quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

BATE-BOLA, capítulo um [AMOSTRA GRÁTIS]

 


1. EU SABIA QUE ESSE CARRO IA DAR PROBLEMA

[Final de janeiro e começo de fevereiro, antes do carnaval começar...]

9h25.

- "Continuam foragidos os gêmeos presidiários que escaparam da prisão no fim do ano passado! Já é o terceiro ano consecutivo que isso acontece. Se você tiver qualquer informação do paradeiro de Ítalo ou Ícaro Souza, os gêmeos criminosos que fugiram da penitenciária em Salvador, ligue para..."

Escutei a voz do repórter passando as informações no jornal, mas não consegui identificar as imagens na tela rachada do pequeno televisor.

- Gêmeos fugitivos, ein? – falei comigo mesmo, enquanto coloquei a chave do carro em cima do balcão. – Terceira vez seguida que os caras fogem e ninguém faz nada? Que merda! Da outra vez foi aquele tal de Lázaro fugindo e matando todo mundo, agora isso.

Na minha frente, de pé do outro lado do balcão, a senhora baixinha, morena e coroa começou a rir, ao mesmo tempo que me entregou um copo americano quente e cheio de café com leite.

- Até parece que cê não conhece o país que mora, meu fio. Hehehehehe! – carregada de sotaque baiano, ela respondeu e pôs o saleiro perto de mim. – Todo mês foge duas, três cabeça lá da Mata Escura. E vô te falá, é bom rezá pra nenhum desses verme aparecê aqui pra se escondê, painho, que da última vez já foi uma moléstia. Num foi, ô Matilde?

A senhorinha pôs as mãos nas cadeiras, virou pro lado e falou com uma outra coroa, a que tava fritando ovos, tapioca e pães na chapa do fogão. Assim que ouviu a pergunta, essa segunda mulher levantou a mão e fez sinal positivo com o dedo polegar, confirmando o que a amiga do balcão tinha acabado de me dizer. É claro que senti um frio na barriga.

- Sério? – não contive a reação sincera. – Nossa! O que rolou por aqui?

- Os presídio é tudo aqui perto, fio. Vira e mexe aqueles puto foge e entra nesses ônibus, ou então pula na caçamba dos caminhão que passa na rodovia. É difícil vê uma viatura por aqui. Num é, ô Matilde?

Mais uma vez e de um jeito meio cômico, ela se equilibrou com as mãos na cintura, olhou pra janela da cozinha e esperou pela reação da senhora que fritava comida na chapa. A cozinheira confirmou e isso me deu vontade de rir, não fosse pelo teor sinistro da conversa entre nós, que me deixou mais assustado do que rindo. Quem é que fica animado de saber que tá tomando café da manhã numa pousada na beira da estrada, onde fugitivos perigosos de uma prisão próxima podem entrar a qualquer momento? Até o pão na chapa com ovo frito que eu tava comendo no balcão murchou.

- Eu só sei que se quebrarem meu bar de novo, eu vô é dá tiro em cima de todo mundo. Quero nem sabe. Tô certa ou num tô, ô Matilde?

Um calor daqueles bem abafados, eu cheio de fome e com o corpo queimado de sol. Estava voltando da Bahia depois de ter passado parte das férias de janeiro com a minha família em nossa terra natal, Feira de Santana. Fiz uma longa viagem de carro e agora voltava pra cidade onde moro, o Rio de Janeiro, por isso tive que dar algumas paradas, tanto pra cochilar quanto pra comer, abastecer o veículo e usar o banheiro. Devo dizer que tava bastante puto, pois esperei aproveitar a viagem pra trepar com tudo quanto era macho diferente, no entanto choveu pra caralho e eu praticamente não saí de casa, fiquei literalmente no zero a zero. Ainda tinha muitas horas de viagem pela Rodovia BR-116 pra fazer, então achei melhor parar pra tomar café na pensão, mas só até ouvir o noticiário violento e perigoso da região.

- "Ícaro Souza é o gêmeo mais velho e responde por diversos roubos, assaltos à mão armada e até um sequestro relâmpago, sendo um homem de comportamento agressivo, sádico e extremamente violento.” – o repórter na TV voltou a explicar a situação dos irmãos fugitivos. – “Qualquer informação a seu respeito é totalmente sigilosa, além de valer uma recompensa de 7 mil reais."

Com a tela toda rachada, foi difícil visualizar a foto dos gêmeos, o que acabou até sendo bom, porque eu tenho um medo inexplicável de retratos falados e fotos de bandidos. Me causam um certo mal-estar, como se eu fosse virar pro lado e dar de cara com o rosto daquela pessoa me encarando pela janela. Só deu pra identificar a face bruta de um marginal com muito semblante de ruim, bem mal encarado mesmo: a barba desgrenhada no queixo e nas bochechas finas, alto, aparentemente troncudo, forte, dos ombros largos, com uma das sobrancelhas riscadas, tatuagens no pescoço e também sob um dos olhos castanhos. O cabelo cortado em moicano baixo, a pele parda e os lábios grossos, bem escuros.

- Sete mil! Sete mil conto no bolso, já pensô, fio!? A gente nunca teve nem mil, né, Matilde!? HAHAHAHAHA! Que falta faz uma graninha dessa, ô pai.

Da cozinha, a mulher na chapa confirmou com o dedo polegar e adicionou algum ingrediente delicioso na mistura da comida que estava fazendo. Subiu uma fumaça e um cheiro muito bom, isso abriu meu estômago e eu finalmente voltei a comer o pão com ovo frito no prato à minha frente. Enquanto comia, escutei a voz do repórter informando os números de contato para denunciar os gêmeos e achei interessante guarda-los, só por via das dúvidas. Tirei o celular e a carteira do bolso numa mão, segurei o copo quente de café com leite na outra, foi aí que alguém passou sorrateiramente do meu lado, me deu um susto e o tempo parou de repente.

- Opa! – me desequilibrei.

Em questão de pouquíssimos segundos, virei muito rápido com o corpo, esbarrei com o cotovelo e derrubei todo o líquido do copo por cima da roupa do sujeito, chamando atenção da coroa no balcão, que tratou de me dar um esporro na mesma hora.

- Eita, foi m-

- Puta que pariu! Olha só a lixeira que cê tá fazendo no meu bar, peste! – ela berrou e foi pegar um pano.

- Mil desculpas, de verdade! Eu tava prestando atenção em outra coisa e acabei me distraindo. Ia salvar o número... – olhei pra cima e dei de cara com aquela figura excêntrica me observando e analisando meu jeito atrapalhado de fazer as coisas. – Nossa, eu...

O tempo estava parado. Perdi as palavras quando notei o par de olhos azulados, sérios e ao mesmo tempo serenos focados em mim. Pareciam ter um brilho marrom em volta, mas foi o azul que mais chamou minha atenção, quase ciano e de uma intensidade viva. Até demorei pra perceber que o cara tava TODO vestido de bate-bola, isso porque consegui ver através da máscara colorida em sua fantasia e só dei atenção inicialmente à cor dos olhos me decifrando de cima a baixo.

- Desculpa! – quase gaguejei. – Eu te sujei...

- Relaxa. – a voz grave do homem deixou meu corpo frio e travado.

Nesse exato instante, o âncora do jornal voltou a falar, sendo que eu não consegui parar de olhar o sujeito nos olhos claros. Seu semblante me passou tranquilidade, serenidade, mas alguma coisa me disse que tinha algo de errado ali. Por que ele tava fantasiado, afinal de contas? Será que era pela chegada do carnaval?

- "Ítalo Souza, por outro lado, só responde por formação de quadrilha com o irmão, não tendo qualquer tipo de crime hediondo na ficha criminal." – a voz do apresentador do noticiário continuou explicando. – "É até engraçado, porque, segundo nossas informações, nas últimas vezes em que foi capturado, foi o próprio Ítalo que se entregou à polícia. Os agentes confirmam que Ítalo é pacífico, um preso incomum. É isso mesmo, produção?”

Na tela do televisor rachado surgiu o gêmeo mais novo, que aparentou estar tranquilo e com um certo ar de serenidade. Um pouco mais magro do que o irmão raivoso, sem barba, com a cara lisa, mas igualmente tatuado e de olhos castanhos, tendo a pele em tom de café e os lábios também grossos. Os dois eram fisicamente bastante parecidos, apesar das poucas diferenças visíveis, como a ausência de barba e um corte de cabelo diferenciado. Ouvir o som do televisor me fez lembrar que eu ia salvar os números de contato da polícia local, só que, no auge do tempo parado, a única coisa que pude sentir foi a mão do cara fantasiado de bate-bola alisando minha cintura, tudo isso rolando no clímax de eu ter jogado café quente por cima da roupa dele. Na pressa, peguei uns guardanapos no balcão e tentei ajudá-lo a se limpar, apesar de ser inútil.

- Juro que foi sem querer, eu tava assus-

- Shhh, já disse que relaxa. – ele insistiu em me acalmar.

Eu nervoso, o cara todo tranquilão, na dele, muito embora eu não conseguisse ver seu rosto completamente, apenas os olhos azulados por entre a típica máscara de bate-bola “Clóvis”, toda colorida e cheia de brilhos, purpurina, joias e paetês.

- Eu vou só ali... – o sujeito apontou num sentido, depois botou a mão por cima do volume entre as pernas e meio que deu um aceno de cabeça na direção interna do bar. – No banheiro, dar uma limpada.

Segurou a peça, olhou pra baixo, conferiu o material, apertou firme o pacote de pica e me olhou no fundo dos olhos, como se PRECISASSE que eu VISSE o que vi. Nunca imaginei que receberia uma puta rabiscada dessas, numa estrada qualquer, principalmente de um cara tão perdido quanto eu no trajeto. Por que ele tava vestido de bate-bola? Era só o que eu queria saber.

- Deixa que eu arrumo, sai logo daí! – a senhorinha dona da pensão voltou com o pano e me puxou do assento, pronta pra limpar o lugar.

De pé e perdido no que fazer, me vi meio que sozinho no balcão, escutando a voz do âncora do jornal falando sobre algo que já nem me lembrava exatamente o que era. O homem fantasiado havia entrado pro banheiro e me deixou seco de vontade de segui-lo. Só consegui me ater ao fato de que viajei pra aproveitar as férias e não dei a bunda pra ninguém na Bahia, então ainda queria muito ser dominado, controlado, mexido por dentro por um macho desconhecido e truculento, bem do jeito que todo viado submisso e cadelo feito eu merecia. Devido às circunstâncias, não pensei duas vezes e deixei a curiosidade e o fogo no cu falarem mais alto. Quando fui andando na direção do lavabo, ouvi o barulho de alguém entrando no bar, mas nem fiquei ali pra ver quem era, só imaginei encontrar novamente com aquele sujeito aleatório e ajuda-lo a limpar a bagunça que eu mesmo causei em sua fantasia.

- “Será que esse maluco tava dando em cima de mim mesmo?” – pensei. – “Tipo, na cara de pau assim? Que sem vergonha ele ter pegado no pau.”

Passei pelo corredor da pensão, atravessei a portinha do banheiro e, assim que entrei, já senti o cheiro adocicado e refrescante da essência de bate-bola, me dando a certeza de que estávamos no mesmo cômodo. Andei até o mictório e ali estava o bofe dos olhos claros, com a rola pra fora da fantasia e mijando pesado na chapa metálica. Parei ao seu lado, ele me viu e ficou encarando brevemente, como se quisesse entender o porquê de eu ter escolhido aquele mesmo metro quadrado pra mijar.

- E aí, conseguiu limpar? – não segurei a curiosidade e olhei pra baixo, na intenção de manjá-lo na cara de pau.

Era um caralho não tão grosso, mas longo! Um jebão grande e da pele escura, que me deu a impressão de que o homem por trás da máscara era negro da pele clara, o típico moreno em tons pardos. A tromba tinha aparência rupestre, feita às pressas em garranchos, bem do jeito que eu gostava, e era cabeçuda mesmo estando flácida, ao ponto da chapoca ficar permanentemente marcada sob o prepúcio espesso. As bolas grandes e pesadas no saco tímido. E o que dizer da pentelhada cheia lotando o púbis do safado? Quase lambi os beiços, de tão bem servido que me senti diante da rola preta do bate-bola. Só conseguia pensar: “é esse macho que vai saciar minha vontade de ser currado na maldade antes de voltar pro Rio de Janeiro”.

- Limpei, limpei sim, irmão. E tu, veio procurar o que aqui? – o puto fez a pergunta, sacudiu a jeba grandalhona e seguiu soltando mijão farto no mictório, chamando minha atenção pro eco do jato enchendo o banheiro. – Perdeu alguma coisa?

- Perdi não, só vim ver se eu não te queimei com o café. Tava tão focado na televisão que nem reparei quando você passou do meu lado. Foi mal mesmo, bicho.

Novamente o macho balançou a pica mole, deixou a mijada cair e chegou naquele estágio final em que o mijo só sai mediante pulsadas, sendo que cada estanque dele deixou minha boca cheia d’água e resultou no estado de meia bomba da rola escura. Conforme o sacana sacudiu pras gotas de urina saírem, eu acompanhei com a visão fixada na ferramenta, deixando o malandro ter a certeza das minhas intenções naquele banheiro. Meu desejo era apenas um: ser feito de cachorra por um putão bom de pica, só isso. Era pedir demais?

- Que foi? – ele perguntou pausadamente. – Gostou da piroca, piá?

Mesmo sob a máscara, eu soube que ele deu um sorriso malicioso pelo jeito sacana com o qual me fez a pergunta. Enquanto falou, o pilantra ainda veio se aproximando de mim e eu quase tremi de nervoso, mesmo querendo que rolasse a putaria. Acho que foi pela tensão sexual do momento, por assim dizer, já que a única coisa em que consegui pensar foi em ser dominado em pleno banheiro da pensão e por um homem totalmente desconhecido, cujo rosto eu sequer havia visto ainda, tampouco sabia seu nome.

- O gato comeu a tua língua, fiel? Piazinho. – o cara tornou a perguntar.

Não respondi de imediato, porém não tirei os olhos da estaca preta que o bate-bola tava segurando entre os dedos, apontada na minha direção. Crescendo, ficando corpulenta, dando estanques e se mostrando incapaz de ser observada sem reagir à altura. E que altura! A bengala inchou em pouco tempo de exibicionismo, mudou de envergadura e trocou de forma bem diante dos meus olhos, ao ponto de eu ser capaz de babar ali mesmo, na frente do roludo anônimo. Até meu cuzinho deu uma piscada saliente nessa hora, não posso mentir, os mamilos endureceram e eu logo soube que a putaria estava armada.

- Cê tem o maior rolão, ein, cara? – finalmente respondi. – A sua mulher com certeza é a maior sortuda, com todo o respeito! Hahahahaha!

Foi eu dizer isso, o macho soltou a cobra e mexeu a cintura bruta de um lado pro outro, transformando a tromba numa verdadeira jamanta, cada vez mais longa e mais dura. A tora chegou a mudar de ângulo e começou a tomar rumo por si só, como se tivesse vida própria durante as latejadas intensas. Nesse balancê, a ponta da pica soltou vários pingões de mijo quente no chão e eu lambi os beiços de fome e de sede de macho.

- Que mulher o que, paizão. Tô voltando da pré-folia em Salvador, não peguei ninguém naquela porra, só gastei dinheiro em fantasia. Agora tô aqui, de pau durão na pensão. E tu, tá viajando pela estrada também?

- Tô, tô. Também tô vindo da Bahia, indo direto pro Rio de Janeiro. Olha que coincidência, eu também não dei sorte nessas férias, sabe? Tava crente que ia me divertir e aproveitar ao máximo, mas não encontrei o que eu queria.

- Não encontrou? E como é que um piá feito tu aproveita ao máximo? – ele fez a pergunta, olhou pra baixo e observou a peça de carne mijada segurada na própria mão.

Antes de responder, lambi os beiços outra vez, manjei a pistola e quase babei por cima da extensão avantajada da vara preta e cabeçuda do marmanjo.

- Bom, tem vários jeitos de me divertir e aproveitar ao máximo, amigo.

Dei a resposta, estiquei o braço e encostei no peso quente e massivo do caralho alongado, escuro e esticado por natureza. Mais de dezoito centímetros, sem nem precisar de régua pra medir. Na verdade, era a tromba do bate-bola que devia ser usada pra medir as outras coisas. Apertei seu trombone, o sujeito me deixou à vontade e chegou o corpo pra frente com o quadril, como se quisesse me ver bem servido na linguiça toscana. Pra completar, a jararaca engrossou de tom no contato com a minha pele, cresceu mais absurda do que antes e seu peso exagerado deixou meus dedos tremendo de nervoso, tão aficionado e eufórico que fiquei.

- Será que tomar leite de macho no meio da estrada é diversão pra tu, fiel? – o moreno perguntou, passou a mão no cabeçote da pica e levou até meu nariz, pra eu sentir seu cheiro íntimo, o odor de sua testosterona quente misturada com a essência de tutti-frutti da fantasia.

- Hmmsss, com certeza! Viajou de saco pesado o tempo todo, não comeu uma bucetinha e agora tá precisando de uma boquinha de veludo quente em volta dessa piroca, né, safado? – instiguei.

- Boquinha não é meu forte, tá ligado? Só se for assim, carnuda e de vagabunda que nem a tua. – aí alisou meus lábios com o mesmo dedo que passou na chapeleta da caceta, me temperando no cheiro e no gosto do mijão recente. – Dá aquela moral no paizão aqui, vai? Finge que eu sou um picolé e cai de boca no meu pau. Sabia que tu tem mó cara de piranha?

Em poucos segundos de papo foguento, a espada dele apontou pra cima, envergou no talo e pulsou firme, ficando quase trincada de tesão. Nesse impacto de ereção, o prepúcio recuou e deixou a chapoca preta aparecer naturalmente, nem precisou de toques pra arregaçar. Ele ficou literalmente tinindo, disparando estanques com a jeba e pedindo atenção, sem parar de me dar o próprio cheiro de rola no nariz. Não pensei muito e nem quis papo, ajoelhei ali mesmo, no mictório do banheiro da pensão à beira da estrada, e caí de garganta no mastro cavernoso do macho vestido de bate-bola, nem aí pra nada. Senti o freio robusto se esfregando na minha língua e enchendo minha boca de um suculento gosto salgado, a saliva ficou abundante em volta do tronco alongado e logo o cabeçote estalou lá no fundo da goela, dando uma latejada profunda e intensa nas minhas amídalas.

- Orrrfffff! Eita, boca quente do caralho! SSSS! – o puto travou meu crânio pelas orelhas, engatou o quadril e começou a arregaçar minha garganta, se aproveitando do atrito da jamanta com a língua. – Sabia que de onde eu vim tem muito viadinho submisso assim que nem tu? Hehehehehe! Fffffff, para não, isso!

Empolgado e excitado com o boquete, o cachorro suspendeu um pouco da parte frontal da fantasia e eu pude ver detalhes de seu tórax, incluindo o abdome tatuado, a leve pancinha de parrudo e os exagerados e enormes pentelhos negros, em quantidade abundante e chamando muita atenção. Nada melhor pra um boqueteiro profissional do que chupar uma trave que preenche a boca inteira e ainda por cima farejar a pentelhada farta do macho sendo mamado, não é verdade? Sendo assim, abri o bocão, deixei a tora encarnar na garganta sem piedade, senti quentura e as orelhas pegaram fogo, puxadas como alças pelo bate-bola caralhudo e dominador.

- AAAARSSSS! Filho da puta do caralho! Onde é que viado aprende a mamar tão bem uma piroca, me diz? – ele me encarou com os olhos azuis, testemunhando enquanto eu tentava incansavelmente engolir toda a extensão da bigorna. – HMMM, FFFFF! Tu fez curso? OOORSSSSS! Tá mamando vara melhor que muita piranha por aí, papo reto! SSSSSS! Vai no talo, vai?

O bofe fez o pedido, ajeitou as pernas um pouco afastadas e foi estacionando a víbora pra dentro de mim, alocando mais de um metro de naja venenosa e peçonhenta no fundo da minha goela quente pouco a pouco. Ao fazer isso, nem o próprio cafajeste se aguentou e esticou o corpo todo, ficando na pontinha dos pés, arrepiado e olhando pro teto do banheiro da pensão.

- UUURRSSSS! Caralho! MMMMFFF, bezerrão da porra! Tudo isso pra ganhar suco do meu saco, é? Mama, fiel, mama! Para não, viadinho! MMMSSS!

Um vergalhão do tamanho de uma régua alojado na faringe, o membro latejando no poço da minha garganta e ficando cada vez mais pesado, maior, até um pouco mais grosso. Eu suguei a uretra tubular do caralho escuro, lambi a cabeça, rocei as papilas no freio e deixei a pilastra ir até o talo só pra sentir a raiz da pentelhada exagerada do bate-bola pincelando minhas narinas, além do cheiro aflorado de suor misturado com essência de tutti-frutti. Mó chupação do caralho, meu furico piscando sem parar e eu matando todas as sedes de masculinidade na marreta inchada de um putão desconhecido e tão morto de fome por putaria quanto eu.

- Chupa minha bola, vai? FFFFF! – pediu e suspendeu a pochete de ovos bem desenhados. – Sinto mó tesão nos ovos, viado! SSSS! Me amarro quando caem de boca na minha bola esquerda, pode caprichar na língua. MMMMM!

O pedido foi uma ordem. Qualquer pessoa poderia entrar naquele banheiro a qualquer instante, mas ignorei totalmente as circunstâncias, escorreguei pro escroto pentelhudo e comecei o banho de gato, linguando, mamando e sugando com pressão cada um dos bagos enxertados do viajante cafajeste. Enquanto pagava o boquete no saco, olhei pra cima e o vi mordendo os beiços por trás da máscara, cheio de tesão por conta da minha refeição oral ao masturbar sua caralha com a boca. Senti as bolas acomodadas no meu queixo, meus olhos começaram a lacrimejar de orgulho e só então o canalha liberou minhas orelhas, parando de usá-las como alças.

- OOORRFFFFF! Puta que pariu, mermão! Diz pra mim onde foi que tu aprendeu a cair de boca assim numa pica, diz? AAARSSSS! Aposto que tem uma porrada de viadinho que dá aulas na hora de mamar trolha, num tem não? FFFFF!

O puto esticou a rola, botou retinha na minha direção e deu várias pauladas na minha fuça, derrubando babão e saliva no chão do banheiro.

- Chupa só a cabeçota. Isso, porra! OORSSSSS! Safado! Esse curte mesmo um boquete, tô vendo. MMMMFFFF!

Obediente que só, permaneci de joelhos, sugando o instrumento cabeçudo e escuro do bate-bola, ao mesmo tempo que massageei seus culhões com uma mão. Ele praticamente se perdeu, suando bastante e às vezes fazendo movimentos involuntários com as coxas, de tanto que se viu concentrado em marretar a minha garganta. Foi aí que a cabeça da tora inchou, o peso da caceta aumentou e pude sentir um gosto salgado de pré-porra vazando na língua, como se ele estivesse prestes a gozar.

- SSSSSSS! Caralho, tô quase enchendo a tua fuça de leite, viado! UUURRFFFFF! – controlou minha cabeça, esfregou a chapoca por dentro das bochechas e tremeu na base. – AAARFFFF! Que delícia de goela quente, porra!

Nas poucas vezes em que parei de chupar, fiquei olhando pra tora preta pulsando na minha frente, envergada pra cima e bombeando muito sangue por dentro das veias espessas e destacadas em alto relevo. O cheiro de piroca misturado com essência de tutti-frutti entranhou nas minhas narinas, chegou ao cérebro e quase me derreteu, tamanho nível de intimidade naquele mictório. No auge da garganta profunda, o moreno perdido escorou as bolas no meu queixo, enterrou a jamanta no fundo das amídalas e só consegui sentir o delicioso cheiro da raiz dos pentelhos abundantes.

- HMMMM! Sustenta, vai? AAARSSSSS! Sustenta o boquete no teu macho, sua cadela de rua! – emocionado e trincado na minha goela, ele deu tapas no meu rosto e foi se soltando cada vez mais, perdido entre me botar pra mamar e me dominar. – Sustenta que eu sei que tu dá conta, boqueteira! Filha da puta! Vagabunda! Viadinho do caralho, disso que tu gosta, é?

Tão entretidos, tão mergulhados no sexo oral com teores de dominação e submissão, que nem escutamos quando a porta do banheiro foi aberta e um policial fardado e armado entrou. Assim que aconteceu, o bate-bola tentou esconder a pica rapidamente e eu levantei às pressas, porém foi tarde demais.

- Que isso, meu amigo?! Assim cê deixa a gente até sem jeito, porra! – o viajante pirocudo foi o primeiro a reagir, visivelmente nervoso. – Nem pra dar uma batida na porta antes, pô!?

Senti um cagaço fodido de ser preso por atentado ao pudor, meu corpo simplesmente travou, o coração saltou na boca e eu não soube como reagir, muito menos o que dizer diante de um flagrante grave. Foi a primeira vez na vida que fiz putaria em público com outro macho, senti a maior adrenalina me corroendo, porém infelizmente fomos descobertos e a conta chegou. Que bosta! Só que, na mais estranha inversão de valores que já vi acontecer, o policial pareceu constrangido por ter interrompido a mamação entre a gente, como se ali fosse realmente área de putaria daquele tipo. Não sei dizer se foi inexperiência, porque ele até tinha cara de novinho e meio bobão, só sei que o macho que me botou pra mamar não se sentiu envergonhado, pelo contrário, continuou reclamando e dando esporro no agente.

- Eu garantindo a mamada do dia e fica por isso, é?!

- Os senhores por acaso viram um foragido entrando por aqui?

- Claro que não, porra! Cê pegou a gente no susto, mermão! Fecha logo essa porra aí, doido! E se a coroa descobrir que eu tô aqui dentro com esse viado?!

- Mermão, pra início de conversa vocês dois tão errados pra caralho, se ligou? Tá pensando que tá falando com quem? – finalmente o PM cresceu pra cima da gente e eu comecei a tremer de medo, afinal de contas nós realmente estávamos em desvantagem ali.

Mas aí o bate-bola pensou mais rápido, pareceu já estar preparado para o que estava pra acontecer e sacou duas notas de cem reais azulzinhas do bolso da fantasia de carnaval.

- E agora, paizão, será que dá pra gente desenrolar e eu dar uma gozada em paz?

Tão cafajeste quanto o macho que eu tava mamando no banheiro da pensão, eis que o policial deu um riso cínico, pegou o dinheiro com pressa, guardou no bolso da farda, depois saiu e fechou a porta, nos deixando a sós novamente. Eu sinceramente não soube o que pensar, fiquei imaginando que aquela pensão onde estávamos, no meio da BR, era realmente um lugar muito incomum, sendo ponto de fuga dos bandidos dos presídios próximos e também um antro de putaria e sexo fácil, considerando a normalidade com a qual o agente nos tratou. Enquanto eu pensava em todas essas coisas, eis que o sujeito vestido de bate-bola me ignorou, fechou o resto da fantasia e andou em direção à porta.

- Ué, que foi? – fiquei curioso, óbvio. – Já acabou? Não vai gozar?

Sem responder, ele parou, olhou pro balcão do bar pela fresta da porta, esperou alguns segundos e depois virou pra mim. Eu só consegui ver a máscara colorida, a roupa de tecido fino e brilhante, as sapatilhas nos pés enormes e a meia calça escura por baixo da fantasia. O canalha pôs a mão num bolso da roupa, mexeu em alguma coisa e tirou uma carta de baralho, que pôs de pé, presa no espelho quebrado do banheiro.

- Isso é um... – cheguei perto pra ler. – Ás de paus?

Silêncio no cômodo. Não vi ele indo embora pelo reflexo do espelho, olhei pra trás e o cara simplesmente havia desaparecido. Eu fiquei absolutamente sozinho, com a boca salgada, carregada da pré-porra do maluco, enquanto o canalha optou por meter o pé dali e nem me disse seu nome. Só então caiu minha ficha e me dei conta da loucura que tinha acontecido.

- Gente, será que eu tô ficando maluco? – falei comigo mesmo, vendo apenas meu reflexo no vidro quebrado. – Numa hora eu sujo a fantasia do cara de café com leite, na outra eu tô ajoelhado entre as pernas dele e mamando. Depois entra um policial e o puto some? Porra, que loucura! Será que ele ficou com medo do cana prender a gente por atentado ao pudor ou outra coisa do tipo?

Lavei as mãos na pia ao mesmo tempo que observei o misterioso Ás de paus que o bate-bola prendeu no espelho rachado do banheiro. Perdido em pensamentos, lavei a boca, bochechei, ainda esperei uns minutos, mas nada aconteceu, o sujeito realmente foi embora. Saí dali, voltei ao balcão da pensão e vi as duas senhorinhas trabalhando na cozinha, uma na chapa e outra na louça. Por conta das circunstâncias e também da pressa de voltar pro Rio de Janeiro, nem fiquei muito tempo ali, só terminei o pão com ovo e finalizei o café com leite, enquanto o noticiário no pequeno televisor continuou informando as notícias.

- “Um novo vírus recém descoberto pelos Chineses pode colocar o mundo em alerta total nas próximas semanas. Vamos até Wuhan com a reportagem do Leonel Guerra. Leonel, é com você.”

- Até parece! – a dona da pensão resmungou. – Se o próprio governo num destruiu o país, num vai sê uma doença que vai derrubá nenhum brasileiro. É ou num é, ô Matilde?!

Como sempre, a cozinheira parou de fritar os ovos na chapa, esticou o dedo polegar e confirmou a informação. Paguei a conta, peguei minha bolsa e me preparei pra sair pela porta do estabelecimento. Quando tava prestes a meter o pé, a senhorinha no balcão chamou minha atenção.

- Fio?

Olhei pra trás e vi o sorriso irônico nos olhos dela.

- Cuidado com essa pista que ela é traiçoeira, ein? Hehehehehehe...

Fiquei um pouco curioso, confesso, mas minha mente já estava cheia demais com os últimos acontecimentos no banheiro da pensão, então achei melhor não pensar em mais enigmas. Por mais que eu tivesse lavado a boca, o gosto salgado da rola do bate-bola ainda estava presente na minha língua junto com o cheiro de suas bolas e a fragrância forte da essência de tutti-frutti. Esses detalhes me deixaram puto, porque eu sabia que jamais encontraria com aquele macho safado novamente e passaria algumas boas horas só pensando nele, no tamanho da vara preta e na quantidade de pentelhos no púbis bruto. Saí da pensão, fui pro carro estacionado na entrada do local, botei a mão no bolso e...

- Caralho! Cadê minha chave!?

O coração saltou no peito, meu corpo logo ficou acelerado. Voltei no bar, procurei, mas não encontrei. Fui no banheiro e nada. Perguntei às senhoras se elas viram minhas chaves e nem sinal.

- “Será que eu deixei essa porra dentro do carro?!” – pensei comigo. – “Mas... Como?”

Voltei ao veículo, olhei pela janela do motorista e, inesperadamente, lá estava a chave presa na ignição. Com pressa, abri a porta e comemorei por não estar trancada, porque aí teria sido bem pior e eu não sairia da BR tão cedo. Pois bem, entrei no meu carro, fechei a porta, botei o cinto e virei a chave pra ligar o motor. Quando achei que estava tudo bem, aconteceu.

- BZZZZZ!

O vidro da porta do carona travou, com certeza por alguma falha técnica.

- Afff, começou essa porra a dar defeito! Sabia que ia ter que gastar uma nota viajando nesse carro, puta merda! Era melhor ter ido de avião.

Enquanto reclamava, tive que usar a mão pra ajudar a janela a descer, já suando muito graças ao calor interno no veículo. Segurei o câmbio da marcha, pisei na embreagem e me preparei pra começar a soltá-la, regulando o outro pé no acelerador. Num movimento involuntário e espontâneo, pus a mão no bolso, procurei a carteira e foi nesse instante que dei a falta de R$200 ali dentro. A mente foi automaticamente de volta pro banheiro da pensão, onde vi o tal bate-bola dando duas notas de cem pro PM livrar nosso flagrante do boquete.

- Caralho, que filho da puta! Aquele ladrãozinho de merda, certeza que foi ele! Queria que esse otário tivesse aqui agora pra ele ver só uma coisa. Arrombado. – reclamei sozinho no banco do carro.

Tudo aconteceu muito rápido em seguida. A próxima coisa que vi no retrovisor foi um vulto colorido crescendo no assento de trás, uma sensação fria subiu pelo meu pescoço e a mão grossa tapou minha boca, me impedindo de gritar.

- QUE PORR-

- SHHHH! Quietinho, viado! Quietinho que hoje eu tô da paz, hoje eu não tô procurando conflito, tá ligado? Tu tá ligado ou não tá? Hehehehehe! Não tô podendo vacilar, prometi ao meu irmãozinho, então tu vai ter que me ajudar a cooperar, entendeu? É só cooperar.

Do nada um invasor oculto apareceu já me rendendo e me mantendo imobilizado no banco do motorista, sob a mira de um revólver apontado na lateral do pescoço. Na verdade, não tão oculto assim: era ele, o viajante cacetudo, cachorro e vestido de bate-bola que me botou pra mamar no cano da pistola minutos atrás no banheiro da pensão. Agora armado, com a arma parada perto da minha nuca e rindo sadicamente pelo retrovisor.

- Quietinho, Alisson. Não precisa de showzinho, tá escutando?

- C-Como é que você sabe o meu nome!? O que você quer?! – fiquei tão trêmulo que mal consegui finalizar as frases. – NÃO ME MAT-

- SSSSSH! Tu deixou a carteira de motorista aqui dentro, seu incubado! Quem mandou ser lerdão? Perdeu. Hehehehehe! – riu do meu desespero e desenhou com o metal frio na minha pele. – Primeiro de tudo, tu tem que tá ligado aonde eu tô mirando nesse momento. Tá sentindo isso aqui?

Fez a pergunta, pressionou o cano do revólver firme na carne do meu pescoço, apertou contra algum nervo e me causou um tipo de dormência imediata na nuca e na parte traseira da cabeça. Eu tava muito nervoso, o corpo tremendo e as pernas bambas, então não sei dizer se foi consequência direta do pânico ou se o sujeito realmente estava me deixando mole de desespero. Já comecei a pensar que ia morrer, imaginei meus pais chorando e meus olhos encheram d’água, junto com o coração disparado no peito, o ar faltando nos pulmões e o suor escorrendo pesado na testa. Que aflição do caralho.

- Uma bala na tua carótida e não vai levar dois, três minutos até eu ver um litro de sangue vermelho e quente escorrendo no tapete do teu carro, Alisson. Já ouvi de uns carniceiros que tiro na cabeça não dói, porque o cérebro em si não sente dor, tu sabia disso? Mas mesmo assim o maluco fica zonzo, desnorteado quando leva chumbo no crânio. Fica ouvindo só o zumbido do disparo dentro dos ouvidos. Consegue imaginar a aflição, viado? Pensa nisso antes de tomar qualquer atitude, já é, fiel? Minha intenção aqui não é te machucar, eu só quero fugir. Só fugir, só isso. Tá me entendendo, piá?

Apesar da cena inesperada de assalto e violência, o homem falou comigo de um jeito muito certo, muito seguro do que estava fazendo, acho que por isso eu levei um choque tão grande, mas consegui recuperar o fôlego e me recompor aos poucos, apesar da sensação de nervosismo e desespero latentes por dentro. Não soube reagir, fiquei em silêncio, de olhos arregalados e observando o marginal pelo reflexo do espelho.

- Fala alguma coisa, porra! Tô falando contigo, num tô?!

- F-falar o que!? Eu acabei de ser rendido por um bandido armado e ainda tenho que dar resposta?! Pode levar o carro, pode levar tudo, só por fav-

- Não, não, não, não, não. Ó só, não vou levar nada. É tu quem vai levar aqui.

- E-Eu?! N-Não, você só pode tá brincando comigo! Levar?! Puta merda! Não faz isso comigo, cara! Se meu nome aparece no jornal envolvido com esse tipo de coisa, é capaz da minha família me matar antes de você!

- Eu preciso de tu pra chegar no Rio. Tu vai me ajudar a fazer essa travessia e logo mais a gente tá na Cidade Maravilhosa, se ligou? Não tem erro. Faz tudo do jeito que eu mandar que tu sai ileso, sem nenhum machucado, sem nada. Tá ouvindo?

Mas o nervosismo não me deixou raciocinar tanto, então não me liguei nas palavras do elemento.

- Por favor, leva meu celular! Usa ele pra ligar pra facção, faz qualquer coisa, mas por favor-

- Shhh, cala a boca, porra! Já falei que minha intenção não é te machucar, caralho, mas se continuar com essa matraca aberta eu vou te fazer ficar quietinho, Alisson!

Silêncio dentro do carro. Minha cabeça zonza custou a pegar no tranco devido à adrenalina.

- Aí, bem melhor. – o bate-bola riu, só então subiu a máscara de “Clóvis” e revelou sua identidade. – Tu vai dirigir normalmente, como se tivesse voltando pro Rio, e eu vô tá do teu lado. Vou me passar como teu primo, teu irmão, qualquer merda, só até a gente brotar no RJ, é só o que eu quero. Tu faz isso e eu deixo tu ralar sem problemas, não tem caô. Sem dor, sem sangue, sem morte. Vou fazer bem do jeito que aquele arrombado do Ítalo sempre pediu.

O rosto rústico pareceu mais cuidado do que nas imagens do televisor da pensão. Pra ser franco, o Ícaro Souza até tinha mesmo cara de ruim, talvez pelas feições mal encaradas, mas não tanto quanto a foto que escolheram pra passar na reportagem. Barba cheia no queixo e nas bochechas, alto de estatura, o corpo entre o forte e o parrudo, e os ombros bem espaçados, esféricos. Sobrancelha riscada, tatuagens espalhadas, moicano na cabeça e pele parda, bem morena tipo latino. O gêmeo diabólico da dupla de criminosos foragidos se fez presente no meu carro, me rendendo e mantendo a pistola gelada apontada no meu pescoço, engatilhado e pronto pra apagar minha existência por qualquer movimento brusco e desnecessário da minha parte. É do caralho a adrenalina que o corpo libera quando se está sob a mira de um revólver carregado e à mercê de um marginal em fuga.

- E aí, qual vai ser? Vai fazer o que eu tô mandando ou eu vou ter que te matar e deixar o Ítalo bolado outra vez, viadinho?

Pensei bastante nessa pergunta, tentei assimilar as informações e, mesmo nervoso, consegui me lembrar dos nomes na reportagem.

- O Í-Ítalo é seu irmão mais novo?

- É, é. Tu tá ligado quem eu sou, pelo visto. Eu prometi praquele filho da puta que não ia derrubar uma gota de sangue nessa porra, então é isso que eu tô fazendo. Vai cooperar comigo?

Subiu meu queixo com o cano da arma e me obrigou a olhar pro espelho retrovisor. Foi nesse momento que fitei o par de olhos azuis me encarando, rindo sadicamente no meu cangote, enquanto a barba do moreno pinicou minha pele arrepiada.

- Vai me ajudar a cumprir a promessa que eu fiz pro meu irmãozinho ou será que eu vou ter que te deixar pianinho, Alisson? Escolhe. Quer morrer?

Pensei muito nessa hora. O mundo parado à nossa volta, nós ainda no estacionamento da pensão e a BR passando próxima, com muitos veículos trafegando, porém nenhum policiamento, pelo menos naquela região específica onde estávamos. Atrás de mim, me rendendo e me mantendo sob a mira do revólver, estava Ícaro Souza, o tal gêmeo perverso foragido da polícia. Na minha boca, o gosto salgado do suor do saco escuro do pilantra, pois ele me usou no banheiro pra escapar do policial e por isso tudo se desenrolou daquela forma.

- V-Você jura que só quer chegar no Rio de Janeiro, cara?

- Não tenho nenhum interesse além desse, só tenho que chegar logo no Rio. Vai me ajudar de boa ou vai me ajudar na marra, qual é a tua escolha, piá?

Fez a pergunta, engatilhou o cão da pistola e eu quase tremi quando ouvi o “créc” preparado pra estourar minha cabeça. Engoli a seco, respirei fundo, me concentrei na resposta e não tive como negar, do contrário sofreria a consequência.

- Não tenho muita opção, né?

- Porra, era exatamente isso que eu tava esperando escutar de tu, fiel! Hehehehehe! – como se fôssemos colegas, o Ícaro pulou pra parte da frente do carro e sentou no banco do carona, do meu lado. – Tô ligado que a gente vai se dar benzão até chegar no Rio, tem caô não. É só tu não me desafiar e fazer tudinho do jeito que eu mandar, se ligou?

- T-Tudo bem, eu só te peço pra n-não... – não consegui parar de tremer diante daquele ferro mortal há poucos metros do corpo. – Não me machucar, por Deus!

- Eu não vou. Tu só tem que dirigir e obedecer, botou fé? Só isso. Sem tentar qualquer gracinha que é pra gente se dar bem. Morou?

- Então eu posso dirigir que nem tava dirigindo antes? Pegando a BR mesmo?

- É por aí. Sem chamar atenção de ninguém que é pra eu não me estourar contigo. Ouviu, Alisson? Não tenta nenhuma gracinha comigo.

Fiz que sim com a cabeça, mas ele não parou por aí.

- Por enquanto eu tô só pegando carona e te ameaçando, não é lá grandes coisas. Mas se alguém me reconhecer e essa porra der merda, aí tu vai virar meu refém e conhecer meu pior lado. Fica o aviso pra gente se dar bem. Hehehehehee!

Só então o marginal parou de apontar a pistola na minha direção e enfiou o cano da arma pra dentro da cintura, escondido debaixo dos tecidos finos e coloridos da fantasia.

- Outra coisa, não me chama pelo nome. Não quero ninguém prestando atenção nos detalhes a partir de agora, esse é o meu foco pro plano dar certo. Sacou?

- T-Tudo bem, mas vou te chamar de que?

- Sei lá, me chama de... – o pilantra se observou no reflexo do espelho e riu. – Bate-bola. É isso.

- Bate... Bola? Tá, eu vou tentar. – até apertei as mãos no volante, tentando me controlar.

- Tentar não, tu vai chamar e ponto final.

Eu tava bastante nervoso por dentro, mas confesso que o gosto da rola do safado ainda presente na minha boca foi essencial pra ajudar a equilibrar a tensão que comecei a sentir. Por um lado, me peguei preocupado pelas circunstâncias, uma vez que fiquei basicamente sob o cárcere guiado do meliante armado. Por outro, fiquei também muito puto, porque, afinal de contas, paguei o começo de um boquete pro bandido e agora ele tava me usando, me fazendo de refém pra conseguir realizar seu plano de chegar no Rio de Janeiro. Não questionei muito, virei a chave na ignição, dei partida no motor e caí na estrada. Antes de sairmos, o Ícaro botou a mão pro lado de fora da janela, apertou os dedos num estalo e, como mágica, fez um monte de cartas de baralho voar pelo chão de terra da entrada da pensão.

- O-O que você tá fazendo? – não segurei a língua. – E se alguém investigar e pegar esses rastros?

- Shhh, se liga só na estrada aí, Alisson. Sem muita pergunta que a gente não é amigo, não, já é? Abraça o papo.

Fiz que sim com a cabeça novamente, ele esticou o corpo no assento do carona, pegou meu celular por cima do porta-luvas e me deu.

- Desbloqueia essa porra aí pra mim, anda.

Dividindo a atenção entre o volante e o telefone, eu só obedeci, entreguei o aparelho e fiquei observando enquanto ele não teve sucesso ao tentar ligar para alguém.

- Que merda! Esse arrombado ainda não deve ter conseguido um celular pra pôr a porra do chip. Se for depender dele roubar o telefone de alguém pra falar comigo, eu tô é fodido, isso sim! – botou a mão na testa, limpou o suor, abriu uma garrafa d’água, mas nada de tirar o aparelho da orelha. – Anda logo, maninho. Dá um sinal de vida, vai, cuzão? Atende, atende essa merda!

Não deu certo. O gêmeo diabólico desistiu da chamada e botou o telefone de volta no lugar. Eu dirigindo, focado na estrada, sentindo o vento balançando a parte interna do carro e desfrutando do silêncio mais nervoso da minha vida, ao ponto de as pernas tremerem junto com os pés nos pedais do veículo. Sem eu perceber, Ícaro pôs os dedos indicador e polegar em volta do meu joelho e travou meus movimentos, me paralisando.

- Sem nervosismo, fiel. Já passei a visão que não quero te machucar.

A mão quente, massuda, calejada e pesada do bate-bola fugitivo cessou a agitação dos meus músculos. Pra ser sincero, sentir meu corpo sendo controlado novamente pelo mesmo macho que me botou pra mamar foi péssimo, porque eu inevitavelmente senti um fogo incomum percorrendo sob a pele, apesar de ser seu refém naquele sequestro. Acho que o pilantra também percebeu minha tensão crescendo, pois logo me olhou e ficou com os olhos claros mirados em mim, enquanto continuei tentando prestar atenção à estrada.

- Foi mal, é que... Eu nunca nem fui assaltado antes, entendeu?

- Morando no Rio de Janeiro? Puta merda, que sorte! Hahahahaha! Mas aí, xô te dar o papo reto mesmo? Isso daqui não é assalto, não, eu só quero brotar na Cidade Maravilhosa, tá ligado? Não é porque tô foragido da cadeia que sou ladrão. Não quero nada teu, só essa carona.

Aí eu parei pra pensar em todo o contexto que o repórter do telejornal estava explicando ao longo da minha curta estadia na pensão onde tomei café. Mesmo se tratando de um sequestro relâmpago, por assim dizer, não segurei a curiosidade, ignorei as instruções do presidiário e abri a boca.

- Que mal lhe pergunte, o que é que você e o seu irmão tanto querem fazer no Rio de Janeiro que todo ano rende uma fuga da cadeia?

- Hah? – ele riu, meio debochado, e apontou o revólver engatilhado na minha cabeça. – Se eu te contar o nosso plano, depois vou ter que te apagar. Quer pagar o preço, fiel?

Nem respondi, apenas fiquei quieto. Ele fez a mesma coisa, tirou a arma do meu crânio, guardou na cintura e se manteve calado por vários minutos seguidos, interrompendo o silêncio somente pra tentar fazer chamadas no meu celular, porém todas foram sem sucesso. A luz no fim do túnel é que eu já havia feito a maior parte do trajeto de volta pro Rio de Janeiro no dia anterior, então faltavam só algumas horas até que chegássemos no destino final e eu finalmente pudesse me ver livre da presença impositiva do meu sequestrador.

- “Eu tenho duas opções.” – pensei comigo. – “Posso parar em um posto de policiamento e entregar esse homem, correndo risco de morrer. Ou faço tudo de acordo e me livro dele assim que chegar no Rio, como se a gente nunca tivesse se visto antes na vida. O foda é se as investigações descobrirem que eu ajudei esse maldito, aí eu tô fodido...”

- Alisson. – ele falou como se estivesse ouvindo meus pensamentos. – Eu não fui preso duas vezes à toa. Já sei quem tu é, quem são teus parentes na Bahia e tenho contato perto do trabalho dos teus pais. Se em algum momento dessa nossa viagem tu tentar uma gracinha, qualquer coisa mesmo, eu juro que vou preso, mas mando sapecar cada uma das pessoas que tu gosta. Ouviu bem? Nem é nem pessoal, é só pela vingança. Hehehehehehe!

Engoli a seco, absolutamente sem saber o que dizer e o que fazer. Por hora, dirigir foi a melhor decisão pra pelo menos manter minha integridade física diante da posse da arma de fogo por parte do fugitivo da polícia. E o maior detalhe: ainda com o cheiro da pentelhada suada e o gosto das bolas dele na minha boca, pra não falar da tensão, do medo e do cuzinho piscando de aflição num momento tão inusitado e perigoso quanto esses. Um inferno ter espírito de piranha, de verdade.

.

.

.

ESSE CONTO É APENAS O PRIMEIRO CAPÍTULO DA HISTÓRIA "BATE-BOLA", QUE FAZ PARTE DA COLETÂNEA "VERÃO III", DISPONÍVEL PARA COMPRA CLICANDO AQUI.


LANÇAMENTO: "VERÃO III: BATE-BOLA"

 





Alisson aproveitou o recesso de pré-carnaval para visitar a família na Bahia. Ele decidiu ir e voltar de carro e a viagem é longa, obrigando o rapaz a fazer poucas paradas para comer, descansar, usar o banheiro e abastecer o veículo. Numa dessas paradas, enquanto assiste à TV e toma café da manhã, Alisson descobre que uma famosa dupla de gêmeos criminosos fugiu da prisão e está desaparecida, representando risco para a população local. Ele vê o noticiário, um homem o observa e chama sua atenção por conta do olhar sacana e do corpo cheio de tatuagens, mas o principal é o fato do macho estar fantasiado de Bate-bola.

Temas: sequestro, fuga, policial, dominação sexual, submissão e humilhação.


AMOSTRA GRÁTIS:



TOTAL DE PÁGINAS: 132.

Já acessou meu PRIVACY? Lá eu escrevo histórias inéditas, exclusivas e gratuitas. Aproveita que tá de graça e se inscreve! CLIQUE AQUI.