ligado? Aí a gente junta na roda do fute e nego já pergunta quem foi que deu. Os moleque sempre manda dessa que foi o tio que pagou, nós já gasta logo! Hahahahahaha! Que tio é esse que ninguém nunca viu? Pra mim era só mito.

- Puta merda! Vou ser sincero, já te falei que é a primeira vez na vida que eu faço uma coisa assim. Não tinha a menor ideia de que tem outros caras que nem eu por aí, falando sério.

- Tem uma porrada, pô! Toda hora um parceiro brota com esse papo de viado que pediu pra mamar por dinheiro, quis pagar pra dar o cuzinho. Direto rola disso aqui, mas os moleque sempre metem dessa que não. Hehehehehehe!

- Tô entendendo. E o que você acha que acontece, eles saem com esses caras que pagam?

- Com certeza, paizão. Pô, meu primo mesmo vive falando disso. Um parceiro dele dá várias moral. Compra até cueca usada, meia usada, roupa usada do meu primo. Ninguém nunca explana, né, mas que rola, rola, papo retão. – ainda botou a mão de lado na frente da boca, como se quisesse dar mais credibilidade ao que estava me dizendo.

Quando ele falou dessas possibilidades, confesso que me perdi imaginando o pivetão cobrindo os pezões rústicos com meias curtas, macias e cheirosas, tão suadas e carregadas de testosterona quanto sua cueca boxer úmida e afofada. Meu peito não parou de bater forte, a boca encheu de muita saliva e senti o corpo esquentando furiosamente, aumentando a vontade de sentir a quentura salgada e íntima do físico pardo e suado do pipeiro corpudo.

- E você, não tá a fim de ser apadrinhado, moleque? – mandei a pergunta na cara e na coragem. – Já te falei que tô disposto a pagar o preço, que nem você falou aí desse amigo do seu primo. Eu também compraria umas coisas suas. Já pensou?

Mas foi eu dizer isso e o sacana logo ficou de cara enfezada, até aumentou o tom de voz, achando que eu estava desconfiando ou duvidando de sua orientação sexual, seu gosto por mulheres.

- Tu tá me gastando, não tá, não, paizão? Só pode tá tirando uma com a minha cara. Meu negócio é xereca, porra! Bucetão carnudo e inchado, tá ligadão?

Puto, o novinho malandro deu de ombros e fez um símbolo de vagina com as mãos, juntando os dedos indicadores e polegares pra gesticular e me mostrar do que gostava de verdade. Só que o impacto em minha mente já havia sido feito, então tentei ser didático e prático com o marrento, na intenção de deixar as coisas mais fáceis.

- Olha só, relaxa, tá? Eu sei que você gosta de buceta, entendo e respeito muito isso. Não tô te pedindo pra me comer ou pra fazer qualquer coisa comigo, você vai continuar sendo hétero. Só tô pedindo uma coisa que você consegue fazer todos os dias, só isso. Entendeu a diferença? Sem contato físico entre a gente, que nem o seu primo e o amigo que compra as roupas usadas dele, entendeu?

            - Ahn, e quem me garante que tu vai me pagar mesmo, coroa?

- Eu te dou a minha palavra, moleque. Palavra de homem.

- Porra, tu tá é de neurose com a minha cara, isso sim! Nunca te vi aqui, do nada tu brota, me joga pro alto e depois vem com esse papo de comprar roupa usada minha?! Vai te foder, cuzão!

- Juro que não tô brincando, muito menos te testando ou qualquer coisa parecida, rapaz. Olha, o fato de eu ser casado e mesmo assim ter voltado aqui só pra falar contigo já prova isso, você não acha? – falei tranquilo, me explicando na maior sinceridade e abrindo minhas ideias pro malandro. – Já sei. O que é que eu tenho que fazer pra provar que tô falando sério?

- Não adianta, maluco. – ele nem ignorou a pipa pra me responder. – Não boto fé no teu papo, tu pra mim é mandado.

- Então só me diz o que eu faço pra você acreditar. É só falar.

Foi com essa frase que finalmente retomei a atenção do pivete às minhas intenções. Desconfiado, mas ligeiramente curioso, o safado olhou pra mim, segurou o riso de canto de boca e meio que me analisou, com os olhos cheios de fogo. Depois se aproximou da janela do carro, apoiou o peitoral aberto perto de mim e pude sentir seu cheiro quente, salgado e suculento de homem suado e solto na rua. Sem mais nem menos, o pilantra botou a cabeça pro lado de dentro do veículo, sentiu o frescor do ar condicionado e abriu o sorrisão largo.

- Porra, tu fica no maior bem bom aqui nesse clima de montanha, né, paizão?

- Gostou?

- Tá vendo, pô! Passo o dia todo suando na rua, quem é que não curte um arzão desses?

Fez suas constatações, continuou vasculhando os olhos em mim e no lado interno do carro, até que percebeu minha mão e a puxou para si. Tocou na aliança dourada, tentou segurá-la e me encarou, mantendo o riso de deboche ao confirmar que eu era mesmo um homem quarentão e casado com mulher.

- Pelo visto tu tem uma grana mesmo, ein, coroa?

- Já te falei, moleque. Tô disposto a pagar o preço, o que você me diz?

A próxima constatação do pipeiro depois do meu anel de casamento foi o relógio dourado em meu pulso, grande e chamativo. Assim que o vi de olho na peça, já matei qual seria seu pedido pra confiar na minha palavra. Ele parou de olhar pro meu Rolex, segurou meu braço e não teve qualquer sombra de dúvida.

- Tu quer que eu bote fé nesse teu papo de pagão? Então. Troca de relógio comigo. Hahahahahaha! Mas ó, o meu é réplica direto da Uruguaiana, dei dez conto nele. Esse teu é original, né não?

- Você é novinho, mas sabe negociar pesado, não acha?

- Ué, não foi tu que deu o papo de que paga o preço, velhote?

- Tudo bem. Eu pego.

- Tu não me achou bonitinho? Heheheheehhe! – riu em ironia.

- Bonitinho, mas ordinário.

- Que seja. Esse é o preço pra cheirar a cueca de um moleque que já te disse que só curte buceta, pô. Pegar ou largar, qual vai ser?

Ele deu o ultimato e a gente ficou se olhando por alguns segundos, um esperando pela atitude do outro. Quando decidi voltar de carro até aquela rua em Bonsucesso, eu já tinha decidido comigo mesmo que pagaria qualquer preço pra ter mais daquele molecote solto, garanhão e com corpo de macho feito. Poderia até comprar um relógio original pro malandro, mas aquele momento não era tanto sobre mostrar o quanto de dinheiro eu tinha, e sim impressioná-lo com a real vontade de pagar por suas roupas usadas.

- Pago agora mesmo. – tirei meu relógio do pulso e quase derreti por dentro quando vi a cara de incrédulo que o sacana fez. – Troca comigo?

- Puta que pariu, paizão! Tu tá falando sem neurose mesmo, viado!? Caô que tu vai me dar o teu Rolex original?! Ó, não vou devolver, não, ein? Pega tua visão que aqui não tem papo de devolução. Agora é meu.

- Qual parte do eu pago o preço você ainda não entendeu, garotão?

Sem nem pensar duas vezes, eis que o puto finalmente pôs meu relógio dourado e pesado no próprio pulso, não parou de rir e ficou se admirando no reflexo do retrovisor, forçando os músculos e posando para si mesmo. Eu peguei a réplica dele, ajeitei no meu pulso e não consegui parar de olhá-lo todo se querendo, ao mesmo tempo que o cheiro forte do suor quente do novinho exalava forte de seu corpo moreno e inchado.

- Pô, agora sim eu boto fé que esses moleques tudo tão colocando viado pra mamar, papo reto! Hahahahahahaha! Achava que era só lenda urbana, mas pelo visto...

- E aí, gostou? Combinou mais com você do que comigo.

- Me amarrei! Quando eu vestir o traje completo então, vou ficar muito enjoado. A quantidade de buceta que eu vou comer só por causa desse Rolex, tu ainda não faz ideia, pegou a visão? Hehehehehehe. Pai vai amassar, não tem jeito.

- Elas gostam de relógio caro, é?

- Tá de sacanagem? As mina pira quando vê um maluco trajado e cheirozão brotando no bailão, coroa, ainda mais quando é pinta e roludo que nem eu, tá ligado? – o pipeiro se elogiou e coçou o saco de leve, deixando a tromba em formato roliço no short suado.

- Por falar nisso... Tá preparado pra me dar um agrado?

- Claro, porra! Toda hora, já vi que tu é de palavra mesmo. – não se intimidou. – Qual vai ser, passa aqui amanhã pra pegar uma cueca que eu vou usar o dia todo só pra tu?

- Passo sim, pode apostar. Mas... – olhei pro short do safado, ele percebeu e não entendeu. – Por que você não mata a minha vontade agora e já me dá essa cueca aí?

- Pô, tu quer essa daqui, paizão? – o moleque puxou a estampa da boxer e sem querer mostrou a entrada dos pentelhos recém-aparados. – Essa cueca aqui tá toda rasgada, já. Tá suadona, imunda. Deve ser a pior que eu tenho, não é melhor eu preparar outra? Passei o dia todo correndo na rua com essa.

- Assim que é bom! É assim que fica o cheiro forte, bem impregnado mesmo. Eu quero essa boxer que você tá usando e ainda passo aqui amanhã pra pegar mais coisas, se topar.

- Como assim pegar mais coisas? Tu quer me deixar sem ter o que vestir, maluco?

- Vamos fazer assim: eu compro umas peças, você usa e a gente vai trocando, que tal? Aí você ganha roupa, eu cheiro e todo mundo sai ganhando. Justo?

- Já é. Guenta aí, então.

Em questão de um ou dois minutos, o pivetão foi atrás de um muro no terreno baldio perto de onde estávamos, no fim da rua, removeu a cueca boxer suada que estava usando e trouxe ela toda amassada na mão pra me entregar. Quando ele voltou andando na minha direção, não tive como desgrudar meus olhos do porrete massudo e balançante sacudindo dentro do short fino. A boca encheu de água, meu corpo ficou ainda mais eufórico, porém foi nesse mesmo momento que meu celular começou a tocar dentro do carro e eu logo voltei à realidade, me sentindo nervoso e pego de surpresa pela minha esposa.

- Alô? Oi, amor.

- Oi, mô. Cê tá aonde?

- Então, eu peguei um engarrafamento sem tamanho agora na Brasil e vim por dentro de Bonsucesso, só que não fui o único que teve essa ideia. Agora tá tudo parado, a Brasil, o atalho, tudo.

- Ah, entendi. Tô vendo aqui pela TV que teve um acidente na altura de Bonsucesso mesmo, aí fiquei preocupada. Não demora, tá?

- Deixa comigo. No máximo meia horinha eu tô chegando em casa.

- Tá certo. Beijo.

- Beijo. – engoli a seco minhas mentiras, desliguei a chamada e o cafuçu pipeiro já tava do meu lado, rindo da desculpa que dei e segurando a cueca usada. – Viu só? Demorei um pouquinho e ela já ligou.

- Mal sabe a coitada que o maridão tá atrás de pica de moleque na rua, né? Hehehehehehe! – o folgado disse isso e jogou o tecido encharcado na minha cara. – Toma aí o que tu pediu e se adianta logo, paizão. Anda, vaza que eu não quero que me vejam vacilando contigo aqui, não.

- Beleza, garoto. Agora você falou a minha língua. Obrigado por isso e amanhã eu te trago mais umas cuecas novas, posso? Nesse mesmo horário.

- À vontade, pô. Mas vai rolar uma moralzinha, né? – perguntou e coçou o dedo indicador no polegar. – Tem que ter um agrado, senão eu perco a motivação, tá ligado? Heheheheehhe!

- Sempre. Eu compro qualquer coisa que você tenha aí pra oferecer, acho que esse é um dos meus fetiches.

- Caralho, rico tem uns fetiches nada a ver, né? Puta que pariu. Mas beleza, eu topo. Brota amanhã aí que eu te vendo umas paradas.

- Fechado. Eu curto de tudo. Cueca, meia, short, roupa de futebol, meião, chuteira. Você é do exército? Se for, pago até pra cheirar uma farda, um coturno seu.

- Já é. Às vezes rola um fute sim, mas não sou milico, não. Mas se adianta, amanhã nós conversa.

- Tá certo, moleque. Marcado então. A gente se vê, até amanhã.

- Até. – deu dois tapinhas no capô do carro, virou de costas e saiu andando, assobiando e prestando atenção somente à pipa no céu.

Dito tudo isso, fechei o vidro e fui saindo lentamente com o veículo, me sentindo muito saciado por ter comigo um pedaço do que era a intimidade daquele sujeito desconhecido, cujo nome eu nem sabia. Só sabia que o moleque era safado, marrento, folgado e interesseiro, mas todas essas características acabaram funcionando ao nosso favor a partir do momento em que o pivetão se mostrou acessível e eu decidi recompensá-lo.

Mal saí da rua onde conheci o novinho e admito que entrei rapidamente no primeiro posto de gasolina que vi, fingindo que ia calibrar os pneus só pra ter alguns minutos de deleite com a cueca boxer que o puto tirou pra satisfazer minha tara de entrar em contato com seu saco, seu suor, suas intimidades, hormônios e feromônios exalados do físico safado de macho rueiro. Despreocupado e no anonimato garantido pelos vidros fumê, a primeira coisa que fiz foi esticar o pano da cueca na frente do rosto e admirar o visual rústico, gasto e esgarçado da peça de roupa. Dava pra ver incontáveis manchas amareladas e porracentas ao longo das costuras brancas, indicando a quantidade de vezes que o cafução melou a boxer e deixou o tesão extravasar quente no tecido. Levei ao rosto, senti o frescor caloroso da região entre as pernas do garotão e respirei fundo quando o nariz afogou no meio de tanto suor, umidade e cheiro forte de molecão criado no asfalto do subúrbio. Entorpecido como se estivesse me dopando com uma droga dissolvida no pano, ainda abri a boca e fiz questão de absorver na língua todo o gosto e a fragrância dos feromônios sexuais do pivete, sentindo prazer em poder desfrutar do suor salgado, meio amargo e potente do malandro. Imaginei sua virilha bruta cantando no meu rosto, encharquei minhas narinas no odor vívido e masculino e enchi a língua bem na parte temperada e mais afofada da cueca, onde a textura ficava mais desgastada e o elástico esgarçado de tanto uso. Meu coração acelerou, eu comecei a suar no ar condicionado do carro e os mamilos endureceram, roçando continuamente contra minha própria blusa. A rola ganhou vida na calça, meu cuzinho peludo começou a dar espasmos de tesão e eu pensei que fosse perder o controle, me descobrindo incapaz de segurar a vontade de gozar até chegar em casa. Quando achei que ia perder na guerra da sedução e da forte atração que estava sentindo pelo macho pipeiro, escutei um veículo buzinando atrás de mim e foi isso que me trouxe de volta à realidade. Respirei fundo, tirei meu carro da calibragem do posto e achei melhor ir embora, a fim de não receber outra chamada da esposa no celular.

Mesmo muito excitado, dirigi apressado e ainda cheguei no tempo de ver o jogo do Vascão. Escondi a cueca usada do novinho no bolso da calça que estava usando, pensei que ia passar batido quando entrei, mas a mulher foi a primeira a perceber a diferença no visual.

- Ué, amor, cadê aquele Rolex dourado que você tanto ama? Trocou?

Assim que ela perguntou, minha filha mais velha, a de dezoito anos, olhou pra mim e também tomou um susto quando percebeu um outro relógio, preto, em meu pulso.

- Eu não sei bem o que foi que pifou dentro dele, mas deixei lá na joalheria em Itaguaí pro cara trocar pra mim.

- Sério? Nossa, que bosta. Viu por que eu preferia o outro?

- Pois é. Acabou que ele me deixou com esse aqui enquanto o meu não fica pronto. – admirei a réplica e agradeci muito por nenhuma das duas notar as óbvias diferenças pro original. – Se eu soubesse teria ficado com o outro mesmo.

- Eu avisei, não avisei? Agora aguenta, amor. Quando é que você vai lá pegar o outro?

- A previsão é de duas semanas. Agora só esperando mesmo. – um tanto quanto desatento e querendo mudar de assunto, olhei algumas poucas goteiras no teto e apontei. – Aquilo dali é mancha de água?

- Ah, nem fala, vida! – minha esposa desabafou. – Não sei mais o que fazer com essa infiltração. Já tô perdendo a cabeça.

- Tem que arranjar alguém pra dar uma olhada nisso, você não acha?

- Claro que acho, mas quem?

- Pois é, também não faço a menor ideia.

A conversa não se arrastou muito, então eu passei da cozinha pra sala, fui pro quarto e tirei o paletó que estava usando. Fiquei só de cueca, peguei minha roupa pra tomar banho e parti pro banheiro, morrendo de vontade de me masturbar no banho enquanto cheirava cada linha da costura empesteada com o cheiro das genitálias e das intimidades do pivete roludo. Aquela era a boxer que ele usou o dia todo, desde a hora que acordou de pau durão até o momento que encontrou comigo no fim da tarde, eu podia sentir muito nitidamente a presença do sal do corpo suado impregnada no tecido. Uma vez dentro do boxe e com a porta do banheiro trancada, liguei o chuveiro, mas não me molhei, fiquei só tocando um punhetão e chupando as costuras de onde imaginei que ficava o peso dos culhões temperados do novinho marrento. De pau duraço, me masturbei de um jeito apressado, farejando a cueca usada que nem uma cadela submissa e viciando minha língua com o sabor genuíno das bolas e da vara de um molecote criado solto na rua, no auge dos dezoito anos de idade. Confesso que bater punheta não era um hábito que eu costumava praticar, então posso afirmar que gozei intenso na mãozada, como se fosse um pós-adolescente cheio de testosterona que ficou muito tempo sem esporrar. Cheguei a sujar a parede do boxe com meu leite, depois tive que limpar tudo pra não deixar vestígios do meu tesão aflorado. Após o banho, me enxuguei, vesti a roupa e saí com a cueca manchada do garotão dentro do bolso. Voltei no quarto e a guardei na última das gavetas da minha parte do guarda roupa. Por fim, fui pra sala jantar com a família e só então voltei ao meu eu normal, esquecendo do que aprontei durante o dia e o quão fora da cerca me arrisquei a ir. Encerrando a noite, uma cervejinha e jogo do Vascão na TV, só pra reavivar a paixão que eu sentia pelo time do coração, não tinha como deixar passar. Sendo uma vitória contra o Flamengo, então, aí sim fui dormir mais do que feliz e satisfeito.

No dia seguinte, segui a vida normalmente e fiz todas as coisas que costumava fazer no período normal de trabalho. Saí de casa antes do amanhecer, cheguei em Itaguaí por volta das 6h e tomei café no hotel do qual sou proprietário. Resolvi vários perrengues administrativos até à hora do almoço, recebi incontáveis chegadas de materiais de cozinha e de limpeza meio-dia e só fui almoçar de tarde, depois das 15h. Diferentemente do dia anterior, dessa vez adiantei tarefas que normalmente deixaria pra mais tarde e consegui sair de Itaguaí uma hora mais cedo do que costumava sair. Voltei pela Avenida Brasil como sempre fazia, não peguei qualquer congestionamento, porém ainda assim desviei o percurso por Bonsucesso e fui seguindo mais ou menos pelo mesmo trajeto do dia anterior, sentindo um formigamento começando na pele. O coração acelerou logo, senti que tava ficando nervoso, mas mesmo assim me mantive com a mente decidida sobre o que fazer. Entrei na rua com duas árvores enormes nas esquinas, passei pelos quebra-molas, fui até o fim e virei exatamente no sentido da linha do trem, bem onde terminavam as casas e varandinhas e começavam vários terrenos baldios. Mal entrei com o carro na avenida e não vi absolutamente ninguém por ali, nem qualquer sombra de pipa no céu ou de carretéis e linhas no chão. Minha empolgação deu lugar a um vazio sem explicação, comecei a murchar e a mente pensou no que fazer.

- Ué, será que ele se esqueceu de mim? – perguntei a mim mesmo, sozinho dentro do carro e sentindo o frio do ar condicionado gelando a pele. – Ou então eu tô muito adiantado e o moleque ainda não saiu pra soltar pipa. Será?

Muito perdido sobre onde ir, escutei um barulho na porta do carona, ela foi aberta por fora e isso me deu um susto. Num movimento rápido e preciso, um cara simplesmente entrou do meu lado dentro do carro, fechou a porta e trancou o veículo por dentro, se fechando comigo.

- Tá maluco?!

- Ih, qual foi, velhote? Tá de neurose pra cima de mim, é? Só uma cueca usada não foi suficiente, dá teu papo. Hehehehehe!

- Como é que você entra no meu carro assim de repente, seu doido?

- Ah, coé! Ontem tu me jogou pro alto e nós ficou só por isso, lembra? Vem cantar de galo pra cima de mim agora não. Pega visão. – o pilantra apontou pra frente, mastigou um pedaço de carne na boca e só então eu vi o espetinho em sua mão. – Cai ali pra calçada, bora mais lá pra frente. Tá rolando um churras na minha casa e não quero que ninguém me veja contigo aqui não, se ligou? Se adianta, vambora.

- Tudo bem, vamos.

Fiz como ele pediu e levei o carro vários metros à frente na calçada, deixando as últimas casas da rua pra trás. Quando desliguei o motor, aí sim olhei atentamente pro lado e reparei em todos os detalhes do físico desenvolvido e completo do novinho folgado. O cabelo curto, loiro e disfarçado se misturava com a costeleta, com a barbicha cerrada e também com o bigodinho fino por cima do beiço escuro e grosso. A boca mastigando churrasquinho, um baseado atrás de uma das orelhas e um brinquinho de pagodeiro em outra delas. Até os pelinhos embaixo do lábio inferior estavam descoloridos, contrastando com a pele parda, morena e reluzente do moleque. Com o meu Rolex dourado no pulso, o pipeiro tava de short, chinelos Kenner nos pezões e uma blusa que só naquele momento percebi as cores em vermelho e preto. Antes que eu pudesse tomar qualquer atitude, eis que o garotão meteu a mão no bolso e tirou um potinho pequeno, transparente e aparentemente lotado de um líquido espesso, abundante e esbranquiçado.

- Tu brotou na hora certa, coroa. Eu acabei de soltar-lhe um galão de mingau grosso pra tu, não era o que tu queria?

Segurou o pote na frente do meu rosto, riu da minha cara, mas eu só conseguia reparar com nervoso na blusa que o puto tava vestindo. Vermelha, preta e com o escudo do Flamengo estampado no peito, engatilhando o pior tipo de rivalidade que eu tinha em mim.

- Tava três dias sem jogar um leite fora, bati um punhetão de quase uma hora e minha pica vomitou essa gala toda pra tu, olha isso. – ignorando minha cara fechada, o cretino balançou o potinho, depois abriu a tampa bem diante do meu rosto e mostrou a textura concentrada e densa do próprio sêmen. – Já tava como? Galudão. Fumei só um baseadinho e aí o cinco a um comeu solto, tá ligado? Hehehehehehe! Qual vai ser, cinquentinha pelo meu mingau?

Fez a pergunta e tornou a me mostrar o pequeno recipiente plástico lotado de porra. Parecia mesmo um pote de exames médicos, cheio até à metade e com uma quantidade inimaginável de leite branco e com cheiro de água sanitária exalando. A parte das extremidades já tava com a gozada ressecando e ficando encrostada, dura, mas o recheio do vasilhame em si ainda estava todo líquido, quente e cheirando à testosterona pura, na mais valiosa forma.

- Um galo por um vidro de gala, não tá bom? Hehehehehehe! Diretamente do meu saco, do jeitinho que tu gosta. Gagau de qualidade, porra muito bem feita, tá vendo só? É pegar ou largar, velhote. E aí?

- Vem cá, você é flamenguista ou tá usando essa blusa só por usar?

- Pra quê tu quer saber? Também torce pelo Mengão?

- Nem se fosse o último time do Brasil ou do mundo, garoto! Deus que me livre torcer pra um time desses quando se tem o Vasco da Gama, já ouviu falar? Inclusive ontem a gente deu um sarrafo em vocês, você devia era ter vergonha de usar uma blusa dessas no dia de hoje.

- Ih, caô que tu é vascaíno? Hehehehehehe! Torcedor do Vasco e ainda por cima corno. Depois dizem que Deus não castiga duas vezes, ein? Hhaahahahaha! – marrento, o pilantra ainda deu um tapinha na minha cara. – Certeza que tu vai se lambuzar com meu leite de flamenguista, paizão! Heheheheh! Porra grossa que saiu direto do meu saco preto, lá do fundo do meu ovo esquerdo, tá ligado? HEHEHEHEHHE!

- E você acha mesmo que eu vou querer tomar isso?

- Acorda pra vida, irmão. Tu é corno, vascaíno e ainda pediu pra sentir o cheiro da minha pica na cueca suada, tá lembrado? Extraí um suco de piroca delicioso pra tu se lambuzar, não tô nem aí pra que time é o teu. Hehehehehehe! Qual vai ser? Não adianta se fazer de difícil, que eu tô vendo na tua cara que tu tá quase babando.

Quanto mais ele falava, mais irritado eu ficava, porém toda essa ira era rapidamente convertida em deleite, em excitação e em cada vez mais vontade de ser submisso aquele macho em corpo de novinho de dezoito anos. O jeito malandro e solto de falar comigo, agindo com a total certeza de que eu ia mesmo comprar seu esperma, foi o que me deixou mais excitado do que puto. De uma hora pra outra, foi como se até a rivalidade dos nossos times tivesse me dado vontade de me submeter, de me deixar levar pelo tesão, pelo gosto e pelo ego folgado do moleque insolente. Quando dei por mim, já tava com a carteira na mão e contando o dinheiro nos dedos.

- Aí, não falei? No fundo, no fundo, esse é o sonho de todo vascaíno, paizão! Hahahahahahaha! Pagar pra tomar gozada de flamenguista. Como é que pode, né? Aliás, tu vai tomar isso aí, coroa?

- Tem certeza que você quer mesmo saber?

- Dá o papo, ué. É meu leite, quero saber pra onde é que vai.

Pensei por uns breves segundos, não encontrei qualquer nota de cinquenta, mas mesmo assim não desisti daquela compra tão excitante e vulgar.

- Isso vai direto pra cá. – alisei minha barriga. – Vou engolir bem devagar, só pra sentir o gosto do seu néctar grudando na minha garganta e me dando sensação de catarro de porra, já ouviu falar, garotão?

            Ele fez uma cara de nojo que eu sabia que faria, afinal de contas, quando se passou em sua mente que outro homem teria prazer em ficar com a garganta inflamada por conta da presença irritante da porra concentrada e pegajosa agarrada na goela? Nunca.

            - Caralho, é por isso que falam que viado é foda, tá vendo? Puta que pariu! Hehehehehehe!

            - Viado, eu?

            - É claro, porra! Tu não vai tomar minha porra, seu viado?

            - Olha só, eu sou casado com mulher, tá? Posso estar interessado em você sim, mas viado eu não sou.

            - Ah, tu tá de sacanagem, né, paizão? Tá se amarrando em pagar pra ser o meu viadinho e agora vai cantar de macho pra cima de mim? Pega a visão, pô!

            Ao mesmo tempo que fiquei puto por ter sido chamado daquela forma, confesso que também me senti um pouco mais à vontade, porque o sacana falou como se a gente já tivesse algum tipo de laço, mesmo que fosse financeiro e indiretamente sexual, sem contato íntimo direto entre nós.

            - Vamos manter o respeito? – pedi. – Não precisa me chamar assim.

            - Ué, mas não tô te chamando de viado pra desrespeitar, não, maluco. Tô mandando a real, porra! Tu não curte cheirar meu saco na cueca? Não disse que vai tomar meu leite? Então, caralho! Tá com dificuldade de entender que é viado por quê? Vai entrar em negação uma hora dessa comigo? Até eu já aceitei que sou o teu garotão, pô, agora é tu quem vai pagar de incubado?

- Acho viado uma palavra muito forte. Eu me vejo mais como um... Sei lá, um admirador da beleza masculina, só isso.

- Admirador, é? Então admira aqui o cheiro do meu caralho, vem? – bruto e truculento, ele pegou na minha nuca com uma só mão e desceu meu rosto diretamente entre suas pernas, me botando pra inalar o odor presente no volume do short. – Aí, tá vendo como tu é viadinho sim? Se não fosse viado não tava cheirando minha rola, safado! Hehehehehehe, filho da puta!

- Hmmmmss, seu moleque atrevido!

- Cala a boca que eu tô ligado que tu gosta é disso, seu corninho do caralho. Cheira minha piroca, cheira? Vai dizer que não curte? Deu até o Rolex na minha cueca usada, seu engole leite! Hehehehehe!

O filho da puta não me soltou, mas confesso que era exatamente daquilo que eu precisava, porque se dependesse só de mim, acho que não teria coragem suficiente pra cruzar as fronteiras e tomar liberdade com um macho de rua daqueles. Afinal de contas, como que um quarentão casado chega pra um desconhecido na rua e diz que pagaria para ser submetido, controlado e dominado? Foi como padecer no mais perigoso e quente dos paraísos. Eu sentia a musculatura molenga e maciça do membro avantajado do garotão deformando minhas narinas e seus hormônios explodindo na minha pele através do short.

- Ainda trouxe outro presentinho pra tu, não pediu? Olha como eu sou bonzinho, coroa. – disse isso e tirou um meião esgarçado do bolso. – Sente meu chulezão depois do futebol, vai? Tô ligado que tu se amarra, puto. Hhehehehe!

Mesmo podendo segurar a linha e evitar aquela situação, me deixei levar completamente e parei de resistir, inspirando e absorvendo o máximo do cheiro dos pezões temperados do pilantra pra dentro de mim. Agora, quanto mais ele mexia minha cabeça e me servia com seus odores, fragrâncias e texturas, mais eu ficava excitado, meu pau subia e o cuzinho piscava sem parar, pulsadas atrás de pulsadas.

- Já pensou se eu tiver te passando a perna e essa meia aqui for de algum colega meu? Hehehehehe! Só não garanto que o parceiro seja tão caralhudo e cheiroso quanto eu. Hahahahahaha!

- Você não faria isso, seu abusado. – murmurei. – Não seria maluco de me enganar. Seria?

- Ah, tu já tá ligado na minha. Não daria a meia de outra pessoa pro cara que me deu o Rolex dele, tu já pegou a visão. Fora que agora eu mesmo tô curioso pra ver tu sendo viadinho na minha frente.

- Como assim ser viadinho na sua frente? – fiquei muito excitado com os rumos que as coisas estavam tomando, confesso.

- Tu não disse que vai tomar meu leite?

- Diss. E vou.

- Então. Mais cinquentinha na minha mão e eu mesmo faço questão de te dar minha gala na boca. Mas ó, só se tu topar eu te chamar de viadinho, paizão. Dou até o dedo na tua goela pra tu chupar, mas tem que aceitar que eu brinque contigo.

Parei por uns instantes, analisei a situação e pensei bastante no tempo que ainda tínhamos pra continuar ali dentro do carro antes que minha esposa começasse a ligar no celular. O corpo incandesceu, eu peguei fogo e me abri aos desejos carnais que possuía dentro de mim, cedendo ao máximo das vontades daquele macho em forma de pivetão largado e folgado.

- Pelo visto você só quer rir da minha cara, não é?

- Tu não me chamou de moleque? Então, porra, agora eu quero brincar mesmo. Tá a fim de comer porra na minha mão? Te dou, é só botar mais cinquentinha na minha. Leite de flamenguista marrento, né o que tu quer? Esperma saído direto do meu saco, né isso? Só pagar, tem terror nenhum. – ele deu o ultimato, parou de forçar meu rosto entre suas pernas, esticou a mão pra mim e esperou pela resposta.

Totalmente rendido e pegando fogo de vontade de literalmente comer na mão daquele machinho abusado, peguei uma nota de cem e o paguei pela porra e também pela aplicação do leite na minha boca. Tão rápido ele entendeu o recado, se empolgou, abriu bem as pernas no banco do carona, depois pegou o pote cheio de sêmen e passou o dedo indicador na gozada fresquinha, trazendo uma quantidade absurda de massa de gala junto consigo. Parou o dedo sujo e melecado na frente do meu rosto, riu de canto de boca e arregalou os olhos, tão curioso quanto eu pelo que aconteceria a seguir.

- Abre o bocão pra comer o esperma do pai, vai, viadão? Quero ver se tu é bicha mesmo, até agora não tô acreditando muito. Hehehehehehe!

- Moleque, você não me provoc-

- Sssh, aqui tu não fala nada, só obedece o flamenguista no comando, sacou? – rápido e provocativo, ele me instigou com um tapinha no rosto e apontou o dedo na minha fuça. – Cala a boca e bota a língua pra fora, é só o que tu tem que fazer. Bora, anda. Cadê o linguão?

Tomado por fogo me lambendo pelo corpo todo, hesitei brevemente, mas logo obedeci, abri a boca e coloquei a ponta da língua pra fora. Sem tempo a perder, ele puxou pela ponta mesmo e me botou praticamente de bocão arreganhado, para em seguida lascar metade do dedo indicador gozado quase até minha goela. A próxima sensação foi de meio quilo de mingau encorpado e grosso virando por cima da língua e simplesmente escorregando até à garganta, com um trajeto esbranquiçado da leitada sobre as minhas papilas gustativas. Foi quase como um catarro delicioso de engolir e de sentir atravessando as amídalas, sendo que era a carga de porra quente e venenosa de um moleque folgado, pipeiro, rueiro, e que tinha chulé do futebol.

- Isso, viadinho, é assim que se faz. Toma tudo, vai? Delícia, leitinho que eu tirei na base do punhetão, tu tá ligado? Cheguei no banheiro, sentei no vaso, abri as pernas e dei um cuspidão na mão pra ficar escorregadio. Soquei uma braba com esses dedos, tá sentindo? – o malandro perguntou, pegou mais esperma pegajoso na palma da mão e em seguida esfregou diretamente na minha língua aberta. – Come a proteína da minha bola, vai? Engole tudinho pra eu ver, senão não vou botar fé que tu é viado mesmo, paizão. Cadê?

Fiz o que ele mandou e senti o maior prazer em satisfazê-lo. Foi como se o corpo tivesse nascido pra cumprir as ordens dadas pelo sacana, obedecendo cada comando antes mesmo de eu pensar na possibilidade de recusar. Em questão de minutos, eu já tava com os dois dedos do marmanjo enfiados na goela, tomando dedada nas amídalas e o deixando chegar cada vez mais longe, explorando os caminhos babados e quentes do meu paladar. A gozada era maciça, clorificada, salgada e muito gostosa de engolir, deixando a impressão de ficar garrada na garganta quando eu botava pra dentro.

- Isso aí, meu viado, tu sabe como deixar teu macho feliz. Deixou o sobrinho orgulhoso, titio. Hehehehehehe! Falta pouquinho pra terminar e tu já quer mais, né? Quero só ver se no dia das mães vai me dar parabéns, porque o tanto que eu te amamentei hoje nem tu acredita, dá o papo. Hehehehehe!

Os movimentos se repetiram mais de três vezes, sempre com o marrento usando um ou dois dedos pra recolher a sopa de esperma de dentro do potinho e passar na minha língua como se fosse a manteiga no pão. Ele fazia tudo isso sorrindo, sem fechar as pernas e mantendo os olhos fixos na minha cena de engolidor de porra, repetindo os gestos até acabar com toda a carga de galada do tubinho.

- Ó? – mostrou o pote vazio. – Nadinha, tio. Ainda lambeu os beiços, gosto assim. Quero que tu chegue em casa e beije a boca da tua esposa com o cheiro e o gosto do suco do meu saco, viado. Pegou a visão?

Fiz que sim com a cabeça, ele pegou o meião suado e limpou o resto de gala grossa que ficou nos meus lábios. Antes de finalmente sair e me deixar a sós, o cretino ainda avistou a foto da minha filha mais velha no espelho retrovisor, pegou o retrato nas mãos e riu em deboche.

- Ih, caô que tu tem uma filha da minha idade, coroa? Porra, podia desenrolar pra eu papar a buceta dela e ser teu genro, ein? Já pensou, eu comedor de buceta, morando na mesma casa que tu, tua filhota e tua esposa? Ia ser o luxo, fala tu? Hahahahahahahaha!

- Seu moleque atrevido, você não existe mesmo.

- Não existo, mas tu se amarrou em vim me procurar em Bonsucesso, ein? Tô ligado já na tua, paizão. Sei que tu tem é muito dinheiro e o que não me falta aqui é gala nas bola pra te deixar pobre e gordo de tanto comer leite. Quem será que seca primeiro, meu saco ou a tua carteira?

- Tá a fim de descobrir, garoto?

- Eu tô. E tu, vai pagar pra ver?

- Claro que pago. Já disse que te achei bonitinho, não já?

- É. Assim que se fala, titio. – alisou meu rosto, deu um tapinha com ternura e riu, fazendo questão de me analisar aos poucos.

Ficou evidente o quanto o macho me viu como seu saco de dinheiro naquele momento, seu objeto para uso e enriquecimento pessoal, assim como vi nele a minha oportunidade de ser submisso do jeito que sempre quis ser. O sacana se preparou pra sair do carro, guardou o dinheiro no bolso e se despediu. Antes disso acontecer, seus olhos famintos e curiosos avistaram o segundo detalhe oculto dentro do veículo: um cartão de contato do meu trabalho no bolso da minha blusa. O folgado pegou o pedaço de papel nas mãos sem eu perceber, leu do que se tratava e foi nesse momento que a verdadeira empolgação explodiu, resultando numa ação que mudaria para sempre as nossas vidas a partir dali.

- Caô que tu trabalha em hotel, velhote?

            - Pra que você quer saber? – tentei fazer que nem ele, mas não tive o mesmo jeito e o puto logo se deu conta.

            - Oh, pode parando de bancar o valente comigo. Tu trabalha mesmo em hotel?

            - Trabalho. Sou dono, na verdade.

            - DONO?! – ele gritou. – TÁ DE SACANAGEM!?

            - Ei, ei, calma. Pra que o espanto? Sou dono, não te disse que tenho dinheiro?

            - Puta que pariu, e eu aqui aceitando só cinquentinha de esmola pra te dar meu leite, vai se foder!

            - Trato é trato, garotão. Uma coisa de cada vez e quem sabe eu não aumento essa sua mesada?

            - Não, tu não vai só aumentar a minha mesada, não, meu viadinho. – pôs novamente a mão na lateral do meu rosto, mexeu o dedão sujo do resto de porra e esfregou nos meus lábios, querendo entrar na minha boca. – Tu quer ser a minha putinha de estimação e continuar comendo mingau toda semana?

            - Você promete que não vai parar de me dar leite?

            - Prometo, mas só se tu der tua palavra de sujeito homem e topar ser meu viado na coleira. Tá a fim? Mas ó, é um caminho sem volta. Vai ter que fazer tudo que eu mandar, coroa. Hehehehehehe!

            - Afff, seu abusado... Tem alguma coisa que você peça que eu não sinta vontade de fazer? Só de olhar essa sua cara de safado, esse bigodinho fino e loiro...

            - Tu gosta, né? Hehehehehehe! É disso mesmo que eu tô falando. Pra ser meu viadinho tu vai ter que fazer uma parada muito foda pra me fortalecer, pegou a visão?

            - Mais do que eu já tô fazendo?

            - Mais. Eu não tava ligado que tu era dono de hotel, porra!

            Quando ele disse isso, aí sim a minha ficha caiu e eu comecei a entender quais eram os planos do pivetão. Pra ser sincero, devo dizer que o pilantra não jogava pequeno, muito menos jogava pra perder. Bastou saber com o que eu trabalhava e o malandro sentou a mão dominadora em tudo que podia alcançar de mim.

            - Quanto você quer agora? Só me diz o valor e eu pago, garoto. Já te expliquei que eu tenho condição, não já? Só falar.

            - Quanto eu quero? Melhor tu anotar: eu quero passar a noite na melhor suíte do teu hotel, se ligou? Quero ficar, como? De patrão lá, que nem o Messi quando chega na Argentina. Quero hidromassagem, quero comer lagosta, beber várias garrafas de espumante, jogar videogame e andar peladão o tempo todo, só de roupão. E enquanto eu tiver lá, é tu que vai me servir as paradas. Quero ser mimado pelo meu tio pagão que tanto me chama de moleque. E aí, tem coragem de pagar tão alto assim?

Silêncio. A gente se olhou cara a cara, ele segurando o riso e eu bastante sério. A aliança no meu dedo pegou fogo, senti como se a pele estivesse queimando, mas isso aconteceu ao mesmo tempo em que a palma suada da mãozorra do macho marrento também aqueceu meu rosto, com o maior cheiro de esperma fresco tomando conta da minha boca e também do carro onde eu levava a família pra jantar aos domingos. Era simplesmente um molecote desconhecido, pidão e me tendo em suas mãos como bem entendia, brincando comigo e fazendo de mim diversão, férias, lazer. Prazer.

- Mas não pensa muito, não, senão eu desisto de me vender e aí tu fica sem casquinha pra tirar de mim, já é?

- Tudo bem, eu topo. – não aguentei a chantagem sexual e paguei o preço mais alto de todos.

- Tu tem mesmo coragem pra isso?

- Eu sou feito de coragem, garoto. Não estamos aqui? Eu já não comprei sua cueca, já não troquei de relógio contigo e tomei leite quente? Então. Só por uma noite não tem problema, eu te coloco na suíte presidencial. Mas você tem que me prometer que não vai sair do quarto pra nada, escutou?

- E eu vou precisar sair? É só tu dar a tua palavra que vai me servir e eu não vou ter que sair pra nada. Temo ou não temo um trato? – esticou a mão na minha direção e esperou.

- Temos. – respondi e o cumprimentei de volta, selando nosso pacto.

Nem eu e nem ele sabíamos o nível cataclísmico que esse pacto sexual e financeiro teria em nossas vidas. O aperto de mãos chegou a soltar uma faísca carregada, de tão forte e perigoso que foi o nosso encontro inesperado em Bonsucesso. Tudo começou com um quase atropelamento e agora estava indo para...

- Eu te levo comigo na sexta, pode ser? É o melhor dia pra mim, porque posso dormir no hotel sem a esposa em casa desconfiar. Passo aqui de tarde e te busco, que tal?

- Sexta agora? À tarde? Mesmo horário?

- Mesmo horário, garotão. Fechado?

- Fechado. Te aguardo.

O marmanjo então abriu a porta do carro, me deixou com o potinho vazio, o meião suado, e saiu. Aí eu lembrei de perguntar o óbvio, chamei por ele e o moleque voltou na janela.

- Qual é o seu nome? – perguntei.

- Me leva sexta-feira pra suíte presidencial que eu te falo meu nome. Vai ter que registrar lá no hotel, não vai? Então, tu vai ficar sabendo de qualquer jeito.

- Hmm, tudo bem, vamos fazer do seu jeito.

- Vamo, tio, é claro que vamo. Tem que ser sempre do meu jeito. – debochou. – É por isso que eu gosto tanto de tu, tá vendo? Tu me enche de moral, é disso que eu gosto. Hehehehehee! Te vejo na sexta, coroa. Tamo junto!

Eu nunca pensei em pagar por sexo na minha vida, principalmente sexo com outros homens. Sempre me senti muito bem estando casado com a minha mulher, por isso nunca achei necessário investir em qualquer tipo de putaria na rua, só que isso mudou drasticamente depois que conheci aquele macho vadio, rueiro, pipeiro e de bobeira na vida. Um garotão de dezoito anos, folgado, marrento, cujo chulé delicioso ainda estava presente nas minhas narinas, junto com o meião de futebol que eu fui cheirando até chegar em casa. Até entendo que eu poderia pagar por rapazes mais atraentes, gostosos e realmente profissionais, mas quem eu queria era tão somente o pivetão moreno, todo largado no jeito de andar e sem nenhuma pretensão de ser garoto de programa. Foi ele que eu sem querer joguei pra cima do carro quando nos conhecemos, mas que agora me servia seu leite extraído diretamente do saco, assim como cuecas usadas, roupas suadas e outros acessórios carregados de testosterona inflamada e explosiva. Foi esse malandro safado que deixou minha garganta com catarro de porra, meu carro com o cheiro forte de seu suor e a minha gaveta de cuecas tomada por sua fragrância única, entorpecente e tão instigante. Até seu chulé me deixava seduzido, com muito tesão nos mamilos e no cuzinho peludo, doido pra ser dominado feito fêmea e possuído de fora pra dentro por um abusado insistente e doutrinador feito aquele puto insolente de Bonsucesso. Ele sabia como brincar comigo em suas mãos, ao ponto de fazer eu me masturbar diversas vezes já na garagem de casa, por ser incapaz de chegar no banheiro sem render homenagens aos seus meiões, cuecas e ao pote vazio de leite.

Minha atração pelo novinho atrevido apareceu de um jeito natural e muito inesperado, por isso nem pensei duas vezes na hora de me submeter à sua vontade petulante e truculenta, só aceitei todos os pedidos, abracei a rivalidade flamenguista e mergulhei de vez no meu lado submisso, transformando nosso caso acidental e financeiro em algo mais esporádico, rotineiro e quase que firme. Antes mesmo da sexta-feira chegar, passei outras vezes pela ruazinha das árvores em Bonsucesso, perto da linha do trem, porém não encontrei com meu abusado favorito nesses outros momentos. Na quinta-feira, um dia antes do dia que marcamos, avisei pra minha esposa que muito provavelmente passaria a noite de sexta pra sábado no hotel em Itaguaí devido à sobrecarga de afazeres e ela logo entendeu, sendo sempre bastante compreensiva com o meu lado profissional, porque me conhecia e sabia que era comum eu dormir no trabalho às vezes, pra ajustar umas coisas quando necessário. Meu hotel era referência na região, desde os tempos do meu avô, por isso era comum que eu passasse dias e noites resolvendo pendências em Itaguaí em vez de retornar pra casa. Assim, na sexta-feira eu me despedi da família de manhã cedo, saí de casa com a mochila já feita e fui direto pro trabalho, me programando pra resolver as demandas diárias cedo e ficar mais livre à noite. Admito que fiz as coisas com mais pressa do que o normal e isso chamou a atenção do meu funcionário mais fiel, que notou meu comportamento eufórico e fez questão de comentar.

- Que isso, chefe? Hoje tem Vascão?

- Não, pior que não tem, Gabriel. É só que... O afilhado de um senador importante deve aparecer aqui mais tarde e vai ficar até amanhã. Tô meio preocupado se tá tudo perfeito pra ele, porque o cara com certeza vai postar que tá hospedado aqui pros seguidores dele, entendeu?

- Pode deixar comigo que eu vou lá ver se a suíte presidencial tá nos trinques, chefia. Não demoro.

- Faz isso. Mais tarde eu mesmo também vou conferir se tá tudo nos conformes.

- Tranquilo. Já volto, chefe.

Minhas mentiras estavam ficando cada vez mais compulsórias, articuladas e complexas, confesso, mas era o único jeito de disfarçar pros meus funcionários a presença de um moleque folgado, marrento, vadio e saliente circulando pelos corredores do hotel sem pagar nada. Mesmo que ninguém ali fosse fofoqueiro, todo mundo sabia que eu era casado e que minha esposa às vezes aparecia pra ficar por dentro do que tava rolando, então procurei estar bastante precavido para que nenhum dos funcionários falasse da presença extrovertida e atraente do pivetão cruzando o saguão principal e se instalando numa das suítes presidenciais. Ninguém sabia da verdade, só eu e o...

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