Não me recordo exatamente do dia ou de onde estava no momento em que isso aconteceu. E, pra ser sincero, foi tão rápido e espontâneo que não sei bem explicar o que me motivou a tomar tal atitude. Estava indo para a faculdade e, morador da Zona Norte do Rio de Janeiro, um dos meus passatempos favoritos é observar tudo ao redor, dando certa prioridade aos homens, é claro. Todos os tipos deles, mais altos que eu, mais baixos, até mesmo aqueles com os quais eu aparentemente não me envolveria, ou que não me chamariam a atenção, pelo menos num primeiro momento. Como sou bom adaptador, frequentemente me pego observando e detalhando algum macho, porque sou do tipo que tenta encontrar algo de chamativo no cara, e aí, quando encontro, é isso que maximizo para achá-lo mais interessante, como se começasse a comê-lo pelas beiradas. Todo viado conhece um cara que, quando viu pela primeira vez, não achou gostoso ou atraente, mas que com a convivência e o passar do tempo acabou se tornando um tesão iminente, talvez até sonho de consumo. A rotina faz com que se compartilhem manias e hábitos que vão deixando a mente da gay cada vez mais sedenta, seja porque o macho um dia chegou no trabalho de chinelos, com os pezões de fora, seja porque ele ergueu o corpo para se despreguiçar e acabou mostrando a entrada dos pentelhos, porque a blusa subiu demais. Todo viado conhece um cara que até achou feio quando viu pela primeira vez, mas que, de tanto ver de sunga de praia, com o malão chamativo, de tanto ouvir falar do que gostava de fazer na cama com as moças e até de ter que observá-lo imitando o remelexo do quadril durante a foda, acabou se excitando ou pensando no amigo mais do que deveria. Quem nunca, não é mesmo? Na maioria das vezes, me vejo prestando atenção no jeito do cara, mais até do que no corpo em si. Penso que o comportamento e o jeitão do indivíduo são as maiores armas para me manter atento. O físico é a primeira impressão, mas é com o comportamento que tudo acontece, desde a forma como um puto consegue trocar os primeiros sinais invisíveis com outro cara, até o roçar do pau dele no lombo do outro, alargando o esfíncter anal e dando largura e possibilidade de uma penetração anal entre eles. É o jeito que vai definir como tudo isso vai rolar, a partir da desenvoltura das pessoas envolvidas no mesmo universo oculto da putaria. Expressão, linguagem corporal, índole, lábia, malícia, tudo isso você consegue sacar no homem assim que o vê lidando com o ambiente ao redor, se manifestando em todos os detalhes a própria existência masculinizada, numa faixa mental que se estende do planejado, que é o consciente, até o que ele faz sem nem entender o porquê, que é o subconsciente. Afinal de contas, o que será que o marmanjo tá pensando da vida quando sabe que tem muito viado solto no mundo, mas não resiste em despreguiçar o corpo e revelar parte da ereção eminente? Por que ele não resiste em coçar o saco em público, mesmo estando ciente da quantidade latente de homens que adoram outros homens por aí? Como o cara consegue apertar a mão de outro, logo após ambos terem mijado no mesmo banheiro, isso antes de chegarem à pia? De onde eles tiram tanta coragem para andar na rua sem usar cueca por baixo? Tudo isso para justificar e explicar um pouco do falocentrismo sexual, ou seja, o fato de todos os detalhes de um homem contribuírem plenamente para que sua figura sexual nos atraia, nos faça querê-lo, tê-lo, deixá-lo entrar para fazer o que quer fazer. Ou vice-versa.
Pois bem, eu estava sentado na janela, vendo Subúrbia passar, enquanto me deslocava até o Centro. Em dado instante, me peguei num daqueles típicos engarrafamentos proporcionados por alguma blitz da PM, que estreita ainda mais a pista e só permite que os veículos passem de um em um, atrasando todo mundo que depende do trajeto, incluindo a mim. Distraído, olhei pela janela e, conforme o veículo foi parando e se locomovendo muito devagar, observei de relance um macho desses que nem é necessário olhar duas vezes para dizer que sim. Por conta do calor, o puto tinha acabado de sair do trabalho, ou então estava indo para lá, porque a blusa do uniforme tava jogada no ombro desenhado e marcado pela presença de ossos saltados, dando a impressão de que fazia serviço braçal. As marcas do peitoral dividido existiam, porém ele não era musculoso que nem os caras de academia, era apenas fortinho, com os bíceps saltados e os pelos dos sovacos imprensados entre o tórax rígido e os braços grossos. No meio do corpo existiam pelos enrolados que iam descendo de leve e alcançavam o interior da calça jeans clara, caindo pela cintura. A roupa era um pouco mais larga do que as coxas do cidadão e estava bastante surrada, além de puída na altura dos joelhos. Nem a estampa da cueca deu pra ver, o que me fez ficar na dúvida se estaria usando uma. No rosto do safado, um cavanhaque muito do mal feito, com muitos pelos curtos já nascendo ao redor da parte recém navalhada no espelhinho do banheiro, divididos entre o preto e o começo do grisalho acinzentado. Um risco não intencional na sobrancelha, talvez marca de alguma briga ou confusão, os braços cruzados na altura do peitoral, duas botas sujas, estilo segurança do trabalho, e a postura de quem tava com muito calor, além de puto por ter que esperar por uma condução que muito provavelmente viria lotada e ainda mais abafada. Boné pequeno na cabeça, um jeitão de cafuçu em seus 38, 39 anos, e uma das pernas mexendo insistentemente, impaciente pela demora e pelo calor. De rabo de olho e observando de longe, desci a visão na mala do malandro e notei o detalhe crucial: o zíper estava aberto, pra não falar das poucas gotas de umidade em volta do jeans, como se o mijo matinal que o marmanjo dera atrás do ponto de ônibus tivesse sido interrompido por uma falsa chegada da condução. Ele provavelmente correu e aí se esqueceu de fechar a braguilha. Até inclinei a cabeça para tentar observar a ferramenta do gostoso, mas não consegui, o campo de visão não permitiu. Quando tornei a olhar no rosto do cara, percebi que ele tava me olhando, só que não fiquei sem graça por ter sido descoberto. Fui tomado por uma espécie de sensação cômica e ao mesmo tempo muito tesuda, que me impediu de resistir em tomar a atitude que tomei. Sorri para ele, olhei novamente para a mala e apontei exatamente com o dedo.
- "Tá aberto!" - não verbalizei, apenas mexi a boca para que o pilantra conseguisse entender de longe. - "Aberto! Vai fugir!"
Ainda gesticulei como se estivesse subindo um zíper invisível no ar. Sem hesitação, ele olhou para baixo na mesma hora e meteu a mão na mala com aquela marra de quem tava sendo manjado na cara de pau por outro homem, reagindo inicialmente com o semblante de intimidação inesperada. Que pouca vergonha! Em seguida, segurou o saco pelo tronco da rola, subiu o zíper num movimento rápido e certeiro, e tornou a olhar para mim. Deu um riso de canto de boca que mostrou um pouco dos dentes afiados de marmanjo, deu também o dedo do meio bem nitidamente e resmungou.
- "Filho da puta!" - tudo sem deixar o risinho cínico por um só minuto. - "Vai tomar no seu cu, viado!"
Apesar da intenção da ofensa, o cara tava rindo meio sem jeito e ainda mexendo a cintura, como se quisesse ajeitar o corpo na calça larga e batida de tão usada. As pernas eram ligeiramente arqueadas, para sustentar o equilíbrio do tronco se mexendo devagar. Desgostoso, o puto meteu a mão na peça de novo, coçou bem de baixo e me deixou notar a quantidade de volume presente, dos ovos sobrecarregados de leite até à parte de cima dos pentelhos, uma verdadeira e genuína púbis de macho adulto. Poderia até ser casado, tal qual a aliança no dedo anelar indicou, porém não se segurou em me dar alguma ou outra palinha do que tinha guardado entre as pernas. O homem de alguém, só que tão safado que, mesmo me xingando e rindo depois, tentou dar um "obrigado", quem sabe? Aquela feição de piranho mexeu muito comigo, confesso. Só pude imaginar sentir o cheiro do suor dele, indo ou vindo do trabalho, cansado e cheio de calor e quentura no físico experiente, até que fora manjado por um putinho procurador de detalhes. Um viado sedento, prazer! Como disse, só pude imaginar sentir, porque sentir mesmo só em outro universo. Imaginei o odor do corpo dele no meu, além do peso e da força consensual me movendo, me insistindo com o quadril, querendo me romper em para mostrar do que era capaz. Imaginei até o poder de abertura, tudo naquele relance único entre o trânsito diário da vida e os deliciosos momentos de observar machos sendo machos. O puto olhou para os lados como se quisesse encontrar mais alguém que estivesse vendo o que tava rolando ali, porém não teve sucesso. Aí olhou pra mim de novo e continuou rindo, bastante sem graça e ao mesmo tempo voltando a mexer na rola sem escrúpulos. Só faltou levar a mão ao nariz e me matar de tesão, mas isso teve que ficar por conta da minha imaginação visual, totalmente carregada de sinestesia. Fiquei me perguntando: como será que esse maluco fode? O que será que ele gosta de fazer num lombo? Como será que prefere, de lado ou de quatro? Será que curte bater? Xingar? Puxar o cabelo, dar tapa na cara e chamar de piranha? Porque ali, de pé, pareceu um trabalhador muito do gostoso, daqueles que muito provavelmente dormiram pouco antes de sair para o expediente. Se bobear, ainda tava com a mala armada de tesão acumulado, além do saco cheio e carente pelo tempo sem atenção da "Dona Maria". Que típico safado da porra!
A posição dele ficou até mais envergada depois que começamos a conversar por leitura labial, como se o corpo não fosse capaz de aguentar mais tempo apenas tendo ereções e não dispondo de atenção pessoal, nem que seja uma punheta bem batida, pro leite não engessar no saco. No menor estímulo sexual, a cintura de um macho começa a ficar no automático da movimentação, por isso muitos não conseguem, por exemplo, desfrutar de uma boa mamação sem mexer pra frente e pra trás, que é o famoso "fudedor de boca". A parte de cima do corpo do malandro estava mais recuada, porém não menos imponente, sendo que o quadril pareceu projetado mais à frente, assim como as rígidas pernas arqueadas, firmes no chão, sustentadas por um par de grossos pés espalmados dentro das botinas. Julgando pela impressão inicial do jeito de peão, quem não ia querer ficar de quatro para um putão assim? Quem não adoraria levar uma tapa na bunda, ter a carne mordida, babada, suada e ardida por conta do lado bicho de um bruto que só gosta intenso? E que só quer, no fundo, no fundo, relaxar e gozar. Beeem lá no fundo mesmo!
- "Vai dar meia hora de cu!" - ele mexeu a boca.
Eu ri e pensei na resposta.
- "Tomara!"
O marmanjo não conseguiu simplesmente lidar com o fato de que não havia o que fazer e, percebendo que não tinha como se esconder dos meus olhos, enfiou com tudo a mão dentro da calça e começou a mexer na ferramenta, como se quisesse proteger ou cobrir subsconscientemente aquilo que era seu. Ou então poderia estar reagindo fisicamente à ideia de ser manjado por um viado, e aí talvez pudesse "cair em contradição", ficar tentado e se sentir traído biologicamente pela linguagem universal da putaria. Um homem que gosta de outros homens estava dando em cima dele e o deixando bem ciente disso, sendo que ele não poderia vir até a mim, muito menos sair de onde estava. Pra que? A mão mexendo dentro da calça e eu aguado, piscando o rabo de tanto imaginar a textura de uma caceta pouco mais morena que a pele experiente, robusta e deliciosamente desgastada pelo tempo e pela experiência dele. Uns 39, por aí.
- "Resolvo em dois minutos!" - eu quase não o entendi dizer.
E junto com a boca mexendo, veio também a mão de dentro da calça, espalmada à frente do corpo, me mostrando como quem quisesse dar a entender que meu problema era falta de tapa na cara e que ele realmente poderia resolver. Só que foi a mesmíssima mão que ficou vários minutos alisando a ferramenta que estava reagindo aos meus encantos e deboches, ou seja, o trabalhador pacotudo e marrento me bateria com o cheiro do próprio saco e da rola cansada e mijada da manhã, flácida e borrachuda. A mesma pica que já havia entrado em muita buceta ao longo da vida, e que me deixaria numa curiosidade permanente em querer descobrir se o putão já tinha experimentado um cu.
- "Qual será o gosto de uma vara desse naipe?" - pense comigo mesmo.
Não sei bem explicar, mas o fato dele parecer coroa só me fez instigar nesse sentido, como se, a um quarentão daquele porte, nunca tivesse sido dada a oportunidade de se aconchegar num lombo, entrar e sair apertado de um cu de viado, desfrutar de uma mamada bem empenhada e suculenta e sentir o leite sendo chamado, sugado e intimado a ser ordenhado. Sexo anal e cheio de atrito, com o couro da caceta experiente ficando grosso, de tão dura, e depois brincando de alargar e abrir espaço entre meus músculos com certa insistência. Ele botando, tentando chegar no fundo, e eu só relaxando ao máximo, para garantir total dominação aquele macho cujo nome eu nem sabia, mas já imaginava várias putarias bem íntimas. Macho de alguém, quem sabe? Na minha mente, todo meu. E de uma forma tão intensa, que imaginei até a caralha envergada e dentro de mim, só com o saco de fora e pendurado por baixo da minha bunda, entrando em contato com o meu por trás. Sabem do que estou falando? Estou falando de sentir na parte de trás do meu saco a textura enrugada e ao mesmo tempo estufada do saco de outro homem, os ovos dele empurrando e insistindo em roçar contra os meus, ambos portando muito leite. Tudo isso acontecendo porque o trabalhador já estava inserido em mim, lutando para engrossar, alargar e ao fundo chegar. Desobstruir minhas passagens carnais e conhecer, já no primeiro contato, o que estava escondido em meu interior, para então, como faz todo homem que respira e pisa no chão desta crosta terrestre, roubar para si e fingir que nada fez, por nada se tornou responsável. Sem nem saber nome ou idade, mas ficando íntimos num estalar de dedos, num piscar de olhos, numa penetração no seco, de pelo na pele. Num mero e simples relance. Seria com as veias e a cabeça da pica entrando em mim que estabeleceríamos um contato primário, sem palavras, que nem estávamos fazendo ali. O entendimento teria que ser buscado através do atrito entre a vara dele, até então perceptível apenas pelo bom volume na calça surrada, e o meu ânus, recheado por terminações nervosas tão sedentas por prazer que poderiam babar e lubrificar biologicamente o começo dos trancos do puto montado nas minhas costas.
- "Que loucura!" - minha mente imperdoável não sossegou um minuto sequer.
Até a situação marginal eu já havia bolado. O marmanjo provavelmente estaria num bar, porque tinha cara de quem gostava de beber e principalmente de ser do tipo que o fazia com a mulher estando em casa, justamente para ficar mais à vontade. Talvez ele me visse passando e, sem querer, percebesse o tamanho do meu rabo gordo no shortinho apertado, antes de tomar ciência de que se trata de outro cara. Aí já seria tarde demais, porque o efeito prático da fisiologia é o mesmo, que nem tava acontecendo ali no presente. A visão dele já teria sido provocada o suficiente para que ele simplesmente me deixasse passar sem ao menos questionar o porquê da minha ousadia, da minha petulância em andar por ali daquele jeito piranho, de tão puto e mal intencionado estava comigo. Malandro que só, talvez dissesse algo como:
- "Quem tu pensa que é pra passar com esse shortinho curto aqui no meu bar?"
E aí faria questão de esperar o bar fechar, só para me jogar por cima da mesa de sinuca, no escuro mesmo, e pular por cima de mim, me impossibilitando de ter o controle da situação. Um bruto sente que precisa dominar e ter tudo em suas mãos com o parceiro. É da mão e da cintura que vem a arte de submeter, e por isso mesmo ele a espalmaria bem grossa e pesada no meu quadril, e a partir daí insistiria, com aquele jeito de machão, para que eu abaixasse o corpo e desse plena possibilidade de entrada, todo apoiado e exposto por cima da mesa de sinuca de um boteco bem pé de cana, que peão adora, porque é barato e dá pra encher a cara. Com muito gosto, eu empinaria o rabo e deixaria ele suar em cima de mim, me montando feito um verdadeiro touro provocado, no mais delicioso sexo sujo, que peão adora, porque é barato e dá pra encher o cu. Olhando na fuça daquele macho parado no ponto, com a mão mexendo dentro da calça jeans surrada e me observando observá-lo, detalhando-me detalhá-lo, o puto finalmente largou a peça e deu um fim ao meu transe, com um volume de pica confirmando que, por breves segundos, talvez tenhamos transado em pensamentos, trocado muita varada no cu e por isso eu estava sentindo as pregas pegando fogo de verdade, como se tivessem sido mexidas.
- "Piranho!" - ainda tive que ler os lábios grossos de cafuçu mais velho me enaltecendo, dizendo para mim as mesmas coisas que deveria dizer para as mulheres com quem se deitara ao longo da vida, nas horas em que, literalmente, o pau comeu.
Queria dizer para ele que eu era filho de alguém, só para fazê-lo me xingar ainda mais e provocá-lo com a questão da minha idade ser metade da dele, mexendo com o tabu do tabu. De repente o piranho já tinha até filho, quiçá na minha faixa etária, e ali estava eu mexendo consigo, mostrando que poderia chupá-lo independente dos detalhes. Mais que isso, são os detalhes que deixam tudo muito intenso! Eu poderia dar um chá de cuceta a ele e realizá-lo como ninguém ainda o fizera, porém, muito mais do que apenas isso, eu queria ver a reação do marmanjo ao saber disso tudo e ter que concordar comigo, caso pudesse demonstrá-lo um pouco da submissão sexual. Queria não somente seu tato sobre meu, seu cansaço ou ser parte de seu êxtase sexual, queria também sua reação mediante à ciência de que, na prática, estávamos à uma linha muito, muito tênue entre sua heterossexualidade, minha imaginação e a deliciosa hipocrisia e demagogia do cidadão de bem, muito bem expressa por dois corpos semelhantes fazendo uma cama de casal, para casais, gemer mais do que eu. E se não fosse um ponto de ônibus num engarrafamento? E se fosse um encontro aleatório sei lá onde.. Por exemplo.. Na fila pra sacar alguma coisa?
- "Safado!" - finalizei e ainda fiz questão de jogar um beijinho de leve, me despedindo.
O peão não disse mais nada, porém deu aquele sorriso bruto de cínico e virou o rosto como se nada tivesse acontecido. Entre as coxas, uma ferramenta avantajada e inconsolada por mais um episódio de ereção sem resolução final. Com o delicioso deslizar das engrenagens que movimentam o subúrbio, os curtos segundos foram destravando e retomando a velocidade natural de como as coisas funcionam na prática diária. Nossos olhos não tornaram a se encontrar, deixando em mim aquela forte sensação de ter passado por um mero relance único entre homens. O tráfego conflituoso começou a descomplicar pouco mais à frente, trazendo novamente tudo de volta ao tempo e espaço normais e desfazendo o vislumbre. O trânsito fluiu e a vida retornou à devida rotina, assim como todos nós fazendo parte dela. Mas e quando observar a masculinidade é parte da rotina? Nada de novo sob o mesmo sol de Subúrbia, que continuou passando pela janela da minha condução e me deixando pensativo quanto a todos aqueles homens também passando pelo campo de visão. No subúrbio é assim, as cabeças esquentam, os olhos ficam a mil e qualquer sinal fácil aflora livre entre machos, tudo num piscar de olhos ou num estalar de dedos, procurando por marmanjos desinibidos e largadões que sejam genuínos atores dessas cenas homoeróticas. "Stop. A vida parou. Ou foi o automóvel?"
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Nascido e criado no morrão, Marlon estava totalmente desacostumado com a cultura do asfalto, principalmente depois de ter que se mudar para Subúrbia. Cabelo curtinho e descolorido, bigode fino e safado, pernas peludas, pele cor de chocolate, jeito de largado e sem qualquer compromisso com uma vida regrada. O mavambo era uma controversa e deliciosa mistura entre o físico de suburbano malandreado e o comportamento de molecote que só quer ser livre, sem muitas rédeas e correntes em cima de si. O mundo era seu e AI de quem o dissesse que não. Não tirem os olhos de Marlon!
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1. André Martins está vivo e ele mostra a cara lá no instagram @cafucaria às vezes!
2. O wattpad removeu todas as minhas obras e por isso eu não posto mais nada lá. A partir de hoje, uso a CDC e também este blog, que é inclusive onde pretendo ilustrar SUBÚRBIA.
3. No dia 20 de outubro foi aniversário de 2 anos da minha primeira postagem como André Martins, então parabéns para todxs nós!
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+ e-mail: andmarvin@yahoo.com
Ç O K O H O, mais uma obra que relata parte de minha vida de observador alheio de homens, bonitos ou não, homens, cada qual com seu atrativo. Te amo meu escritor favorito!
ResponderExcluir<3
ExcluirMais uma obra divina!
ResponderExcluirGozei...... Mas bem, obrigado por seu retorno, seus contos tendem a provocar em mim um sentimento piranho que nem eu mesmo sei se tenho...
Excluirauhauhs bom saber disso! não tire os olhos!
ExcluirLi os três episódios que narram o nascimento de Subúrbia (Histórico, Peão e Boneca), e resolv voltar atrás pra rastrear onde começam os contos. Parabéns pela narrativa envolvente e bem escrita! Me deixou intrigado que no final, você coloca trechos sobre o Márlon. A ideia é compreender o seu destino aos poucos, depois do conto Boneca? Curioso pra saber.
ResponderExcluirVocê vai ter que esperar pra saber hahahahaha :p
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